segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O leitor




Achar alguém que se interesse pela leitura nesses tempos sombrios ou mesmo em regiões periféricas e algumas metropolitanas é uma raridade!

Não é que acabei esbarrando em uma dessas espécimes raras!!! Ele pegou meu material de leitura e deteve-se em ler partes. Fez perguntas quanto ao processo de escrita, a construção dos textos etc. Todas aquelas perguntas que um escritor está seco para ouvir...

Diante disso, minha decisão é enjaular tal raridade... Colocá-lo em uma redoma de vidro, alimentá-lo com o sol da minha existência. Isso porque é quase uma regra o escritor ser egocêntrico. Achando-se o sol daqueles que podem ser chamados de leitores.

E por esse motivo não posso exibir minha presa por aí. Se alguém descobre essa existência por essas bandas, vai ser pior do que a fila de lançamento do Iphone mais moderno!

Escritores buscam leitores, sempre! Vejo alguns grupos que se reúnem para lerem, principalmente, poesia para seus supostos públicos. Contudo, o público alvo são estes mesmos, isto é, os próprios poetas leem para outros poetas sua obra. ESCONDE O MEU LEITOR! A grande falácia dessa situação é que na realidade o público alvo não presta a atenção... Ler o seu texto escrito é sim uma das formas de divulgação da sua obra, principalmente hoje com as modernas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Contudo, é mais fácil jogar na rede o texto lido do que fazer com que um grupo em um sarau, realmente, preste atenção ao seu texto! "Mentira eu estou mentindo, não tenho um leitor não (falando baixinho, se esconde aí, meu leitor)". Por outro lado, talvez essa seja a opção viável para um autor divulgar sua obra. Então... Dá-lhe correr atrás do leitor! 

A nova moda agora para os autores são as feiras literárias! Embora seja, realmente, local onde a literatura ocorra mais do que em saraus, no sentido de comércio mesmo, ainda assim o alvo do escritor nem sempre acontece, isto é, nem sempre há um leitor, somente um comprador! As feiras tem acontecido, pois se incutiu o desejo modinha de se adquirir livros em feira. Competição lançada!!! Peguem suas armas! O comprador mostra a seus pares que atua de acordo com que a sociedade do consumo pede, adquirindo livros! Observe que trago verdades, mas que diante da crítica feita, como diz a música "Tô nem aí", sou a escritora que sustenta não somente a arte pela arte, mas a arte como motor profissional em que seja possível pagar as contas e não só! Está na hora, afinal século XXI da arte sair do estigma de marginalização e se profissionalizar sim! Por favor, tragam-nos leitores, pleaseeee!

Dito isto, as feiras tem atuado suprindo esse lugar do não-leitor, desse modo gera uma possível criação de leitores. É sabido pelo escritor, principalmente, aquele que vende que a matemática venda = leitor não é um dado! Nem todo comprador se configura em um leitor. Contudo para um desesperado autor nesses lugares cria-se a esperança de que se forje leitores...

Da minha parte, tenho angariado meus leitores, processo formiguinha: carregando meu alimento à princípio, mas com os novos espaços de atuação, começa a se tornar exponencial. Digo isto porque comecei a crônica em uma quarta-feira, quase como a mulher do médico no Ensaio sobre a Cegueira ao encontrar um porão de um supermercado cheio de comido, no qual a zumbilândia cega não conseguiu chegar, SAI DO MEU LEITOR!!! Todavia, depois da feira que subi ao palco para ler minhas crônicas e identifiquei no olhar do público LEITORES, nada me segurou ao descer do palco, fui atrás do meus leitores, tendo como feedback queixos caídos e o conhecimento de que tenho em minha escrita um diferencial e isso me envaidece. Só posso agradecer por fazer um trabalho (essa é a minha parte) que cai no gosto do público (essa é a parte do leitor que tem querido me ler!). Thank youuu!

Margareth Sales