sábado, 13 de março de 2010

Guerras

Uma nova realidade aprendida, neste momento, sobre a identidade é quando se possui amigos líquidos, fluídos e incapazes de ser amigos sólidos e confiantes. Esse tipo de amizade, doente, diga-se de passagem, só pode gerar um único sentimento, o da guerra, constante, ininterrupta e sem tréguas. Como se vive em uma guerra constante, em todos os níveis, tanto o espiritual, pessoal, financeiro e outros. Cada qual se arma da forma como consegue, às vezes a unhas e dentes. Por esse motivo que aqueles que, ainda (e talvez, nunca!) adquiriram sua identidade, tem como moeda de barganha o outro.
É nisto que constitui a diferença entre os que têm ou não tem identidade. Enquanto os que não tem se armam com a personalidade do outro, muitas vezes, não se poderia nem dizer “personalidade” mas o fenótipo do outro, quando este é mais bonito. Ou quando é mais inteligente ou possui recursos financeiros, do qual não se tem competência para adquirir.
A pessoa sem identidade então se arma da identidade de outrem, para fazer disto sua moeda de barganha. E então enfrenta o mundo assim, de “peito aberto”, como o famoso comercial televisivo: “eu tenho, você não tem!”.
Como se usando a alteridade, pudesse fazer calar os que se opõem, e geralmente, os que se opõem e os que são um risco para essa modernidade líquida, que Bauman tão bem fala, são os que têm identidade. Esses se constituem os inimigos da sociedade atual.
E estes inimigos tais quais os heróis históricos são perseguidos sem piedade, como “Joanas D'ark's” loucos por não seguirem a regra do senso comum... Loucos por não compartilharem a ética mundana e globalizadora.
A intenção daqueles que guerreiam seria destruir o objeto que adora, pois desta forma assumiria a posição da pessoa adorada. Para fazer isso, estes falsos amigos usam do poder que a palavra tem de penetrar as consciências e incutir-lhes uma não-verdade, baseadas em situações não esclarecidas e em disse-me-disse, que na realidade não prova a proposição apresentada, mas o esforço em se tornar uma inverdade em verdade absoluta e incontestável.
Demonstra também diante de tais posições pessoais uma incompetência em ser, fazendo guerras contra os que são para que possuída da essência do ser, possam se sentir menos que vil e repugnante. Mas não conseguem, porque sua fama lhe antecede e, inclua-se aí, sua credibilidade, desgastada pelos anos que apostou nesse tipo de guerra tão inglória.
Que tipo de amigo / sujeito impotente é este que precisa descarregar toda a sua fúria contra o que não se sente impotente, que aconteça o que acontecer sempre será senhor de si, ainda que pareça, por algumas momentos, perdido!
Em suma, esse sujeito não é seu amigo. Então cuidado, caros leitores, observem muito bem quem vocês carregam sob o título de amigos, muitas vezes podemos estar abrigando serpentes venenosas, prontas para o bote! Como já disse anteriormente, o verdadeiro amigo está fundado no amor e nunca guerreia com você! Fuja das guerras inglórias, sempre!

Margareth Sales
Sobre a política

Levei muito tempo para conseguir discernir o momento atual que o país vive, mas porquê? Porque estou mais cercada do senso comum do que pessoas que realmente questionam o status quo vigente, então são muitas vozes e muitas dessas vozes não possui voz alguma, talvez a única pessoa que possa ouví-las sou eu mesma. Procuro ter sempre o cuidado de não travar as vozes dos que desejam um espaço para o seu falar, isso é ótimo, é uma de minhas melhores qualidades, ouvir sem julgar, mas há um preço: às vezes ouvimos mais um bando de asneiras de situações mal refletidas ou mal vividas que você se pergunta como uma pessoa com capacidade de reflexão crítica chegou a tão despropositada idéia?
Porque em um país como o nosso nunca se privilegiou a cultura, nunca! E mais do que isso, temos um referencial histórico de opressão profunda para fazer o outro calar, de qualquer forma, mesmo que seja através da morte. Exemplo disso? Ditadura! Durante o golpe de estado, livros foram queimados, grandes pensadores foram exilados, tudo isso, para impedir que Paulo Freire falasse através da sua alfabetização de adultos, para impedir que Caetano Veloso falasse através da sua música, milhares foram calados por meio da violência física, consequentemente, a própria morte e outros foram calados através do exílio político, esses últimos pelo menos puderam voltar para fazer a parte que lhes cabia.
Mesmo assim, nossa suposta democracia não mudou... O que adiantou ser democrático, se todo uma população que viveu na época e toda uma população que não viveu, sentiu e sente seus impactos através da força opressora de tornar toda uma população muda. Parece contraditório, parece que se pode falar, mas cada um de nós, sabe que não, cada um de nós, sabe quando o olhar opressor do dominante nos manda calar e muitas vezes obedecemos?!
Posso me reportar a mim mesmo, porque vim e não sai da camada mais inferior da população, não posso nem me chamar de classe média, quem me conhece sabe, sou pobre, essa é a realidade de onde me encontro na escala de distribuição de renda... A renda desse lado aqui atrás da tela do computador é bem suada... Como estou desse lado, posso falar muito bem dele e o que tenho a falar?
Tenho a falar algumas coisas muito importantes e verdadeiras... O governo privatizou alguns órgãos públicos... o governo, aquele mesmo que nos meus 15 anos eu confiava, aquele que passou por uma luta horrível, saiu de Figueiredo, terminou a ditatura, entrou Tancredo, morreu... Entrou Sarney, depois Collor, Itamar em função do impeachmant, Fernando Henrique, todos esses para que o líder sindicalista chegasse, ele era realmente a esperança de muitos! A minha também, achava sinceramente que Lula por vir do mesmo lugar que eu faria mudanças de base no nosso país, aí ele fez... Fez algumas mudanças e eu ficava verificando se eram mudanças reais ou eram engodo, tinha sérias dúvidas, afinal não tenho mais 15 anos, passaram-se muitos anos desde essa idade até a entrada de Lula na presidência.
Mas fui amadurecendo e vendo, e estudando e tentando conhecer, não através do Jornal Nacional, esse que alguns dizem que não sei nada porque não o assisto. Bem, óbvio é que não o assisto, entre outras coisas, porque sei que é manipulado. Porém, seguindo a minha linha de raciocinio, fui observando e fui decidindo, haja vista que leva mais tempo para mim identificar um contexto político do que o que vai dentro do ser humano! Aprendi muito mais sobre psicologia do que sobre política, não que não gostasse da segunda, gosto muito porque sou um ser político, todos somos, mas me dediquei mais ao conhecimento psicológico.
Então hoje, fruto das minhas observações tenho minha posição política formada, a pessoa que tanto esperei que fosse a solução para nosso país é, e sempre foi, marionete nas mãos dos poderosos e ainda lhe fazem uma homenagem, com um filme que deixa claro que ele nunca soube o que iria fazer, foi sendo levado pela idéia dos outros. Você não vê nem no filme e nem na política real, uma decisão que veio da cabeça dele, apenas pontuações de uma acessoria que lhe serve.
Em 1985 eu pensava, caramba, Lula veio de baixo, Lula é pobre, ele vai salvar a gente, vai salvar a gente dessa miséria, com 15 anos você não pensa em cultura, você não pensa em decodificar que a grande questão de se administrar um pais ou se administrar qualquer instituição depende de conhecimento. E se você tem conhecimento você sabe onde vai meter a sua mão, onde deve meter a sua mão. Lula quando chegou em 2003, muito tempo depois do final da ditadura, não foi a solução, ele foi simplesmente fantoche na mão de um monte de gente, claro que ele foi temido no passado, ele foi temido porque ele movimentava as massas e isso é muito perigoso.
Toda política vinda das classes dominantes tem a característica de mexer sempre seus pauzinhos para que a massa não se movimente e Lula fez, exatamente, o contrário, ele movimentava as massas e a ditadura tinha medo dele, claro, só que ele movimentava as massas pelos aspecto totalmente carismático, mas ninguém tinha noção que faltava alguma coisa e o que faltava? Faltava cultura, falta conhecimento... Não é o fato de falar “errado”, porque a língua que a gente fala é a nossa língua, não há “erros” quando se fala a língua materna. Mas o fato de não conseguir usar bem a sua estrutura linguistica prova que não se buscou por todo um campo de conhecimento para decidir algo. E não podemos decidir nada em função de apenas um aspecto, tem que se decidir algo em função do todo e para isso é preciso abrir o leque de opções.
Para isso, é preciso conhecer, de sociologia a psicologia, de política a religião, porque a vida não é feita apenas de um traço, mas de vários, n circunstâncias que precisam ser vividas. Então você pega alguém que não sabe; como ele vai administrar, como vai governar? Aí, o que ele têm, acessores? Parece quando fazemos uma cola, o amigo diz: “Poxa, você não estudou não, te passo uma cola”, pronto, tá mastigadinho... Isso não é pensado, não é mudança e não causa mudança, se um acessor, uma pessoa com mais cultura como um psicólogo, um sociólogo ou algum “ólogo” qualquer ensina ao Lula, ele simplesmente passa uma situação, ele mastiga uma situação, mas ele não ensina o que é. Então não há um Estado, não há, verdadeiramente, um Estado que funcione... A realidade é que o Lula não é um grande governo, exemplo, ele não faz nada pela educação, ainda que ele dê uma bolsa família para que o aluno esteja dentro de sala de aula, os alunos vão, mas onde está a valorização do professor? Onde está uma escola de qualidade para receber esses alunos? Esses alunos, vão a escola por dinheiro, para ganhar R$ 100,00 reais por mês, eles não vão para aprender e os professores já estão desmotivados ou muda-se a educação de base ou ferra-se com a educação e a educação já está ferrada!
Assim, considero hoje a nossa política uma política de pão e circo, dá-se o mínimo e isto para a camada mais pobre, para que esta não se rebele. E olha que legal?! Ganhamos as Olimpíadas em 2016, quer dizer é muito circo e pão para o povo brasileiro não reclamar de mais nada da vida. Haja vista, que todas essas culturas de massa atraem milhares de pessoas, muitas vezes até aquelas que se encontram fora do contexto da massa, porque óbvio, num país que se paga de telefone mais de R$ 100,00, Luz em torno disso, temos água ainda, IPTU, soma-se tudo isso e se paga com o ÚNICO salário mínimo que se recebe.
Sobra o quê para o desestresse? Para curtir um pouco a vida? A Rede Globo de Televisão que já se encontra no pacote de impostos que cada cidadão paga. Por tudo isso a gente se cala, quem vem de baixo aprendeu a ficar calado diante da prepotência do dominante, temos medo do governo, temos medo de ser massacrados pela Ampla que cobra um absurdo de conta de luz, temos medo da Oi, em ultrapassar nossos limites de crédito e aparecer uma conta que não podemos pagar. E a gente tem medo porque acontece, porque todo pobre já foi vítima de alguma conta absurda que arrepia até os cabelinhos da alma (se alma tivesse cabelinhos). Ai temos que correr atrás de um advogado público numa fila imensa para conseguir processar a organização que tenta nos lesar. Assim, ocupando horas do nosso dia e tempo é dinheiro e dinheiro serve para pagar a conta que extrapolaram, e olha que todas as empresas citadas, tentam nos lesar!
Pobre é assim mesmo, bichinho acuado com medo de tudo. Mas porque na realidade quis falar sobre esse tema, afinal de contas o enfoque do meu blog é um enfoque comportamentalista, não político? Porque vou falar de sentimentos, sentimentos vividos essa semana, onde ouvi de alguém, vamos dizer, alguém maior do que eu. Porque maior? Maior num sentido estritamente social... Maior porque já trabalhou muito mais do que eu na vida, já tem a vida estabilizada, todo mês com certeza o salário da pessoa chegará certinho... Eu não, eu sou menor, amadureci tarde; fiz tudo que eu queria fazer cedo, muitos anos mais tarde, não conto com nenhum salário fixo todo o mês, mas com a força do meu trabalho.
Mas essa pessoa me humilhou ao questionar a forma como eu tento conseguir as coisas e que forma é essa? Através de indicação, eu ouvi que eu deveria ir pelos meios institucionais e eu fiquei calada, submissa, como todo pobre sabe fazer muito bem! Só vinha dentro de mim frases do tipo: “você está errada, fez tudo pelo caminho errado!” Bem, minha resposta agora, depois de dias que se passaram é: o caminho que escolhi foi o caminho que representantes da classe social da pessoa me ensinaram, nunca aprendi outro caminho...
E é esse que tem funcionado... Agora vem alguém de cima, de um dos melhores bairros do nosso país dizer que sempre optou pelos meios institucionais, porque me tratar como se eu realmente não tivesse vivido tempo suficiente dentro dessa Terra, especificamente dentro do meu município para saber o que funciona ou não?! Porque provavelmente o dentista que precisava tinha, o médico que precisava também, daí é muito fácil dizer que as coisas funcionam... Quero saber onde as coisas funcionam porque mudo para lá!
Finalizando, só o que eu lamento é que era mais pobre ainda do que sou hoje e que por isso deixo me humilharem por questões que eu nem mesma criei, já estavam aí antes de eu chegar e ainda apontam caminhos... Bem, eu trocaria de vida, se pudesse, e munido da minha estória quero ver se essa pessoa que tem uma visão tão esclarecida das coisas, ou seja, é tão certinha, queria realmente ver como ou para onde essa, levaria minha vida... Uma coisa garanto, não faria melhor do que eu fiz! A frase que termino não é que é muito fácil falar, mas que é muito fácil FAZER CALAR. Quero ver competência para ouvir e entender!
Margareth Sales