segunda-feira, 4 de março de 2024

Uma noite harmoniosa



Na sexta, fui ao teatro com Gabriel, na correria não li à respeito da peça. Era uma sinfonia. Me preocupei, afinal sou agitada e Gabriel é calmíssimo. Me surpreendi, percebendo, não que eu não seja muito mais agitada que calma. Entretanto, sou uma pessoa focada e atenta, ou seja, eu simplesmente joguei fora toda a modernidade, todo o 2024 e embarquei na melodia. Com uma certa apreensão, pois músicas instrumentais em tom menor costumam ativar uma espécie de depressão. Não fez, só me acalmou e quando começou a cantoras da minha infância (minha família era bem musical) me trouxe aquela paz que não é rara, mas muitas vezes roubada pelo estresse do dia-a-dia. 

O concerto passou por Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran, Maysa, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Nara Leão, Leila Pinheiro, Coisas do Brasil, né? Entrando muito no terreno da emoção, culminou com a projeção da luta feminina na música, porque poucas! E o que mais me chocou é que 74% das compositoras não puderam ter filhos e nem família e aí toca Rita Lee e eu choro, por mim, pelas mulheres, pela luta, pela vida e...

Naquela mesma semana eu tive que assisti (como seu eu fosse terapeuta, mas não, pelo meu perfil empático) a uma pessoa no nível de depressão mais profundo, emburacada, quase que em um caminho sem volta. Sempre fui um bom ouvido e ajudadora e, nesse dia, tentei levar um pouco do que aconteceria na sexta, depois da minha conversa com a pessoa. Porque sei o que é depressão e sei como sair dela. E crio momentos chaves, lindos, harmoniosos, fortes, empoderadores, como a música para os momentos difíceis.

Meu potinho está bem cheio, mas...

Margareth Sales