sexta-feira, 1 de junho de 2012

A bipolaridade de cada um


Realmente existem pessoas que sofrem demais com uma doença que se classifica como distúrbio de humor, mas não é dela que quero falar aqui, pois não há nenhum teor científico nesse texto, apenas reflexões de múltiplas realidades que as pessoas vivem.
 
Então, falarei sobre a bipolaridade característica de comportamentos, talvez, mimados, pessoas que mudam de humor a todo instante porque ninguém nunca as tenha confrontado. O mais interessante é que essas pessoas não estão percebendo que o fazem, minha hipótese é que tais pessoas pareçam ser extremamente sóbrias e maduras. Mas é nessa cobrança de ser a pessoa equilibrada para a sociedade que desembocam em desequilíbrio e cobranças para com os outros que o cercam.
 
Pessoas que acharam que resolvido as crises inerentes a passagem da infância, adolescência para a idade adulta e não se revoltaram. então resolveram todas as questões foram resolvidas com maestria e nada tem a temer, pois aquelas dores não voltarão. Só que o comportamente grita que há algo errado. Que existem questões ainda a serem revistas.
 
Não acredito que Freud tenha desvendado o mistério humano, a ciência ainda tem muito que apresentar, mas sei que ele muito contribui para o conhecimento e revelou de verdade algumas estruturas básicas de formação do sujeito. Alguns rechaçam essas ideias, outros as idolatram, prefiro ficar no meio dos dois grupos e dizer que durante minhas leituras de mundo tenho visto as etapas psicanalíticas cumpridas a risca, sem tirar nem por.
 
E como eu tenho observado algumas dessas pessoas em ação fiquei tentada a escrever sobre o processo. Como uma forma de sedimentar o conhecimento, literário, que tenho do assunto, não com uma visão científica, mas pessoal de leitura de mundo e de leitora de livros psicanalíticos. Então, aqui não é um diagnóstico, é uma narração.
 
Nessa narração sobre comportamentos não diagnosticamente bipolares, mas eventualmente ou com algumas característícas da bipolaridade posso apontar também a perfeição. Perfeição? Em um mundo de imperfeitos, neuróticos e surtados como o nosso? Não alguma coisa não “cheira” bem. Então essa grande neura em cobrar-se perfeição ou cobrar dos outros a mesma, parece uma espécie de controle neurótico sobre o universo desagregador.  A cobrança extrema de uma posição de perfeição é um sinal de alerta que precisa ser revisto imediatamente. E eu disse desagregador anteriormente, porque alguém que tenta controlar com essa força o exterior é alguém que já se partiu em mil pedaços e não se deu conta.
 
Haja vista que quando você é cobrado a esse nível, a pessoa em questão entrou em outro processo também muito bem falado por Freud a assimilação do objeto. E aqui creio que a pessoa assimila a outra tentando anulá-la para não dar conta de um outro ponto fora de se mesmo que desagrega do todo. Então, não é mais fácil engolir o objeto e obrigá-lo a ser dócil fazendo parte de um todo coerente?
 
Finalizando, ninguém está na linha da normalidade, não existe nem tal linha. Depois, ninguém é sóbria e madura o suficiente, o mais sóbrio e maduro tem suas crises de infantilidade e é só deixar fluir. Não resolvemos todas as questões tão bem apontadas por Freud da infância, vamos reviver sempre algumas angústias, a questão é a intensidade, ou a variação de humor. Então, mudanças de humor são normais, variações bruscas em pequenos intervalos de tempo precisam ser revistas, aí cabe a cada um perceber a diferença entre um e outro.
Margareth Sales

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