segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Em 2008 fiz o vestibular para minha graduação como Pedagoga, a redação foi a que segue abaixo. No momento estou estudando para uma segunda graduação, parar nunca! Como forma de estudo fiz a mesma redação agora com outros ponto de vista. Porque resolvir colocar as duas redações no blog? Para provar um ponto, ou seja, como seres humanos somos paradoxais e capazes de concordar e discordar com o mesmo ponto de vista, apenas dependo do ângulo que estou vendo...
 
É possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude?

Ao discorrer sobre tema tão polêmico há que se inferir a respeito das características inerentes a este sentimento, se para Frei Betto a inveja é: "a tristeza de ser o que se é" em contraposição a Machado de Assis que diz: "A inveja virtude principal, origem de prosperidades infinitas; [...]". Isto posto, coloca-se a questão se é possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude? 

Levando em conta que a inveja é a tristeza de ser o que se é, isto pressupõe uma total insatisfação que via de regra, só poderá levar a uma angústia pessoal sem proporções e, consequentemente ao sentimento que sendo uma virtude pessoal se tornará a origem de prosperidades infinitas. E que prosperidades são estas? Prosperidade de se ter o que o outro têm, cujo preço é uma busca incessante e cansativa atrás de um desejo que logo que o consegue é substituído por outro. Prosperidade, também, ao se colecionar amigos, que também pressupõe um preço, no caso o de se ter a quantidade, sem a qualidade. Estes são amigos que fazem número, não diferença!

Concluindo, é premente se discordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude, pois por mais que haja força em direção a construção de um projeto de prosperidade, o resultado é conhecido. Esse resultado não é outro senão a insatisfação pessoal, a ausência de profundidade nos relacionamentos interpessoais e, o mais doloroso, a solidão. 

É possível concordar com a ideia de que a inveja seja uma virtude?

De acordo com os textos expostos é possível se concordar com a ideia de que a inveja é uma virtude. Isso pode ser facilmente verificável quando se percebe a inveja como comportamento que impulsiona o sujeito a alcançar aquilo que almeja, mas que no momento não está ao seu alcance.

Dessa forma, mesmo que a inveja sobre esse olhar seja positiva há que se considerar que é preciso reconhecer também o seu potencial de destruição. Isso porque quando o sentimento de inveja apropria-se do indivíduo de forma a angustiá-lo diante daquilo que não possui, pode gerar um sentimento de destruição para com aquele que detêm o objeto do desejo. Essa destruição poderá ocorrer de duas formas: destruição de sei mesmo ou destruição do outro. A destruição de si mesmo ocorre quando há uma distância entre o desejo pelo objeto e a impossibilidade de conseguí-lo. Em contrapartida, a destruição do outro ocorre quando esse se coloca entre o desejo do objeto e a concretização desse desejo.

Concluindo, há que se diferenciar a inveja como virtude que impulsiona na realização dos seus objetivos e a inveja como forma de aniquilação por não se possuir a fonte do desejo. E nessa diferenciação perceber que a virtude preocupa-se com o que é bom, tanto para si mesmo, quanto para o outro. Portanto, a virtude preza pelo bem e sem virtude é o mal que reina. 
Margareth Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário