sábado, 1 de dezembro de 2012

A verdade nua e crua


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Sobre fantasmas e bruxas



Terminamos Outubro com um dia das bruxas importados e uma reclamação em massa a respeito, de um lado o grupo intelectual (do qual faço parte) dizendo que a cultura nacional é que deve ser privilegiada e de outro o meio Cristão abominando a prática como movimento de heresia e entrega total ao demônio e sua corja.

Mas reclama-se do dia das bruxas ontem e, amanhã, temos o dia de finados para homenagear quem? O morto! O engraçado é que até o morto vende, porque todas essas comemorações não passam de puro e simples aquecimento do comércio. E claro, para o brasileiro tudo acaba em samba.


Então, o único fantasma e bruxa que tem me assustado é os que eu tenho que enfrentar todos os dias da vida. Preciso fugir do fantasma da não superação de si mesma. Expulsar a bruxa dos objetos que pagamos caro e que duram menos do que o próprio prazo de garantia.


E o fantasma do afastamento emocional porque estamos tão grudados, tão conectados 24 horas por dia via facebook, então, para quê contato pessoal? E a bruxa do sexo via torpedo? Motel está caro, porque não trocar umas mensagens picantes por celular, imaginar como seria e deixar por isso mesmo?


Portanto, bruxas e fantasmas é que não faltam nessa modernidade que vivemos, porque comemorar eles? Prefiro comemorar gente na praia que está muito quente e comer um churrasco ao invés de travessuras e gostosuras que são balas, estragam os dentes e não alimentam! É claro que com tanta bruxa e fantasma eu estou de mau humor e não posso deixar de criticar a massa que vai atrás sempre de cultura enlatada e imposta. #prontofalei.
Margareth Sales






segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Em 2008 fiz o vestibular para minha graduação como Pedagoga, a redação foi a que segue abaixo. No momento estou estudando para uma segunda graduação, parar nunca! Como forma de estudo fiz a mesma redação agora com outros ponto de vista. Porque resolvir colocar as duas redações no blog? Para provar um ponto, ou seja, como seres humanos somos paradoxais e capazes de concordar e discordar com o mesmo ponto de vista, apenas dependo do ângulo que estou vendo...
 
É possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude?

Ao discorrer sobre tema tão polêmico há que se inferir a respeito das características inerentes a este sentimento, se para Frei Betto a inveja é: "a tristeza de ser o que se é" em contraposição a Machado de Assis que diz: "A inveja virtude principal, origem de prosperidades infinitas; [...]". Isto posto, coloca-se a questão se é possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude? 

Levando em conta que a inveja é a tristeza de ser o que se é, isto pressupõe uma total insatisfação que via de regra, só poderá levar a uma angústia pessoal sem proporções e, consequentemente ao sentimento que sendo uma virtude pessoal se tornará a origem de prosperidades infinitas. E que prosperidades são estas? Prosperidade de se ter o que o outro têm, cujo preço é uma busca incessante e cansativa atrás de um desejo que logo que o consegue é substituído por outro. Prosperidade, também, ao se colecionar amigos, que também pressupõe um preço, no caso o de se ter a quantidade, sem a qualidade. Estes são amigos que fazem número, não diferença!

Concluindo, é premente se discordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude, pois por mais que haja força em direção a construção de um projeto de prosperidade, o resultado é conhecido. Esse resultado não é outro senão a insatisfação pessoal, a ausência de profundidade nos relacionamentos interpessoais e, o mais doloroso, a solidão. 

É possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude?

De acordo com os textos expostos é possível se concordar com a ideia de que a inveja é uma virtude. Isso pode ser facilmente verificável quando se percebe a inveja como comportamento que impulsiona o sujeito a alcançar aquilo que almeja, mas que no momento não está ao seu alcance.

Dessa forma, mesmo que a inveja sobre esse olhar seja positiva há que se considerar que é preciso reconhecer também o seu potencial de destruição. Isso porque quando o sentimento de inveja apropria-se do indivíduo de forma a angustiá-lo diante daquilo que não possui, pode gerar um sentimento de destruição para com aquele que detêm o objeto do desejo. Essa destruição poderá ocorrer de duas formas: destruição de sei mesmo ou destruição do outro. A destruição de si mesmo ocorre quando há uma distância entre o desejo pelo objeto e a impossibilidade de conseguí-lo. Em contrapartida, a destruição do outro ocorre quando esse se coloca entre o desejo do objeto e a concretização desse desejo.

Concluindo, há que se diferenciar a inveja como virtude que impulsiona na realização dos seus objetivos e a inveja como forma de aniquilação por não se possuir a fonte do desejo. E nessa diferenciação perceber que a virtude preocupa-se com o que é bom, tanto para si mesmo, quanto para o outro. Portanto, a virtude preza pelo bem e sem virtude é o mal que reina. 
Margareth Sales

domingo, 2 de setembro de 2012

Exemplo de uma aula de ciências

Bem, não é só outras crônicas que meu blog divulga, ele divulga a minha arte, todo o meu trabalho criativo. Então, Setembro, estou postando a minha aula de ciências que fiz para o meu último estágio curricular. E, agora, oficialmente sou graduada em Pedagogia!



PLANO DE AULA

Escola:                                                                          
Assunto da aula: O mistério da ciência                      
Data:
Duração: 2 horas

Objetivos: - Conscientizar os alunos da importância da ciência;
- Ensinar como prevenir-se contra a picada do mosquito da dengue.

Conteúdo: A importância da ciência que investiga mistérios e resolve muitas questões humanas. Um desses mistérios é a descoberta de um mosquito perigoso, o mosquito da dengue. 

Procedimentos didáticos: Explicar que a ciência é muito importante porque descobre os mistérios da humanidade, desde um Quark até todos os planetas do universo. Apresentar o jornal e confeccionar o microscópio.

Recursos Materiais: Jornal confeccionado no PageMaker, vidro de enxágue bucal ou um copo com água.

Tipo de Avaliação: Produção textual, o relatório do detetive. Escrever o que ocorre com a dengue; onde ocorre, quem sofre a ação e quem realiza.

REFERÊNCIAS:

ARNOLD, Nick. Saber horrível: Monstros Microscópicos. São Paulo: Melhoramentos, 2007.

HORA, Dayse Martins; SANTOS, Erivaldo Pedrosa dos. Ciências Naturais na Educação 1. Volumes 1,2 e 3. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.

BRANQUINO, Fátima Braga; REIS, Maria Amélia de Souza; FERREIRA, Maria do Carmo. Ciências Naturais na Educação 2. Volumes 1 e 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Produção Textual: A relação de sentidos para Jovens e Adultos


A postagem desse mês é um resumo da minha monografia que foi apresentada no dia 04 de Agosto de 2012, para obtenção do título de Pedagoga. Foram 44 páginas, resumi aqui em 2!
 
1. A HISTÓRIA DA ESCRITA E DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
1.1 HISTÓRIA DA ESCRITA
A escrita surgiu, na pedra, para representar a fala. A partir daí era lida fora do contexto em que foi escrita, imortalizando a fala. Também era forma de lembrar valores e mercadorias. Quando a necessidade de escrever se expande, troca-se pedra entalhada por papiro. Mais leve e de fácil manuseio. Resultando em maior acesso ao material escrito.
Mais tarde uma nova superfície para a escrita se faz necessária, de forma que a palavra grafada pudesse ser levada para qualquer lugar. Criou-se o códice, escrito dos dois lados para virar e não enrolar. A grande revolução foi o papel, surgido da seda, mais barato, fácil transportar e manusear. O caminho natural dessa revolução foi a criação da imprensa. Chegando aos dias atuais tem-se uma série de tecnologias que culminam com as máquinas inteligentes.
Havia uma diferenciação entre escribas e população. Os primeiros detinham poder social.
1.2 BREVE HISTÓRIA DA EJA
A EJA é a modalidade de ensino que visa suprir a demanda daqueles que não concluíram a escolarização na idade dita como certa. A EJA tem sua história ancorada na alfabetização da classe popular. Mas no Brasil Colônia já existia educação de jovens e adultos com a catequização pelos padres jesuítas.
Apesar de ser constituída como reprodução da elite dominante, formação de mão de obra barata para o mercado de trabalho. A EJA é uma modalidade política com o intuito de prática de libertação do oprimido. A história conta também que aos poucos a modalidade foi passando das áreas rurais para as mais urbanas. O que se deseja é que a escola proporcione emancipação social e cultural para alunos EJA, ajudar o aluno a encontrar a sua voz.
2. A FUNÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA
            Se a função social da língua é comunicar algo a alguém o padrão culto da linguagem tem a intenção de permitir que isso aconteça sem ruídos. Dessa forma, também o professor deve usar o padrão culto para ser entendido e instrumentalizar seu aluno a se fazer entendido na linguagem.
            Dominando a língua têm-se acesso aos bens culturais da humanidade por meio da leitura. E essa leitura enriquece o aluno fazendo-o se entender e entendendo o mundo em que vive. A fala dá acesso ao que se refere ao mundo interior do indivíduo, ou seja, reforça a função social da língua transmitir algo a alguém. A escrita é o desdobramento dessa função.
            Socialmente o jovem e adulto precisa do padrão culto da linguagem para ascensão no mundo profissional ou, simplesmente para comunicar-se nele e se fazer melhor entendido.
2.1 A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA INFORMÁTICA E SUA RELAÇÃO COM A LEITURA E A ESCRITA
            Dominar a tecnologia faz com que o aluno EJA se sinta mais competente porque ele tem conhecimento da importância das TIC’s. A informática é uma ferramenta de inclusão social.
3. PRODUÇÃO TEXTUAL E A RELAÇÃO DE SENTIDOS PARA OS JOVENS E ADULTOS
            Mesmo que socialmente seja bom adquirir o padrão culto da língua, o aluno pode não se interessar em ler e escrever. Como proporcionar esse sentido? A primeira coisa a ser feita é demonstrar que escrever sua própria fala interna faz sentido, muda a história e liberta o sujeito para novas visões de mundo por meio do conhecimento. A aquisição do domínio padrão da língua, encontra-se sempre ancorada na realidade do aluno EJA, transpondo-se para uma realidade maior, a do conhecimento.
            Com o trabalho de se debruçar sobre a atividade do pensamento desdobra-se em capacidade para colocar esse pensamento no papel. Não esquecer que o professor é modelo de reflexão para o aluno. E não há como fugir da realidade de que se pensa por associação de idéias, mas o ser humano é capaz de ir além e criar algo novo do resultado dessa associação.
            Sabendo-se que o processo do pensamento para a língua escrita não é tão intuitivo. Uma única palavra semanticamente possui várias significações, ancoradas à cultura e ao indivíduo. A escrita é um treino artificial, a escola tem essa função, treinar a escrita. Com o treinamento esse caminho entre pensamento, fala e escrita se torna mais fácil, até aperfeiçoar-se que claramente levará a vida toda.
            Se há conhecimento do que se quer escrever, escreve-se. O que acontece é que esse aluno ainda não sabe o que dizer. E para tal o professor precisa fazer com que o aluno EJA seja capaz de reescrever o mundo interior, as próprias idéias para elaborar novos sentidos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996.

DIAS, Cláudia Augusto. Hipertexto: evolução histórica e efeitos sociais. In: Ci.Inf., Brasília, v.28, n.3, p.269-277, set./dez. 1999.

FISCHER, Steven Roger. História da leitura. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

FOCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2008.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 50 ed. São Paulo: Cortez, 2009.

______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

______. Pedagogia do Oprimido. 45 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FREITAS, Maria de Fátima Quintal de. Educação de jovens e adultos, educação popular e processos de conscientização: intersecções na vida cotidiana. In: Educar, Curitiba, n.29, p.46-62, 2007.

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. (Orgs.). Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. 11 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2010.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed.34, 1999.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

MORAES, Raquel de Almeida. Informática na Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
MOURA, Maria Lucia Seidl de. Estudo psicológico do pensamento: de W. Wundt a uma ciência da cognição. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997.

PELLANDA, Nize Maria Campos; SCHLÜNZEN, Elisa Tomoe Moriya; JUNIOR, Klaus Schlünzen. Inclusão Digital: Tecendo Redes Afetivas/Cognitivas. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

RIZZATTI, Mary Elizabeth Cerutti. Implicações Metodológicas do Processo de Formação do Leitor e do Produtor de Textos na Escola. In: Educação em Revista. Belo Horizonte. n.47. p.55-82. Jun. 2008.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Lingüística Geral. 28 ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

______. Pensamento e linguagem. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Despedida



É lugar comum sabermos que a vida é feita de ciclos, ciclos que vão e que voltam, ciclos que se expandem e seguem vida a fora, ciclos que se fecham para que outro se inicie. E é desse último ciclo que vou falar. O maior ciclo que enlaça e contém todos os outros é o ciclo da vida que começa no nascimento, se estende ao crescimento e finda na morte. O grande ciclo da vida é feito por um montão de outros ciclos que determinam, no final de tudo, no meio de tudo ou entre dois momentos, se o que foi vivido foi bom!

Um desses ciclos é a primeira graduação, aquela que também nunca esquecemos. Dura em média de 4 a 5 anos, algumas mais outras menos. A questão do término, fim desse ciclo chamado graduação é que desemboca, também, em uma crise de maturidade. Porque geralmente é a passagem da adolescência para a vida adulta ou, talvez, de um comportamento descolado para um comportamento adulto.

Geralmente, o comportamento mais equilibrado é o de se despedir com carinho e felicidade porque apesar de tudo de bom que se viveu, um novo caminho se abre, com novas propostas. Então, see você for, não me achara mais lá, caminho outros caminhos, pois lá finalizei, costumo finalizar o que começo, nada deixo para trás, nada fica pelo caminho.

Uma vida ficou para trás e outra desponta, mas muitas vezes o medo do novo, faz com que tentemos segurar a todo custo o modo de vida que se finaliza. Uma nova vida com todo o tempo do mundo, não dá para parar no meio do caminho é preciso seguir em frente, continuar rumo a propostas novas que a vida oferece. Mas ao final de um estágio muitas vezes temos a falsa ilusão que terminou aqui, que não há nada de novo no futuro. Por isso, algumas vezes não queremos romper, dar o próximo passo.

E é nesse momento que surge a fase mais difícil, daqueles que se despedem, porque se despedir de algo que foi bom é muito mais difícil do que aquilo que nunca funcionou. Para La Taille (1992, p. 89): “[...] identificaremos a formação de uma tendência a que poderíamos chamar de “circuito perverso” da emoção: a de surgir nos momentos de incompetência, e então, devido ao seu antagonismo estrutural com a atividade racional, provocar ainda maior insuficiência”. Ou seja, é um momento que não damos conta racional de nada, só o sentimento de incerteza nos domina. Mas é nesse processo de mergulho na emoção sem nenhum contorno racional, que se cria as instâncias racionais para atuação no palco futuro da própria existência.

 Isso só significa que despedida é um momento de ruptura, e como tal de crise generalizada, que leva muito mais a emoções do que a comportamentos racionais. Construindo assim um sujeito mais equilibrado e saudável, mas que nesse processo de equilibração permeia-se por atitudes que para La Taille (1992, p.95) são: “[...] estados passionais momentâneos, cansaço, intoxicação [...]”. O que o autor (1992, p. 97) continua demonstrando é que: “A apreensão de si mesmo parece tão fugaz quanto uma bolha de sabão, ameaçada pelas simbioses afetivas, pelos estados pessoais de emoção ou mesmo de mero cansaço”.

O sentimento então que fica é se esconder de tudo e do mundo, talvez quem sabe se aconchegar em algum ombro especial. Mas tudo vai se equilibrando e se ajeitando e quando menos esperamos, o passado é rompido, definitivamente e uma nova vida começa. Agora, uma vida adulta, a vida de um profissional formado.
Margareth Sales

BIBLIOGRAFIA

LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A bipolaridade de cada um


Realmente existem pessoas que sofrem demais com uma doença que se classifica como distúrbio de humor, mas não é dela que quero falar aqui, pois não há nenhum teor científico nesse texto, apenas reflexões de múltiplas realidades que as pessoas vivem.
 
Então, falarei sobre a bipolaridade característica de comportamentos, talvez, mimados, pessoas que mudam de humor a todo instante porque ninguém nunca as tenha confrontado. O mais interessante é que essas pessoas não estão percebendo que o fazem, minha hipótese é que tais pessoas pareçam ser extremamente sóbrias e maduras. Mas é nessa cobrança de ser a pessoa equilibrada para a sociedade que desembocam em desequilíbrio e cobranças para com os outros que o cercam.
 
Pessoas que acharam que resolvido as crises inerentes a passagem da infância, adolescência para a idade adulta e não se revoltaram. então resolveram todas as questões foram resolvidas com maestria e nada tem a temer, pois aquelas dores não voltarão. Só que o comportamente grita que há algo errado. Que existem questões ainda a serem revistas.
 
Não acredito que Freud tenha desvendado o mistério humano, a ciência ainda tem muito que apresentar, mas sei que ele muito contribui para o conhecimento e revelou de verdade algumas estruturas básicas de formação do sujeito. Alguns rechaçam essas ideias, outros as idolatram, prefiro ficar no meio dos dois grupos e dizer que durante minhas leituras de mundo tenho visto as etapas psicanalíticas cumpridas a risca, sem tirar nem por.
 
E como eu tenho observado algumas dessas pessoas em ação fiquei tentada a escrever sobre o processo. Como uma forma de sedimentar o conhecimento, literário, que tenho do assunto, não com uma visão científica, mas pessoal de leitura de mundo e de leitora de livros psicanalíticos. Então, aqui não é um diagnóstico, é uma narração.
 
Nessa narração sobre comportamentos não diagnosticamente bipolares, mas eventualmente ou com algumas característícas da bipolaridade posso apontar também a perfeição. Perfeição? Em um mundo de imperfeitos, neuróticos e surtados como o nosso? Não alguma coisa não “cheira” bem. Então essa grande neura em cobrar-se perfeição ou cobrar dos outros a mesma, parece uma espécie de controle neurótico sobre o universo desagregador.  A cobrança extrema de uma posição de perfeição é um sinal de alerta que precisa ser revisto imediatamente. E eu disse desagregador anteriormente, porque alguém que tenta controlar com essa força o exterior é alguém que já se partiu em mil pedaços e não se deu conta.
 
Haja vista que quando você é cobrado a esse nível, a pessoa em questão entrou em outro processo também muito bem falado por Freud a assimilação do objeto. E aqui creio que a pessoa assimila a outra tentando anulá-la para não dar conta de um outro ponto fora de se mesmo que desagrega do todo. Então, não é mais fácil engolir o objeto e obrigá-lo a ser dócil fazendo parte de um todo coerente?
 
Finalizando, ninguém está na linha da normalidade, não existe nem tal linha. Depois, ninguém é sóbria e madura o suficiente, o mais sóbrio e maduro tem suas crises de infantilidade e é só deixar fluir. Não resolvemos todas as questões tão bem apontadas por Freud da infância, vamos reviver sempre algumas angústias, a questão é a intensidade, ou a variação de humor. Então, mudanças de humor são normais, variações bruscas em pequenos intervalos de tempo precisam ser revistas, aí cabe a cada um perceber a diferença entre um e outro.
Margareth Sales

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre os amigos “Orkut”


Amigos Orkut são aqueles que trabalham junto com você, freqüenta a mesma academia, associação religiosa ou, até, são seus clientes e já se denominam amigos. Como se amigo estivesse ligado ao fato de diversão contínua... Se assim fossem, os palhaços seriam grandes amigos!
 
É claro que hoje os amigos já são facebook, mas deixo a denominação de orkut que foi o momento social onde pessoas associam sucesso ao fato de terem um maior número de amigos vinculados a uma rede social. Há que se perceber que apesar de ser um comportamento supostamente adolescente, pois a maturidade deveria estar para além desse comportamento, porém nem sempre é assim! São pseudo-adultos buscando preencher o grande vazio interior que denomino de falta de amor de base.
 
Falta de amor de base é quase uma epidemia na modernidade, acredito que também tenha sido assim em tempos antigos, mas é nos tempos contemporâneos que sentimos a força desse comportamento. Porque não sentir-se amado acaba por impor, para alguns, em um comportamento de mostrar-se amada por todos e, na verdade, não se agrada a todos e, principalmente, não se é amados por todos.
 
O máximo dessa demonstração superficial de amor é a loucura de se ver com uma quantidade cada vez maior de “amigos” na relação das redes sociais. Mas lembre-se não é complicado aumentar o número de amigos em redes sociais é só ir adicionando indiscrimidamente. Dependendo do seu perfil é capaz de conseguir quase 100% de adesão em seu profile.
 
Essas pessoas acabam por acreditar de verdade que pode-se beneficiar do famoso ter ao invés do ser. Imaginando que enquanto não se é, pode-se muito bem viver com o ter, isso não é verdadeiro e é fonte de frustração emocional profunda, ao ponto de se perder no caminho.
 
Imagino qual a importância cósmica de se adicionar 300, 500, 1000 amigos quando se sabe que quando se tem dois, já somos mais que vencedores. E olha que dá trabalho administrar esses! Não estou também dizendo que agora vocês devem sair excluindo todos os contatos em redes sociais, reduzindo à meia dúzia e dizerem que amadureceram e que possuem uma relação mais equilibrada com a vida. As redes sociais servem para estarmos conectados com um maior número de pessoas, socialmente isso é bom! O que não é bom é acreditar que todos esses números são amigos verdadeiros, de uma forma ou de outra até podem ser considerados amigos, mas de ambientes específicos, não de todos os momentos.
 
Então a questão é falsear sentimentos, verdades, assumir para os outros que todos aqueles amigos que estão em sua rede social, convivem mesmo com você. Ou talvez, acreditar que em um momento de crise verdadeira esses contatos redes sociais estarão ao teu lado para apoiá-lo, o máximo talvez que consigam seja um comentário, como parte de uma atitude humana com a alteridade, mas nunca como prova de amizade real.
 
A amizade real é aquela que é forjada nas brigas, nos desentendimentos, mas que mesmo assim não se separam porque há um laço maior de carinho e de amor. A amizade verdadeira é feita de desacordos, mas de companheiros, de brigar juntos as mesmas brigas, de não deixar que o outro fale mal daqueles que amamos. De verdade a amizade dá sentido a vida e o que preenche a vida, quando tudo vai embora, a amizade sempre fica!
Margareth Sales

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fluctuat nec mergit


A verdade é que se você consegue manter-se sobre as ondas, você não é engolido por elas. Mas também essa é uma frase perigosa que pode conter em seu cerne uma dubiedade muito grande que desdobra-se em um comportamento paradoxal.

Vamos a explicação, se lhe foi arrancado as escolhas e agora em um momento de maturidade percebe que são exatamente essas escolhas cerceadas que você deve optar, o caminho que se faz é sim o caminho de se manter sobre as ondas. Mas aí entra a dubiedade, porque ao fazer as piores escolhas possíveis dentro da sua realidade, você acaba por encorrer no outro lado de uma mesma moeda. É uma outra forma de se deixar calar, pois antes era a supressão do direito de ser, agora também o é, somente com outra roupagem. Porque o que eu quero é a minha realidade interior, opor-se a essa realidade para fazer frente a oposição do outro e um movimento de retorno a adolescência.

O crivo é paz, onde está a paz? Sentir-se bem é totalmente diferente de sentir-se bem e mal, diferente também de só sentir-se mal ou não sentir. Há que ter muito cuidado, pois quando se pensa que está rompendo uma adolescência você está exatamente repetindo os mesmos processos que te levaram ao atual estado. Não se percebe isso porque há uma divisão mental, e perceba que mentes extremamente habilitadas são capazes de criar uma realidade imaginando que esta iria romper com a realidade angustiante existente. Mas de verdade apenas cumpre-se o destino traçado na ponta de um chicote do dominador de sua individualidade. 

Nascemos solitários e fazemos um imenso movimento de preencher essa solidão, para isso a cultura nos apresenta o outro como fórmula de preenchimento. Não posso negar que sim, precisamos compartilhar e a ida solitária é extremamente dolorosa, mas também não posso fechar os olhos e deixar de reconhecer que estar sozinho em um período é a forma mais madura de ser. 

Então, romper com as possíveis escolhas erradas não é escolher o que a alma tem por elemento fastiante. Sim há uma diferença bem clara na questão, opor-se a uma escolha como forma de manutenção de uma solidão ou uma imaturidade constante ocorre quando se nega as pessoas e situações possíveis. 

Transformar impossibilidade em suposta possibilidade para referenciar-se como aquela que rompeu barreiras é muito diferente de deixar possibilidades reais entrarem, essas que sempre tiveram ali, mas que se tem como normal. Por isso, que pode-se manter sobre as ondas quando não se é engolido por elas, mas quando a vida está dando caixotes, quando é muito água salgada para engolir e os momentos em cima das ondas são mais raros, é preciso repensar. Olhe direito, veja se é isso mesmo. 

Se fosse só sentir paz, mas sempre tem mais. Você quer está ai mesmo? Ou apenas está indo porque não pretende estabelecer resistências, pois resistir é cansativo? Observe se o que parece certo porque não oferece perigo contém o erro exatamente nessa premissa, viver, ter o melhor da vida pressupõe riscos. Pense também sobre esse olhar, tudo que é importante em nossa vida temos medo de perder, não é? Há uma diferença entre gostar de brincar com o perigo e tentar não correr risco algum!
Margareth Sales

quinta-feira, 1 de março de 2012

Sobre os ídolos

Já pensou que a pessoa que você mais idolatra é a pessoa que mais tem defeitos dentro todos os seus relacionamentos afetivos? Já pensou que quando você ataca a alteridade com tanta voracidade você está apenas querendo destruir o pai da horda? Já pensou que seu ídolo tomou todas as mulheres para si e te deixou a ver navios?

E outra, toda vez que seu ídolo não tem defeitos, significa somente que você ainda está atrelado a uma adolescência tardia que só se rompe quando reconhecemos e nos angustiamos com o tamanho dos defeitos do ídolo! A prova cabal dessa forma de imaturidade é deixar-se ser tocada pelas opiniões do ídolo quando contrapõe-se a sua realidade mais profunda, ou seja, você não vê de forma nenhuma desse jeito, mas é “obrigado” a reproduzir a assertiva do ídolo. Os meus heróis realmente morreram de overdose.

Note-se que quando fazemos ídolos temos o hábito de nos anular em função daquele outro e deixá-lo sempre sob os olhares dos holofotes. Em contrapartida, ninguém gosta de ser apagado a vida toda em favor do outro, então, cuidado, pode ser que você esteja tentando apagar a luz de alguém com ou sem intencionalidade consciente.

O ídolo para te conservar bem submisso ao lado dele pode estar usando do expediente dos elogios, você é bom, você é interessante. Mas note: você nunca é tão bom e nem tão interessante quanto o ídolo. Sim, o ídolo ele é o auge da sabedoria, ele realmente chegou ao nirvana, tudo conhece sobre o universo e pela sua postura ele é sempre o melhor, o mais perfeito, não há um só mancha em sua personalidade. E quando os ídolos se vingam? Às vezes eles fazem, por ciúme por não suportar perder ou ver aqueles que o idolatram dividirem a atenção que era só dele com outros. Esse artifício de vingança é mesquinho e, realmente, espezinham o outro até vê-lo derrotado e só conseguindo chances de se reerguer ao retornar ao ídolo.

Concluindo... Ídolos não são saudáveis, exemplos sim. No exemplo observamos mas não idolatramos e também sabemos que o nosso objeto de exemplo é falho. Portanto, que haja mais exemplos significativos e que os idolos se quebrem!
Margareth Sales

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O telefonema

Estava eu, tranquilamente almoçando na Vivenda do Camarão, quando sou interpelada por alguém que não vejo há uns 20 anos. Almoçamos juntas e em torno de uma hora já sabia tudo de sua vida, talvez até a cor da calcinha. Bem, sabendo ela da existência do meu blog, pediu insistentemente que eu publicasse e destrinchasse o telefonema do jeito que fiz naquele sábado. E como eu não gosto nada de colocar uma lenha na fogueira na briga entre os sexos, segue o teor da carta e o aconselhamento leigo:

Oi, quero te ver antes de terminar o ano é possível?
Temos duas possibilidades, ou é um cara legal que realmente quer terminar o ano em grande estilo, revendo alguém que gosta... Ou é o ex dessa minha antiga amiga que percebeu o banha-maria e que não era tão mais importante assim, pois estava sendo apenas usado para preencher um vazio. Isso porque? Comumente a raça masculina, sendo caçadora nata, percebe que a presa está a quilometros de distância de sua garras, então adotam a postura de sair da zona de conforto, dão um salto, mas não em ato, somente em palavras, mexendo com imaginário feminino que foi criado pela cultura. E aqui especificamente, o imaginário feminino está atrelado ao desespero de ver alguém antes da virada do ano, supõem ser o auge do romantismo.

Estou perto, não dá para a gente dar uma fugidinha?
Incentivo ao lado aventureiro e romântico de algumas donzelas em perigo (será?). Se não fosse um jogo o mais maduro seria, vou te ver, ponto! Dude (Cara, em inglês), que tipo de mulher esse meliante anda conquistando? Porque se for uma mulher mais madura ela tem conhecimento que festa de final de ano faz parte do insconsciente coletivo e usar a frase “quero te ver antes de terminar o ano é tão clichê que a pessoa do outro lado deve estar rindo e colocando o telefone no viva-voz para as amigas, fazendo sinal de L na testa (em inglês perdedor, traduz-se por babaca também).

Eu estou com vontade de dar um pega maneiro em você...
Isso é legal, mas se você preparou toda essa estratégia no final de ano para pegar o objeto dos seus desejos, talvez não seja porque você tentou o ano inteiro e não conseguiu? Se for isso... e a mulher te enrola dizendo que você é gostosão, que adoraria ficar sozinha só vocês, ela está te cozinhando em banho-maria e zoando com tua cara. Há muito tempo ela “caga e anda” para você. Agora será que a culpa é dela? O que você fez, provavelmente foi um manezão, né?

Mas se não der, eu não tenho pressa...
Agora, estou com pena de você, a mulher só te veta e você igual a um cachorrinho. Mas tudo bem, a pena vai acabar, sei que nas próximas falas você vai aprontar... Mesmo se você dizesse que comprou um presente especial, tipo: óbvio que ela não está nem ai!

Você me faz muito bem...
Frases de efeito, são usadas por qualquer canalha da pior estirpe, que ver onde você acha frases igualzinhas a essa? Assista o filme Confiar, queridas moiçolas, vocês ficarão chocadas como é fácil usar frases de efeito e não se enganem, não são só as de 12 aninhos que caem. Isso porque uma frase dessas é real quando o contexto é real, o crivo é, se a pessoa é capaz de repetir isso na frente de um público e, principalmente, se a recíproca é verdadeira, ele também te faz bem?

Estou me separando, mas está tudo bem, sem stress...
Good for you! Jogou as cartas altas. Mas se ela não for bobinha vai saber muito bem a diferença entre falar e fazer. E outra... Se você na realidade forjou um casamento pela enorme solidão que sente, ela também vai saber que essa separação já existia, só que só agora você resolveu abrir o verbo. Essa foi a frase mais canalha porque jogar alto como forma de subverter a decisão de uma mulher é canalisse à última potência. Não é mais fácil conseguir via escolha, quer... quer... não quer... não quer!

Então, esse foi o telefonema. Minha amiga, não foi ao encontro. Mas ao mesmo tempo, no final do nosso papo, ficou: preciso rever ele, poxa, você sabe! Meu filho, está morando no meu apartamento, porque eu cedi e eu vivo de aluguel, preciso conversar com fulaninho, porque ele sempre deu jeito no meu filho. Sem ele, nem sei como fazer para botar rédea curta no meu filho. 

Sinto dizer querida amiga de anos atrás, essa frase é subterfúgio para se encontrar com o carinha do telefone. Lembro de uma época em que pensei que iri ficar a vida inteira dependente daquele que me ensinou montagem e manutenção de computadores, ninguém era tão bom quanto ele! Nadaaaa... Hoje, quem cuida de todos os computadores da minha casa sou eu e exclusivamente eu. Então, meu recado final: seu filho é o seu filho, ninguém melhor para cuidar e dar limites do que você mesma! Agora se quiser dar uma voltinha com o meliante do telefone, a decisão é sua!
Margareth Sales

domingo, 1 de janeiro de 2012

Férias



Amigos e Fãs, 

Gostaria de esclarecer que o mês de Dezembro o blog entrou de férias, e como também sou professora, quero dizer que retornaremos só depois do Carnaval. Para os que me seguem foi um excelente Dezembro, com meu aniversário de 41 anos, o Natal e nesse momento o Ano Novo que estamos comemorando, por sinal está sendo excelente!

Então, abraços e nos vemos depois do Carnaval. Nesse interim, confiram as postagem anteriores, há muita coisa boa que sei que todos irão amar. Afetuosos abraços e desejos de Próspero Ano Novo.

Margareth Sales