quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dança das espécies


Conheci durante a minha vida, pessoas com a capacidade de agregar, de trazer para si o grupo e cuidar dele, em contrapartida conheci tantas outras com a capacidade contrária a estas que desagregam e estabelecem uma condição de viver como um ermitão, ainda que componham um grupo social. Diante disso, também vi o agregador (a) trazer para dentro do seu grupo o solitário ermitão e este se senti tão confiante que tenta reunir o seu próprio grupo. Haja vista que ele é o ermitão solitário por contigências da vida, nunca por uma escolha saudável.
Não foi há muitos dias atrás que vi essas duas espécies de pessoas travarem uma luta feroz. Do conhecimento que tenho do público em questão, percebi antropologicamente, que o agregador se encontrava, no momento, numa espécie de aprisionamento emocional alimentado durante anos. Por isso me pareceu que a luta foi por demais feroz, vi aquele ser, pedir para sair do grupo. Vi durante esses momentos um pedido de misericórdia para com o outro e a tentativa de afinar a situação vivida. Porém também vi o resultado, quando o agregador se estendia até o outro procurando ajudá-lo, dando-lhe uma mão amiga, em seguida era vista uma algema em seus pulsos. O agregador retirou a mão e decidiu romper...
Nessa espécie de dança primitiva que se estabelece nos corpos daqueles que se encontram com a mente voltada para uma expectativa maior, uma expectativa de preenchimento interior. As pessoas se encontram, então, para uma troca interior de vida, onde eu dedico a minha vida para receber a vida do outro. Isso é relacionamento, e quando essas pessoas se empenham nessa troca então há um crescimento emocional e profundo onde cada um cuida do outro, cada um dá o melhor de si para o outro. O agregador faz isso, já tem em si inerentes essas estruturas, o desagregador não, há uma espécie de condição aviltante pregressa onde este ao invés de receber foi-lhe roubado tudo, no caso todo o amor que tinha, o que este decide então é se fechar para que ninguém entre!
O ermitão solitário passa pela vida sem ser visto ou então agrega em volta de si outras almas solitárias, como forma de troféu, como se dissesse para o mundo: “eu venci você, pois tenho quantas(os) quero. Eu já convivi muito de perto com alguns desses, às vezes eles se encontram até mesmo dentro da nossa familia. Toda essa maldade de deixarem o ermitão sem amor não significa que o destino dele era só isso, ele poderia mudar todos podem mudar, mas nem todos querem e seguem assim vida afora, é uma escolha.
Foi isso que entendi ao acompanhar mais de perto essas duas vidas, a do agregador e a do ermitão. O agregador veio como se viesse por um chamado, veio para ajudar, veio para mostrar outro caminho, que havia solução e esperanças, mas o ermitão solitário não soube discernir e resolveu roubar do agregador a paz, resolveu usar todos os recursos que tinha em mãos para tornar a vida do outro miserável. Havia aprendido dessa forma, alguém havia lhe ensinado assim, talvez a mãe? Dividir para conquistar esse era o lema, dividia a alma do outro para que na sujeição se fizesse maior e como consequência reduzia as chances de abandono, porque supostamente era o centro que envolvia tais vidas. Ledo engano, quem envolve é o agregador não o solitário convicto.
Só que esse meu amado agregador havia se perdido, pelos anos incontáveis tentando ajudar a outra alma, e passou muitos anos sem consciência de si, até que nessa noite, eu estava lá, era uma noite de festa... Eu vi o agregador colocar-se de novo no seu salto e retomar sua dignidade, ah, o agregador que me refiro aqui é uma mulher.
Assim, nessa quente e linda noite de sábado, chegou o nosso ermitão solitário que por necessidade de provar supremacia andava em bando, veio como quem aparenta ter o de melhor no mercado. Brigam com outros bandos através do poder da dominação, mas não se sabe quem é o vencedor.
Talvez o vencedor se encontre sozinho e cônscio dessa condição e que se mistura ao bando somente como parte do jogo. Mas que já escolheu o alvo e sabe onde e como atacar. Mas que para chegar lá precisa ir derrubando alguns machos impedernidos que no fundo não são machos de verdade, apenas bebês chorões. Talvez o vencedor de verdade, fosse a agregadora.
A fêmea agregadora, aquela que detêm o poder porque descobriu que saber é poder, aproveita-se de uma noite qualquer dessas para arrasar o bando inteiro, como ela faz isso? Mistura-se a um bando íntegro do qual não faz parte mas que tem acesso e usa-o como retaguarda, depois espera a chegada do bando que a quer dominar e não interagir, esse é o bando que pensa que está no poder.
Quando os vê começa a caçada, primeiro usa o poder que sempre soube que tem, para excluir e exclui visivelmente o bando, os deixa de fora, como sabe que é alvo dos olhares de rapina desses decide dar um vôo raso e desaparece por ali mesmo, mas sabe que será seguida em breve. Por isso, prepara-se para não aparentar intranquilidade ou o medo que tem de voltar a pertencer a um bando degenerado quando a sua busca é crescimento.
Depois de avistada novamente pelo bando decide agora enfrentar todos eles no campo de guerra ou, pista de dança, e como fêmea da espécie sabe muito bem quem ganha na pista: a fêmea mais atraente! E isso vai além da idade, da cor, do perfume ou roupa usada, é uma combinação do que se é, sua estirpe, com o que se usa. E BAM!!! Macho destruído, bando desfeito.
Foi isso que eu vi naquela noite de festa e há alguns dias atrás descobri que o bando do ermitão solitário, sumiu! Foram todos embora. Não houve como ficar, depois de uma queda tão feia a olhos vistos e, principalmente, depois de todos perceberem que quem agregava não se encontrava mais, então não houve quem ficasse e cada um foi aos poucos seguindo seu rumo, procurando outras paragens.
Agora a fêmea, vi a poucos dias também, a fêmea agregadora segue livre o seu curso em busca de um ideal maior, de um novo encontro, de um novo momento consigo mesma e com o outro. Busca por meio de vôos altos, porque não se encontra mais presa ao bando, mas onde seu bico a levar.
Margareth Sales

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

APRISIONAMENTO FEMININO


Num mundo contemporâneo engana-se quem crê que o aprisionamento feminino é uma coisa do passado, que ficou a anos de distância de nossa moderna realidade. As mulheres ainda estão sujeitas a sufocamentos e aprisionamentos pelo machismo, pelas condições sócio-econômicas, muitas vezes é a elas que cabe a parte mais dura e sofrida pela condição de aviltamento criado nos séculos anteriores e que aos poucos vai sendo quebrado, mas ainda não ocorreu definitivamente.

Eros, beleza, força, aprisionamento, todas essas características de uma mulher. Uma mulher que se desenvolve e se movimenta na força de sua beleza, na força de suas decisões, mas que durantes séculos fora impedida de decidir, pelo medo do seu poder, e que poder seria esse? O poder de decidir, o poder de dizer sim ou não para a força do homem, esse homem aparentemente forte, cai derrotado na força dessa mulher.


Mulher corajosa, guerreira, que não se queixa, mas que na sua cintura, requebra o jogo da vida, jogo que é necessário aturar e calar, aprisionada. Mas luta e briga para libertar-se desse jugo. Mulher bela, faceira, rendeira, olhos que afogam num mar de solidão, dor e, por vezes, alegria intensa.

Ela estava lá, as margens daquele rio, sozinha, apreciando a própria companhia, alimentando-se com o prazer de si mesma, tal como Narciso alimentava-se, curtindo sua própria natureza, a beleza da natureza que lhe cercava e o rio que a seduzia, mas que ela não intentava enfrentá-lo. Já havia enfrentado muito, durante toda a sua vida, dessa vez precisava parar. Dessa vez não queria enfrentar o rio sozinha, mas não se importava de estar sozinha, bastava-se no momento. Não estava mais aprisionada, já esteve, e quando esteve era proibida de atravessar o rio, mas agora não mais, ela podia atravessar, mas não queria. Não mais tomar esse caminho sozinha, se tivesse que estabelecer uma mudança seria acompanhada, do contrário, continuava deleitando-se no seu leito de águas cristalinas, na sua calma, o seu espaço de reflexão.

Só que o homem veio, quando menos se esperava, Yin e Yang, sol e lua, homem e mulher, duas forças que se completam, ele estava ali, depois de tanto tempo de tranqüilidade e... ele a olhou. Dessa vez, derrubando todos os outros olhares que a atravessaram, a atravessaram não a encontraram, não a deixaram ser e muito menos não a respeitaram por toda a força de movimento e vida pela qual ela tinha passado. Fizeram desses momentos, julgamento, fizeram desses momentos tribunais para que a pudessem condenar de vil, para que a despersonalizassem, mesmo que ela não deixasse.

Mas ele a olhou e a viu e a deixou a vontade e lhe falou muitas coisas em um pequeno olhar e fechou um contrato implícito de segurança e de conforto ao seu lado, declarando nesse contrato que nenhum mar a submergiria novamente, ele não permitiria. Não que ela precisasse ser salva, mas ela se sentiu confortável nessa posição, ela sabia ser sozinha, mas ela gostou da novidade, porque ao mesmo tempo que havia uma satisfação em ter escrito em seu próprio corpo, no movimento de seus lábios que ela era mistério intocável, que não se importava em guardar a sete-chaves o mapa de sua alma e não dar-lhe a ninguém, reservar só para si mesma. Mesmo assim, mesmo apesar disso, ela cedeu!

A mulher havia aprendido não que o amor aprisione, isso definitivamente não faz parte do amor, mas as vezes alguns por imaturidade ainda, aprisionam, pelo medo, pelo contrato que ainda não foi firmado definitivamente, porque descobre-se que aquela que se tem não se “pode” perder e diante disso a aprisiona para tê-la. Engano, mulher não é bicho que só fica ao lado quando é aprisionada. Submeter o outro, controlá-lo talvez até haja amor nessa relação, mas ainda não foi entendido, não foi percebido plenamente e esse grande amor que tinha chances de sê-lo, transforma-se em aversão.

Por conservar em seu cerne uma fera indomada, decidiu se deixar ali as margens daquele rio, só observando as correntezas, não esperava por aquele homem ali a sua frente, apareceu de repente, não sabia da onde veio, mas sabia o que pretendia. Pretendia ela, como um imã que lhe atraía e que fazia daquele homem forte, sem forças, por aquela linda mulher que viu no rio. Pretendia tomar-lhe em seus braços e atravessar, assim, com ela o rio. Pretendia levar-lhe aonde ela desejasse ir e pretendia ser dela. Ele também cedeu, o amor se fez, ele a dominou, ela o amansou. Ela o fez mais HOMEM, ele o fez mais MULHER. E eles cederam e libertaram-se...

Margareth Sales

(Baseado num sonho)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre as modernas tecnologias

Cuidado texto bastante ácido abaixo...

Bem, falar das TIC’s, as modernas tecnologias de informação e comunicação não é difícil para mim, afinal de contas sou aficionada por elas, desde criança. Mas meu texto não se refere apenas as tecnologias, mas o que elas têm produzido em nossa vida, no caso, é uma experiência válida ou apenas algo que agrega mais transtornos e dificuldades ao nosso dia-a-dia. Eu diria que sim, ao mesmo tempo eu diria que não. Tenho vários amigos que não possui Orkut, meu conselho para eles: continuem assim! Nem só de Orkut vive o homem.

Com relação a mim não me vejo sem Orkut, ainda que possa. Toda essa tecnologia tem facilitado a minha vida, mas mais do que isso, faz parte da minha personalidade ser high tech, como disse toda essa parafernália tecnológica me atrai demais. Então, em um primeiro momento podemos determinar, se você quer se afastar de fofocas e confusões fuja das redes sociais, estas podem ser um verdadeiro inferno em suas vidas. E eu? Eu tenho fugido das redes sociais? Claro que não! Porque para mim elas são verdadeiramente importantes em todos os sentidos... Não uso Orkut para ficar fuçando a vida dos outros, tenho bastante cuidado com o que eu posto e com o que postam para mim, uso como meio de comunicação com o todo e isso funciona e faz sentido para mim. Atualmente, uso o twitter como meio de divulgação do meu trabalho e aderi ao blog (confira o texto porque do blog). Quer dizer as redes sociais funcionam na minha vida, mas trazem um ônus e qual seria esse ônus? A exposição; é como se o seu firewall pessoal estivesse sujeito a muitos ataques, porque na realidade não há como se proteger, você postou ali, todos podem ver e todos podem te afrontar diretamente, te perseguir, não dar folgas, mas a vida no mundo real é assim também, não é?

É claro que é! Apenas importamos todo um comportamento social para um mundo virtual que pode te acolher de braços abertos ou te taxar de inimigo. Hoje, ao abrir o espaço do blog me coloquei na berlinda, isso porque mesmo que em um texto haja várias interpretações e que o leitor leve essas para onde ele desejar... Meu texto é, realmente, aberto a interpretações é aberto à especulações, a forma diversas de se ver, isto nunca quer dizer que a autora esteja aberta as mesmas especulações... Sou uma escritora, eu decidi que não podia mais me esconder, tenho que pagar pelo ônus de um dia me tornar pública, mas isso não quer dizer que abri a porta da minha casa ou mesmo do meu coração para ser esquadrinhado... Eu posso falar sobre qualquer coisa, escrever sobre qualquer texto, dou todo o direito das pessoas como já disse, interpretá-los como quiser. Mas não dou o direito de interpretar a mim e a minha pessoa, se cito coisas reais ou não, procuro sempre citá-los de forma anônima, não há nomes, não há pessoas específicas no meu texto, ele engloba, eu você e todos...

Mas mesmo que não permita, percebo que tem gente que quer ganhar notoriedade através do meu discurso, ora refutando-o, ora se fazendo de amigo íntimo. Bem, meus amigos íntimos não estão por ai me vigiando, analisando todo passo que dou ou mesmo, tentando encontrar falhas, fraturas no discurso para me “psicologizar” ou, talvez, expurgar meus demônios?

Por favor, sejam homens ou mulheres suficientes para produzir o próprio material e não se valer do trabalho dos outros. Será que não se percebe que já apreendi que a questão não é com o que eu escrevo, mas COMIGO, não é em se informar ao outro que eles não irão crescer a partir da minha literatura, mas informar que a MINHA pessoa se encontra equivocada. Isso é literatura, isso é arte? Isso é geração de informação?

Isso tudo não é se compadecer do irmão olhando para ele e pensando, poxa vou informar agora que esse comportamento está citado na Bíblia e pode causar a ida direta ao inferno sem passagem de volta... Não, não é isso... É apenas uma guerra pessoal de poder, segundo Foucault baseada no discurso e em quem possui o discurso mais coerente, mas notório. Resumindo: quem é melhor? Desculpe pegar bem pesado aqui, mas já era tempo... E no caso, é tempo porque são 20 anos de formação discursiva na minha mente, de tendências pessoais em me alienar, através de qualquer versículo fora de contexto, que tal como a astrologia só serve para produzir dentro do interior humano uma conexão com o real.

Veja bem... Uma conexão com o real, não o REAL, exemplo? No meu Orkut a sorte de hoje é: “O sucesso não é o final e o fracasso não é fatal: o que conta é a coragem para seguir em frente”. Isso é mentira? Não! É uma pressuposição verdadeira que serve praticamente para toda a humanidade... O mesmo se diz com relação a Bíblia, qualquer versículo poderá ser usado para fins edificantes ou malignos... Ou já não é notório que os grandes psicopatas se baseiam na Bíblia para dar vazão aos seus próprios delírios? O que estou afirmando aqui não é a psicopatia, mas o delírio... Cuidado, tanto na vida pessoal quanto nas redes sociais vejo comportamentos delirantes baseados em pseudo-verdades. Uma lição: a verdade sempre é subjetiva no sentido que ela se baseia na pessoalidade, então cada um é único e para se inferir sobre este é necessário conhecimento de causa, ou seja, do todo, não posso determinar nada baseado em minúsculas visões pessoais que possuo da alteridade.

Outro ponto que preciso citar é a auto-ilusão... Como escritora e como leitora eu preciso amadurecer o suficiente para não me achar numa posição que não possuo. As pessoas maduras sabem onde se encontram, as outras possuem o hábito de projeção para se defender de uma vida que nem ao menos está atacando-o. Isso é triste, porque a vida já ataca sem sermos nosso maior inimigo... Quando a gente mesmo gera questões a vida meio que se torna insuportável e quando vemos atacamos até o cachorro que abana o rabo para nós!

Finalizando, o mais triste é sair lançando conselhos disfuncionais a torto e direito para reforçar o quê? A formação do discurso claro, a intenção de se sentir alguém quando pode interferir/“ajudar” (?) o outro com uma atitude tão madura e sensata... Cansei dos bons, dos campeões e dos que não erram, estou farta de semideuses, como diria Fernando Pessoa.


Margareth Sales

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Definição de amizade

Diante do divórcio do primeiro texto que demorou muito para se fazer e levou tempos até que a decisão fosse tomada, foi que eu decidir escrever um livro sobre amizade. E o livro estava aqui sendo escrito, já a bastante tempo, só que deu uma parada porque eu e minha amiga resolvemos tentar mais uma vez... O resultado já sabemos, está na primeira postagem do blog. Assim, o livro foi tirado do fundo do baú e revisto e misturado ao blog e fala de amizades, o livro; o blog de outras crônicas e os dois agora são casados e são um só.
A questão do título Amizade líquida, se baseia na mesma questão tão bem desenvolvida em seus livros, por Bauman que explica que líquido é o que se opõem ao sólido e como tal não suporta uma força que possa modificar a sua forma e, por último que sofrem mudanças quando submetidos a tensão. Resumindo é o oposto de tudo o que se constrói, o que se leva tempo para solidificar e crescer, nossa sociedade é liquida, nossos relacionamentos são líquidos, nossas atitudes são líquidas. Querer ser sólido hoje é meio que lutar contra o status quo vigente.
No nosso tempo contemporâneo ensina-se a idéia que, às vezes, a amizade precisa “respirar”. Mas é difícil entender esse conceito quando em um outro momento aprendemos que a amizade foi feita, exatamente, para descarregar as tensões. Será que uma amizade submetida a uma tensão tangencial e que não a suporta poderia se chamar amizade?
Haja vista que a amizade se fundamenta no amor e que definição de amor mais real e profunda do que a bíblica. Se a Bíblia coloca que o amor tudo suporta, significa que o amor tem condições de aceitar uma força tangencial e deformante sobre si mesmo. Ou será que o mundo moderno líquido, requer de você que escolha momentos para ter uma dor intensa? Momentos em que não deva atrapalhar o emprego da Maria, o namoro da Débora ou o bebê da Solange?
A amizade na realidade requer disponibilidade para entrega, se não há essa disponibilidade, porque, então, começar um relacionamento? É necessário amar de verdade os que se comprementem em um relacionamento, na alegria e na tristeza, o que significa que todo relacionamento é uma espécie de casamento, envolvendo o comprometimento de ambas as partes.
Então tudo o que envolve o modo como eu hajo aqui na vida que tenho, requer uma posição séria e comprometida. Séria no que tange ao respeito com meus sentimentos e dos outros, sem o peso excessivo de seriedade, mas com uma atitude relaxada, de confiança para consigo mesma, o outro e a vida.
Esta confiança requer desse jeito, análise profunda e esta análise revela, muitas vezes a doença de um relacionamento. Pode-se perceber tal doença quando se entra numa relação onde a coação fala mais alto que a cooperação. Quando se impõe formas de pensar e supostas verdades, sem reciprocidade, é necessário, dessa forma, um conhecimento profundo de si mesmo para definir se estamos estabelecendo relacionamentos doentes ou que nos suguem algo? Necessário é rever as regras que foram constituídas no cerne desse relacionamento.
Se sobrepõem a essa modernidade líquida o fato de que se vive num tempo onde as pessoas adoecem, emocionalmente, de uma forma tão profunda e incontestável que, muitas vezes, se transforma numa dor tão abrupta, profunda e pungente que não há como se resgatar a pessoa que se ama. Ela acaba se perdendo mesmo que aqueles que a amam tentem trazê-la de volta; a única forma de maturidade é ver que a pessoa vai e que ficamos e precisamos viver com isso.
Sabendo-se que é necessário reconhecer a diferença entre a possibilidade e a limitação e estas estão sempre no sujeito. É a partir dele que se irá definir se há possibilidades de resgate ou não! O que muitas vezes, a amizade, pressupõe investir na situação que aproxima os amigos, para não permitir que as que afastam se tornem maiores. Porém, mesmo diante de tamanho esforço a amizade se perde, e não há maneiras de retomá-la, exceto o tempo, este se torna a única forma de mudança radical de situações estagnadas e engessadas.
A grande questão da vida, principalmente, da modernidade é que as pessoas se encontram em diferentes estágios de maturidade e isto significa que a comunicação, parte primordial do crescimento de um relacionamento se encontra com ruídos e não há maneiras de se dizer: “Estou tentando me ajuda nisto!” Pois ambos saem prejudicados ao perderem o que tentam cultivar.
Um cuidado muito importante que não podemos perder de vista, não só como amigos, mas como pessoas: nunca menospreze a capacidade do outro de ir. E isto é um erro crasso, há sempre o sentimento: “Farei o que quiser, pois essa pessoa estará sempre aqui para mim”. E ninguém fica para sempre, a morte é a prova incontestável de tal pressuposição!
A questão patente é que essas amizades existem, apenas, por um único viés egoísta, onde não se sufoca não se sobrecarrega quando é o outro que está precisando de mais uma gota de amizade para seguir adiante com seus projetos de vida. Tal qual a dependência química é a dependência emocional diante desta amizade, sabendo-se que a partir do momento que não mais “preciso” da substância, a amizade é logo descartada com a idéia de que é sufocamente demais.
Quando se perde o mais importante, não há como se reaver mais, e o mais importante numa amizade verdadeira é a confiança. E esta confiança se desdobra de várias maneiras, como por exemplo: confiança de que, haja o que houver, sempre estaremos lá. Confiança no sentimento do outro, sabemos da nossa importância para o amigo e reconhecemos nosso amigo como um valioso bem. Significando: as duas partes estão comprometidas e não somente um lado da situação.
Se as duas partes se comprometem a tomada de decisões vem então dos dois lados e, conseqüentemente, o investimento na relação. Isso leva a crer que quando se sente que o investimento, que o desdobramento está sendo apenas por um lado então a balança começa a se desequilibrar, talvez seja o momento de uma reflexão. A reflexão pressupõe uma posição em favor de si mesmo, com vistas ao equilíbrio da balança ou a percepção do valor pessoal e este valor está atrelado ao termo troca e companheirismo, sem esse sentimento não há como continuar. Não se tem mais subsídios para a promoção do crescimento desse relacionamento, este estagnou e tende a morte. Pois que tal como seres humanos que somos conscientes de que estamos em permanente devir, a amizade também observa este mesmo princípio. Quando não: decretada está a sua morte!

Margareth Sales

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Como se conquista uma mulher

Não sei se todos os homens se perguntam isso, acho que não porque, na realidade é uma questão de maturidade saber como. Mas esse texto vai para alguns amigos meus, alguns que perguntam como, outros que acham que sabem como, mas não sabem...

Para esses meu primeiro conselho é: fujam das regras e das receitas prontas, isso é péssimo! Os que acham que sabem são os que mais praticam as receitas prontas. Em algum momento e em algum lugar, há 22 anos atrás mais ou menos, aprenderam que mulher se conquista fazendo carinho na cabeça, nas costas. Isso no caso, do casal ser mais íntimo, no caso de ser um completo estranho, usam a técnica do: “Você é a nora que minha mãe queria”, “Era você que eu esperei a vida toda”.

Alllôôoooooo!!! Isso só funcionará com as de 15 anos, mesmo assim, se forem imaturas ou se te acharam o cara mais bonito que elas já viram ou se você tiver dinheiro... Do contrário, para se chegar de verdade no coração de uma mulher é preciso conhecer esse coração.

Por isso que repito, não existe fórmulas, porque para dizer para outro alguém que ela é a mulher da sua vida a única mensagem que estará passando é: “Ops! Apareceu um mentiroso compulsivo”. Para fazer carinho na cabeça de uma mulher é necessário entender se ela solicitou esse carinho, do contrário é invasão de território e ultrapassar limites. Há exceção claro, óbvio, em toda regra há sempre exceções, e esta aqui no caso específico é, ela está extremamente atraída por você? Rola um clima? Se for isso, aí sim pode aproveitar, é capaz dela deixar você passar a mão onde menos espera!!!

Mas por favor, se não for o caso, HOMEM, não atropele as coisas, não tente conquistá-la no terreno que você já está perdendo. E por favor, não acaricie as costas dela! Ela vai te achar um porre, só vai ficar ao seu lado se estiver na merda mesmo; e vai considerar qualquer gesto de carinho nauseante; inclusive cuidado para ela não fazer sinal de vômito para as amigas... Porque aí suas chances diminuem, e muito, no âmbito geográfico que frequenta. A solução? Ir para Paris e tentar essas cantadas toscas lá!

A mulher é um mistério, com certeza! Já diriam os grandes artistas... Então, como eu disse, se você não está em condições de ganhá-las no terreno da beleza ou do poder financeiro, haja vista que aqueles que estão com essa “bola toda” com certeza não estão lendo esse texto. Então, se você não quer passar bastante tempo sozinho, sugiro entender a mulher que é alvo dos seus desejos. Preconceitos à parte, a máxima é: “Não existe mulher difícil, só mal cantada!” Use isso ao seu favor.

E lembre-se: nem todas as mulheres estão carentes, isto porque carência pressupõe uma necessidade, uma falta, às vezes a mulher deseja ter alguém, algum dia, mas não tem necessidade de ter alguém, não sente a falta desse alguém agora. Cada mulher se encontra em um estágio diferente na vida, às vezes ela se sente solitária, mas se ela não for nenhuma porra louca, desajustada, ela vai encaminhar a vida de tal forma que possa preencher a solidão com uma companhia real, se você caro amigo está muito longe desse estágio da realidade: cai fora, você vai repelir essa mulher para muito distante de você, não conseguirá alcançá-la mesmo!

Às vezes, essa mulher está no estágio de sexo desesperado, ela não quer mais nada da vida, não está escolhendo, nem hora, nem lugar, mas amigo se você não saciar essa mulher da forma que merece, nem se aproxime, você vai ficar conhecido como broxa. E de verdade, ela passou séculos para conseguir essa autonomia e para se dar ao direito de “um tempo se comportando como macho”, ela realmente não vai se importar com seus sentimentos de dama.

Talvez ela esteja numa fase workaholic, você teria então que esperar, só que ao esperar você corre o risco de descobrir que ela não está numa fase workaholic, ela É viciada em trabalho, aí você dançou de novo.

Estes exemplos só foram para demonstrar: cuidado com esse lugar comum de que mulher é carente. Porque para mim como carente é falta e necessidade, necessariamente, acredito que essa carência que você busca tanto para levá-la para a cama, seja uma atitude rara. Você nunca se perguntou, porque você vive cercado por um “bando de carentes” e nunca conseguiu levar nenhuma para a cama? A resposta se encontra aqui: elas não são carentes! Porque para ser carente de verdade acredito que pressupõe a falta ou a necessidade de tudo e aí segue a lista anterior; à mulher carente falta: amigos, família, relacionamento com um ser superior, trabalho, dinheiro e pênis. Essa com certeza não vai pensar nem uma vez em embarcar ou emburacar (?) com você! Não é?!

Resumo da ópera, as mulheres de verdade, essas que tanto você procura, querem, sem fórmulas mágicas, não flores (ainda que gostem). Mas aquilo que todo bom macho da espécie pode fazer (além de fornecer o pênis claro, pois como já visto, isso ela encontra na esquina) é conseguir para ela o que ela não pode, onde ela não vai, onde ela não alcança, mesmo que seja só um jarrinho bonitinho que ela viu na festa, mas que está na mesa dos seus amigos. Você não imagina quantos pontos você vai ganhar se conseguir subornar ou usar a inteligência para trazer aquele vaso “impossível” para ela.

A maior dica: em um relacionamento com o sexo feminino não são os seus sentimentos que importam, são os dela! Ou você aprende isso ou continua na pista. Difícil? Impossível, para quem não quer nenhuma mulher de verdade, para quem quer continuar olhando o outro lado da cama vazio! Mas... para o macho que quer...

Margareth Sales

domingo, 10 de janeiro de 2010

Porque do Blog?

Porque só agora o blog? Tenho um amigo que leu meu primeiro livro, aliás ele comprou dois livros meus, um de informática e o romance. Assim, ele ficou ciente que eu tinha um site, mas ele me disse logo de cara: faz um blog, a onda é o blog! Não aceitei, elitismo meu, claro! Achava que blog era uma coisa muito inferior, tipo, você não constrói nada, só aceita o modelo pronto dali e não pode mudar sua página para o formato desejado. Mas mais do que isso, na época eu pensei: eu? Escrever um diário?! NUNCA, não ficarei dia a dia revelando meus pensamentos ocultos. Puro preconceito, novamente, meu!

Obviamente, o site é muito melhor confeccionado que um blog, você cria o seu layout, o projeto surge primeiro em seus pensamentos e depois você desenvolve o designer desejado. Essa era a minha paixão pelo site, paixão de quem gosta de designer, de quem desde cedo nunca deixou de lado nem o lápis de cor e nem o hidrocor, paixão de quem gosta de cores, de desenhos, de arte. Porém, estou começando a descobrir que há várias possibilidades estilísticas também no blog, descobrindo aos poucos, falta muito para quem sabe HTML básico ou usar, apenas, o Flash, o Dreamweaver e o Firework, mas que ainda não aprendeu linguagem de programação, não sabe CSS, entre outros.

Essa é a primeira questão, designer, a segunda que enunciei sobre escrever um diário também não me parecia atrativa. Mas através das redes sociais pude ir conhecendo alguns blogs, a ferramenta Twitter para quem gosta de muito humor em frases curtas. E assim, fui me dando conta de que escrever um blog era exatamente o que eu precisava, mas porquê? Porque em todo esse tempo tenho tido poucos leitores e uma imensa vontade de me expressar... Não escrever um diário, essa prática eu abandonei aos 15 anos, quando ganhei o meu primeiro e descobri que era um porre! Gosto de crônicas, gosto de me aventurar, como diz Paulo Freire, em ler o mundo, gosto de observar as situações, o comportamento das pessoas, gosto de investigar, acho que posso me chamar de antropóloga comportamental. E é como antropóloga comportamental que vi e, decidi, o blog é o que eu preciso no momento. O blog vai de encontro a uma necessidade extrema há muito tempo latente, a necessidade de me expressar e, principalmente ser ouvida, então inaugurado está esse espaço para me ajudar a escrever crônicas diárias, situações sérias, hilariantes, desafiantes, entre outras que eu venho vivendo e que possa observar no comportamento diário da alteridade...

Podemos dizer que essa decisão foi um parto, desde a primeira vez que ouvi sobre a eficiência dessa ferramenta e a minha decisão em usá-la, passaram-se um ano e meio. Porém, acho que isso também tem uma explicação plausível, o parto seria o começo da explicação, bem em mim que desde tenra infância já houvesse consciência do que eu era e do que eu queria fazer, na prática, isto só foi se delimitando com os anos. Na verdade, muitos anos depois, isto é, ainda que eu quisesse ser escritora o que eu escrevia era muito comum ou repetição de alguma realidade, sem alma, sem poesia e sem verdades inerentes. Por assim dizer passei anos perguntando a mim mesma se eu era de verdade uma escritora ou se só tinha o desejo de sê-lo? Eu não escrevia bem, mas dentro de mim eu sabia que podia fazer melhor, mas não conseguia entender tudo o que estava em mim e muito menos colocar em palavras. Porque eram apenas sentimentos e não um texto coerente e coeso, porque eu era imatura, essa foi a primeira resposta, acontecida ainda no tempo da infância, então não podia escrever ainda porque não tinha maturidade para tal.

A criança cresceu e está aparecendo, dessa forma, quando entre outros momentos, indo para a praia com uma amiga, ela pode estabelecer comigo esse cronograma oficial de vida e disse: “Acho que esse ano foi o seu bar mitzvah” e a ‘ficha caiu’, era verdade, foi 2009 o momento que eu fiz a ruptura, tardia, diga-se de passagem, mas necessária e válida, pois não há um momento, qualquer momento é o momento e esse é o meu momento. Essa é a minha nova vida agora, uma vida adulta, atrasada, mas reforçando válida e esse meu momento se desdobra e cresce cada vez mais em paixão, paixão pela vida, paixão pelas pessoas, paixão por mim e, principalmente, pelo meu gesto de escrever, meu dom de escrever.

Paixão, é isso que é a pessoa Margareth, não me contento com coisas que não tenham vida, não me acomodo a mesmice, mesmo que como ser humano normal, viva com ela sim. Mas a minha luta é uma luta artística, uma luta de criação, preciso me expandir através da criação. E hoje brotam idéias, brotam sentimentos, sinto como se não pudesse mais estar distante do teclado, distante das idéias e das verdades que tenho aprendido e vivido, distante de mim mesma e da minha realidade criadora.

Margareth Sales

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

E não houve outro jeito, o divórcio foi a solução

Hoje em dia, mais do que nunca e isso porque estou beirando os 40 e qualquer empurrãozinho eu caio nele, mesmo antes do tempo! É claro que a minha maturidade chegou tarde, especificamente, só eu e os meus amigos sabemos de verdade isso! Mas é diante disso que posso dar continuadade ao que estou escrevendo e afirmar como no início que mais do que nunca pude perceber que em determinados momentos na vida nada mais resta a não ser o doloroso e temível divórcio.
Sem nunca fazer apologias a esse estado civil, posso dizer, até me reportando mesmo ao que Jesus um dia disse é que o divórcio só surge em função da dureza do coração humano. E eu digo isso não apontando para o coração duro do meu irmão (chamo de irmão numa perspectiva bíblica mesmo), mas para o meu próprio!
E o meu próprio coração duro se divorciou uns dois dias antes da virada do ano novo, e eu não preciso ressaltar para qualquer ser humano o quanto foi difícil para mim esses momentos... Luto não é uma coisa realmente fácil de se viver... Passar por todos aqueles estágios e a dor, o choro que brota e não pára! A primeira fase é o famoso não acredito: não acredito que um relacionamento tão gratificante tenha acabado!
Bem, preciso também antes de dar continuidade ao que estou escrevendo esclarecer, até porque do contrário posso ser vítima de enxurradas de e-mails, postagens nas redes sociais das quais participo com o enorme ponto de interrogação: mas você não é casada?!
Exatamente, não sou casada e nos meus 39 anos de idade nunca me casei, faço juz a uma situação moderna muito bem representada no seriado Sex and The City, a solteira feliz! Surge, então a pergunta: porque então esse papo sobre divórcio?
Na realidade toda espécie de relacionamento traz em si a condição intrísica de um casamento. Isto é, toda relação começa num despertar, logo em seguida num conhecimento, depois num namoro e desemboca em um casamento, ou outras tantas variações de situações que podem ser vividas pelo ser humano.
Desse modo, meu divórcio começou de um relacionamento entre duas amigas que durou 13 anos e realmente foi gratificante, foi um relacionamento de trocas, crescimento, muita cumplicidade, mas foi se desgastando, poderia-se dizer por erros? Talvez não, eu diria, mas falta de retro-alimentação de perceber que relacionar-se não é em si, dado. Mas que necessita de transpiração, dedicação e, principalmente, atitudes maduras. E nos últimos, especificamente, talvez no último ano, não houve mais nada disso... E o relacionamento foi definhando, praticamente morrendo, mas não estava morto, talvez nem depois do divórcio esteja de verdade morto!
Estava muito mais para mal-alimentado que morto, talvez a melhor palavra a ser usada é desgastado, tornou-se um relacionamento desgastado. Era muito nítido que qualquer palavra qualquer gesto acabava se tornando afronta pessoal e principalmente, era muito notório o aperto na garganta, era visível de ambas as partes. Em determinados momentos parecia se engolir um enorme e talvez espinhoso sapo, ainda que eu não conheça sapos espinhosos!
E quando se está engolindo muitos sapos a tendência com certeza a vomitá-los todos! Não há como exigir do ser humano toda uma gama de bondades, como se houvesse uma exigência implícita em se pisar em ovos, essa exigência é desumana e desgastante, sua tendência natural é o rompimento abrupto desse relacionamento. Situação essa que ninguém que viveu muito tempo dentro desse relacionamento suporta, porque lembra-se que antes eram amores e que agora só restam as farpas, as alfinetadas, as frases de duplo sentido.
E quem é capaz de encarar e dar um fim maduro a isso? Não somos! Nossa covardia deixa essa situação permanecer por semanas, meses e quando menos percebemos já se passaram anos. O fim realmente só vem, quando a bomba estoura, quando o sapo é vomitado, quando apesar de se ter o desejo de ser “bonzinho” para não deixar que tudo exploda logo, então começa-se a deixar brotar toda a amargura e toda a raiva represada com frases, supostamente, amenas. No entanto, não são, e se encontram carregadas de ira, amargura e raiva e que nos colocam, apesar de todos os esforços em contrário, no campo das decisões: de um lado manter o relacionamento que já não se suporta de pé ou, por outro, romper definitivamente?!
É aí que me reporto a minha própria dureza, meu coração sofreu demais para escolher continuar, prefiri abrir, ir embora, divórcio, viver minha vida. Não estou no momento em fase de reconstrução, não penso mais nisso, a única coisa que sinto e que fiz foi colocar uma pedra e fechar essa página da minha vida, não tenho mais estruturas emocionais para refazer ruínas. Certo ou errado, muitos se perguntam, a resposta é, não há certos nem errados, alguns vão continuar e vão sofrer miseravelmente anos afim. Outros vão continuar e de repente, um milagre (acredito neles) o relacionamento volta a crescer. Eu não! Eu decidi romper e buscar novos horizontes, algo que não esteja tão corrompido pelos tempos de escassez emocional, pela falta de maturidade vivida durante incontáveis anos. Por hoje, só por hoje, como diz o AA, me sinto livre, me sinto plena e confiante para recomeçar!

Margareth Sales