quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quadrinhos

Há muitos anos atrás, mais ou menos em 1997, eu dava aula de CorelDraw em um Curso de Informática. Fiz isso, durante muitos anos. Então, preparei esse quadrinho ao lado, para ensinar a trabalhar com as ferramentas do programa. 

Mais tarde, escrevi um livro de informática, com todas essas aulas, nome do livro: O processo de aprendizagem nos dias de hoje. E no livro, no capítulo do CorelDraw coloco os mesmos quadrinhos.
Hoje, há um semestre de minha graduação em Pedagogia, estudei uma matéria chamada Imagem e Educação. Assim, sei que também na imagem há leitura.

Então, resolvi mexer nesse material novamente e apresento o quadrinho para leitura e divertimento. Boa Leitura!
Margareth Sales

Receita para ser um bom professor



Bem, senhores, vamos a receita para ser um bom professor. Primeiro, ops: Não têm! Não há receitas para ser um bom educador, um bom professor. Sim, é claro que eu pessoalmente prefiro um professor lúdico, no caso, eu ser uma professora lúdico. Como aluna, gosto de todos, contanto que saibam o que estão fazendo na profissão.

Digo que saibam o que estão fazendo, porque já tive professores que liam sem parar o texto, amo ler, gosto de ver pessoas recitando, agora ler sem parar um texto e fechar como se isso fosse aula?! Por favor, isso realmente é querer enganar um aluno. Então, ser um bom professor é ser professor, ensinar, dar aula, metodologia é apenas o caminho como esse bom professor realiza a sua aula.

Isso significa que não é bem o caminho que é o primordial, claro que caminhos precisam ser refeitos quando se anda sempre no mesmo local, somente para arejar, mudar os ares. Como eu disse, gosto de ser lúdica quando dou aula, mas não significa que aquele professor sério, não seja excelente também, por mais modernos que sejamos, uma aula expositiva não perdeu seus encantos. Mesmo que seja só a exposição de conteúdos, não perde o seu valor ao ter como expositor um professor que conheça e goste do assunto, isso já faz uma boa aula.

Bom, é isso, sem receita, mas com dedicação e amor a profissão. Só o que me causa pesar é que para ser um professor ruim é que existe receita, e por sinal muito fácil de ser elaborada. Para ser ruim, bastar não gostar do que faz, torcer para que tenham vários feriados, jogar o corpo cansado na cadeira, menosprezar tudo o que outros professores estão fazendo e funciona, entre tantas outras ações. E o pior: é que tem aluno que não consegue perceber que esse professor já deu o que tinha que dar, só resta desejar-lhe boa aposentadoria e tchau, com grande esperança de que os bons permaneçam!
Margareth Sales

Normalidade


 
O que mais me choca na “suposta normalidade” de um ser vivente é que ele se vale dessa condição por meio do rebaixamento ou, anormalidade de outro. O que esse ser humano que se julga o mais equilibrado entre outros serem viventes não aprendeu ainda é que: NORMALIDADE NÃO EXISTE!

A realidade que ninguém quer trabalhar com o diferente, seria muito mais fácil se todos fossem iguais, não há esforço nenhum nessa relação. Não se defendem opiniões, não há exaltações, mas também a relação fica totalmente sem graça, em função da mesmice.

Reforçando, sinto te decepcionar, você que se acha normal, você não é! Se você associa a normalidade ao controle emocional, de repente o que você acha que é controle é frieza, e não é normal o ser humano ser frio. Todo ser humano precisa de afeto e carinho, quando ele não se comove, não se mexe, não é impactado, é porque algo em sua infância ocorreu que fez com que com o amadurecimento ele fosse suprimindo emoções. Então, segurar emoções, fingir não sentir, não é normalidade. Claro que sentir demais também não é! Mas sentir, se irar, se transtornar, isso sim é normalidade, pois cabe ao ser humano essas manifestações em hora e momentos apropriados.

Para definir bem a estória da normalidade é só observar que os grandes gênios foram sempre considerados loucos. A realidade é que essa aparente loucura, tem um nome, chama-se criatividade. Para aqueles que são criativos, nada é normal, e se for, os criativos tratam de mudar a ordem das coisas. Normalmente, temos um dia igual a outro, quem agüenta? Os criativos alteram essa ordem e trazem dias diferentes, mais reais, mais coloridos, mais vivos.

Que me desculpem os normais, mas tenho pena deles. Os que conheço, não são normais, pensam que são. São rasos, debochados (pois há diferença entre deboche e sarcasmo, o segundo tira humor de situações), é! Esses mesmos, vocês também conhecem, riem do outro, não respeitam, querem minimizar todos que não fazem parte da própria panelinha.

E vamos ao ultimo ponto, tachar os outros de anormal é apenas uma forma de encobrir uma realidade que eles acham crescente: a própria anormalidade! No fundo, no fundo o que se considera normal, vê crescendo tanto uma anormalidade dentro de si e não conseguindo enfrentar projetam no outro a própria anormalidade. Assim, tentando encobrir algo que aos seus próprios olhos parece já ter sido visto por todos. Minha recomendação? Relaxe, deixe a anormalidade tomar conta e junte-se aos bons! 
Margareth Sales

Pedagogia Social


Estive pensando, talvez a primeira forma de Pedagogia Social tenha acontecido com Jesus. Em Mateus 5:1-11, diz:

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

Ao escrever sobre a Educação de Jovens e Adultos, logo de cara me veio a pessoa de Jesus. Acredito que ele como grande mestre (então posso chamá-lo de pedagogo, educador), preocupou-se em educar, guiar a população, pois os via com sem rumo, precisando de orientação.

Mas a Pedagogia Social, usando a analogia da área de vendas é a cereja pobre do bolo da Pedagogia. Faz-se toda uma educação voltada para os anos iniciais, desprivilegiando assustadoramente a educação de jovens e adultos. São inúmeros textos, materiais didáticos voltados para a educação de crianças, não há essa abundância de material para práticas educativas em EJA. Então, não é importante a educação do jovem e do adulto, e se não remeto-me a Darcy Ribeiro que em 1977 escreveu, segundo Gadotti & Romão (2010, p.42):

Quem pensar um minuto que seja sobre o tema, verá que é óbvio que quem acaba com o analfabetismo adulto é a morte. Esta é a solução natural. Não se precisa matar ninguém, não se assustem! Quem mata é a própria vida, que traz em si o germe da morte. Todos sabem que a maior parte dos analfabetos está concentrada nas camadas mais velhas e mais pobres da população. Sabe-se, também que esse pessoal vive pouco, porque come pouco. Sendo assim, basta esperar alguns anos e se acaba com o analfabetismo. Mas só se acaba com a condição de que não se produzam novos analfabetos. Para tanto, tem-se que dar prioridade total, federal, à não-produção de analfabetos. Pegar, caçar (com c cedilha) todos os meninos de sete anos para matricular na escola primária, aos cuidados de professores capazes e devotados, a fim de não mais produzir analfabetos. Porém, se se escolarizasse a criançada toda, e se o sistema continuasse matando os velhinhos analfabetos com que contamos [sic], aí pelo ano 2000 não teríamos mais um só analfabeto. Percebem agora onde está o nó da questão?

A EJA compõe-se de uma classe de pessoas onde tirou-se tudo e quando algo é dado, é dado como se fosse um grande favor e não direito da pessoa humana. Assim, não é um favor escolarizar jovens e adultos é um impositivo social, a educação deve ser para todos, usar a assertiva de que se não aprenderam na idade certa, não aprendem mais, é preconceito! Não há idade certa para aprender, aprendemos a qualquer momento e em todos os momentos.

Além disso, Darcy Ribeiro, estava errado, completamente errado, estamos em 2011, quase 2012 e o analfabetismo continua assustadoramente grande. E nem todas as crianças conseguem ser alfabetizadas aos 7 anos, ainda que todas precisem estar matriculadas em uma escola. E o que acontece? Passam anos e essa criança não lê e não escreve, quando fica velha demais é jogada para o turno noturno, ainda precisando ser alfabetizada.

Isso, só significa uma única coisa: não há como correr, o ser humano, tanto faz criança, adolescente ou adulto precisa de escolarização. Para aqueles que tem vocação para as crianças, que se ensine as tais e para os que amam os jovens e adultos que tenhamos o direito de trabalhar com esses. Porque do jeito que a EJA é desprivilegiada corre-se o risco de tentarem extinguir todas as escolas para adultos. Claro, que sei que isso não irá ocorrer, pois o mercado precisa desses adultos como mão de obra e como não se aprende a ler e escrever dentro do ambiente profissional, cabe a escola essa função.

Na realidade, uma função mais do que nobre e bonita, para quem ama a EJA, para quem ama ensinar. Pois ao educador não cabe preconceitos, é preciso receber qualquer aluno como ele vier e trabalhar, amar a profissão, fazer o melhor possível para escolarizar, letrar, esse jovem e adulto. Com boa vontade e amor pela profissão, tudo se resolve, garanto!
Margareth Sales

BIBLIOGRAFIA

A Bíblia

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. (Orgs.). Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. 11 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2010.

domingo, 30 de outubro de 2011

A língua em estado de coma

Há muito tempo atrás, pelo mau uso que se fazia da língua, essa entrou em estado de coma. A população ficou atônita: “como falar agora?” “Expressar nossas ideias, se a língua está em coma?”

Os linguistas, então, vieram investigar porque isto ocorreu. E investiga daqui, investiga dali: a conclusão foi que a língua estava sofrendo um grande empobrecimento pela total falta de experiências para serem depois simbolizadas pela fala.

A partir de então, o novo lema era: “vamos salvar a língua”! Não que só o padrão culto é digno de ser chamado de certo, mas...

A primeira prescrição terapêutica da língua era: leia pelo menos um capítulo do seu livro predileto todos os dias. Faça imersões culturais. Renove o vocabulário. Com essas três pequenas prescrições a língua já estava dando sinais expressivos de melhora. Agora cabe a você, fazer isso na sua própria vida, para que a língua não entre em coma novamente.
 Margareth Sales




A professora maluquinha nos dias de hoje


Acabei de chegar do cinema e fui assistir uma professora maluquinha e sempre me encanto muito que essa história do Ziraldo. Isso me faz refletir sobre o lugar da professora nos dias de hoje, não pretendo aqui reescrever Ziraldo, nem poderia, a professora maluquinha do olhar do autor está imortalizada e nada pode tirar-lhe o seu lugar. Mas para longe da imortalidade quero descrever a mortalidade dessa figura que teve um lugar especial no imaginário desse grande e criativo senhor por algum motivo. Qual seria esse? O papel de professora de uma época que não mais existe, uma época ingênua. É, a figura da professora que pretendo falar aqui se perdeu, pois o local da escola nos dias de hoje já se fala muito e sabe-se qual é: o de falida! De qualquer forma o filme também não retrata isso. Infelizmente até no imaginário popular sabe-se que a escola se encontra muito aquém do que deveria ser e, por esse motivo, podemos dizer que muitas vezes estaria falida mesmo.

Não deixo de me debulhar em lágrimas ao ler e agora ao ver a professora maluquinha e porque isso acontece? Porque especialmente para mim ser professora, ou educadora conforme prefiro chamar na reta final da minha graduação, para mim é a profissão mais linda. E a educadora de Ziraldo faz jus à profissão, demonstrando todo o afinco, amor e dedicação. Como dizia Vinícius de Moraes “onde anda você?” Onde anda essa professora que só por ter prazer em conhecimer não priva seus alunos das melhores roupas e do melhor sapato. Isso porque compreendeu que ser professora é estar linda para que seus alunos possam se espelhar e para sua própria autoestima. Sim faz parte de ser uma professora gostar de ser e estar bonita. Professor é referencial, ele é olhado e, como tal, precisa estar bem vestido.

A visão austera tanto na roupa quanto nas metodologias não tornam professores mais espertos ou mais proficientes na profissão. A liberdade, o se ter certeza que a aprendizagem acontecerá. Para uns mais cedo, para outros mais tarde. Que professora era essa do passado que tinha o respeito e a admiração de seus alunos? E o principal, a professora maluquinha era uma professora que lia e mais do que isso... Incentivava fortemente a que todos lessem, demonstrando a importância e o prazer da leitura.

Sim eu ouço de professores contra o lúdico no espaço educativo, é preciso entender duas coisas: professor que explora a ludicidade não é sinônimo de aula excelente e nem professor bom, mas a segunda coisa é: como um professor consegue repetir a mesma coisa quase 365 dias em um ano? O espaço lúdico não seria, exatamente, esse espaço para fugir da mesmice, do lugar comum? Claro, há personalidades que não suportam as mudanças, mas também por esse viés deveria haver uma revisão pessoal, pois as mudanças virão.

Não eram aquelas aulas esquematizadas em 25 anos de Magistério, não eram aulas que seguiam uma cartilha, mas eram aulas sobre o todo. Aulas sobre a realidade, sobre o que ocorria em suas próprias vidas, aulas que eram inventadas e reinventadas porque não havia o risco de perder o fio da meada, mas o conhecimento era o carro chefe, a base da aula, e qualquer coisa cheirava a conhecimento.

Há um mau entendido também com relação a função de ser professora, alguns ainda entendem que quanto mais séria, quanto mais mãe a professora é melhor. Muitas vezes, uma professora como a de Ziraldo seria tachada de adolescente, pelo frescor, pela curiosidade, pela esperança e confiança no conhecimento. Mas não só isso, hoje o professor ainda é visto como O professor quando diz desconhecer tudo que se refere a tecnologia. Como assim? Jogos, computador, tablets, smartphone, internet são ferramentas para a aprendizagem.

A minha conclusão do filme, de ser professora, do Ziraldo é que ele tal como eu teve uma ótima professora (eu tive várias ótimas). Então no mês do professor, no meu mês, quero dedicar esse texto a essa linda profissão que não é mais tão bem valorizada como antes, mas que não deixa de ser o que é. Porque somos aquilo que somos, mesmo que a alteridade não reconheça em nós isso.
Margareth Sales

Uma nova ordem mundial



Uma sociedade que impõe idas e vindas, impõe verdades, gostos, preferências pessoais. Conceitos fechados, regras rígidas, situações que não edificam, funcionam apenas como juízo de valor. Como se a vida se explicasse por meia dúzia de valores morais e nada mais houvesse a acrescentar e a fazer.

A grande questão é: e aqueles que não se encaixam nesses moldes? E aqueles que têm mais a oferecer do que formulazinhas prontas e acabadas? Para construir essa nova ordem mundial é necessário um mergulho muito fundo em si mesmo, um mergulho que talvez não tenha volta. Isto porque é só dentro de nós mesmos é que podemos identificar nossas verdades.

Há que ressaltar que muitas vezes nossas verdades não se coadunam com as verdades impostas pelo outro. Isso significa que é preciso maturidade suficiente para não passar pela vida copiando comportamentos.

Haja vista que a vida é muito mais do que os grandes arremedos, como se esses fossem a única e verdadeira forma de se estabelecer uma relação saudável com o todo. Sim há uma nova ordem mundial e, claro, muitos fecham os seus ouvidos para ela. Não há como se determinar mais que o comportamento X ou Y são o padrão, que tudo o que foge disso escapa a esse padrão e, portanto é tachado de anormal.

A vida hoje pressupõe uma infinidade de arranjos. Difícil adaptar-se? Talvez sim, talvez não. Mas pode ser que a grande dificuldade esteja ancorada na extrema falta de vontade de adaptação com o novo. Predispõe mais jogo de cintura, com certeza. Porque muitas vezes há que se ficar chocado com o que não faz parte de nosso referencial construído através dos anos.

Portanto, a nova ordem é desnudar-se, tirar a camisa da mesmice comportamental e apostar no novo. Isso trará em conseqüência saias justas? Provavelmente, mas trará também uma nova ordem mundial, muito mais significativa.
Margareth Sales