quarta-feira, 12 de março de 2014

Crônica do facebook


Última postagem das férias! Mês que vem uma novidade: como estudei muito o semestre passado sobre folhetim, até o final do ano as postagens no blog serão um folhetim. Aguardem!

Saiu no jornal: Dona de casa se mata por causa do Facebook. Maria, 30 anos, casada, dona de casa, consultava todos os dias o seu facebook, naquele dia entrou com mais fissura. Era seu aniversário! Não tinha vida fora da rede social, até tinha um bom marido, mas só! Arrumava casa, fazia o café da manhã, ansiosa para que o marido fosse para o trabalho e entraria na internet. Lá sim, se comunicava com todos ao mesmo tempo, nunca estava sozinha, pelo menos era como se sentia. Telefone? Visitas sociais? Para quê? O site tinha todas essas funcionalidades. Conversava todos os dias com todos os seus amigos, não eram muitos. Afinal estava chegando aos trinta. Se tivesse 15 anos, com certeza, com 15 teria um perfil lotado!
Naquele dia ao entrar no facebook, já eram umas 10 da manhã, seu marido tinha saído tarde para o emprego, pois queria curtir o aniversário com a mulherzinha. Mas as curtidas que ela buscava era o símbolo do polegar para cima, no facebook. Ao acessar a rede percebeu que tinha várias notificações de aniversário, mas nenhuma dos seus dois, únicos, amigos verdadeiros, estes que no passado frequentaram muito sua casa, mas que com o advento da web foram sendo realocados somente para o ciberespaço.
Maria não entendeu, uma dor profunda a invadiu: “Como assim não deixar uma postagem no meu face, não comentar meu status?” O que ela não poderia supor é que alguns conservam, mantém e alimentam vida social fora da rede.  Não entendeu que há pessoas que nem olham o facebook, só possuem um perfil, pro forma; outros que ao perceberem o tempo que o site ocupa em suas vidas reais, só deixam a atualização do feed de noticias para os que são, extremamente, amigos. Resumindo, existe um bom contingente de pessoas que não lêem o que está escrito nessa rede de relacionamentos, portanto nem tem noção daquilo que Maria postava e nem se sentiam culpados!
O marido de Maria a encontrou morta. Chocou-se. Depois lembrou que às vezes, para conseguir a atenção dela, ele tinha que mandar mensagem inbox. Sentiu alívio. Saía definitivamente da vida virtual, para uma muito melhor e mais curtida! Atualização de relacionamento: viúvo e totalmente online na vida fora da rede.
Margareth Sales

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O debate

 
Texto feito em aula. Até o mês de Março estarei repostando os três melhores texto do blog. Boas Férias e até Abril!
 
Entrevistador:
- Entra no ar o debate “sai da frente que estou chegando”. Hoje, com a presença de diversas autoridades para discutir o problema de segurança na periferia. Com a palavra, nosso primeiro participante, o delegado de polícia da 72ª DP de Niterói.
Entrevistador:
- Delegado o que o Senhor tem a dizer sobre as causas das questões de segurança na periferia?
Delegado:
- Positivo e operante. Então, as causas do problema de segurança na periferia são todas por culpa dos filhinhos de papai que sobem ao morro para financiar a vida mole desses meliantes, por meio do tráfico. Tudo isso pode ser resolvido facilmente: ignore os direitos humanos que não serve para nada mesmo e sai atirando a torto e a direito. Porque bandido bão é bandido morto.
Entrevistador:
- Vamos ver se a dona de casa Gertrudes concorda com isso. O que você pensa da ideia do delegado. Essa é a causa do problema da segurança na periferia?
Dona de casa:
- Claro que não! O problema na falta de amor e na sem-vergonhice, pois se um marido ama a esposa, não trai e cria um filho no meio de uma família unida e o amor resolve tudo. Agora esse *Pi do meu marido que pega qualquer periguete, destruindo o lar. Oro todos os dias pra o Senhor tocar no coração dele pra cuidar da nossa família na Casa do Senhor, pois família é uma ideia divina e o que Deus uniu não separe o homem.
Delegado em off para a dona de casa:
- Se quiser eu mando dar um corretivo no meliante do seu marido.
Dona de casa:
- Não! – responde ela assustada – Sangue de Jesus tem poder!
Entrevistador:
- Vamos agora à opinião do comerciante local.
Comerciante:
- Isso não é nada mais que falta de trabalho. Como todos sabem, cabeça vazia, oficina de Satanás. Ah! Eu gostaria de poder anunciar que estou contratando, o melhor emprego do bairro para esses jovens saírem dessa vagabundagem. Garanto que resolve! O horário é de 8 da manhã às 10 da noite. Sábados e Domingos, inclusive feriados. Não chego a pagar um salário mínimo, mas convenhamos, esses jovens tem que me agradecer de tirá-los da vagabundagem dos tóxicos.
Entrevistador:
- Então, aí está a dica do seu Manuel da padaria, um português, que sabe valorizar a tradição do seu país de origem, seguindo o modelo de seus ancestrais que povoaram o Brasil...
- Vamos dar a palavra agora ao Carlinhos Mar-à-dentro, ex-assaltante que se diz redimido e que cursou Direito durante os seus 20 anos de prisão. Sua posição a respeito do problema aqui levantado e o que você acha da opinião dos participantes.
Ex-assaltante:
- Bem, eu só tenho, excelentíssimo apresentador, que dizer que esses três como representantes da nossa sociedade deixa clara a explicação para tal cultura de violência que tem nos cercado todos esses tempos. Pessoas que se dizem pilares da sociedade e a única coisa que se preocupam é consigo mesmos e não com o coletivo. Diante disso, só posso inferir que vocês não me serviram de bom exemplo. Portanto: PERDEU! PASSA TUDO, É UM ASSALTO! Vocês não mereceram o que receberam da vida!
Margareth Sales

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O verbo




Janeiro mês de férias (Até parece, aff! Uerj com aula em Janeiro). Até o mês de Março estarei repostando os três melhores texto do blog. Boas Férias para quem está de férias!

Devo admitir que nunca me preocupei muito com o verbo. Essa história de fazer perguntas para ele me parece muito íntimo, sempre quis é usar o verbo com tudo o que ele poderia me oferecer. Sem me preocupar com as ações que ele pratica, ele tinha, somente, que me servir. 

Nunca pedi o telefone do verbo, depois que o usava. Sempre usava o verbo sem ter nenhum respeito por ele, nenhuma emoção. Para mim o que estava contando era a diversão: EU ME DIVERTIA! Nem passava pela minha cabeça que o verbo queria estabelecer uma comunicação comigo, que ele queria que eu soubesse quem era o seu sujeito, qual a ação que praticava e para quem praticava essa ação ou o que essa ação interna desdobrava. 

Nunca imaginei que o verbo tinha argumentos internos que o acompanhavam e dependendo do verbo eram um ou mais argumentos. Quer dizer que o verbo queria se comunicar comigo e eu só queria uma boa noite de prazer, usar o verbo indiscriminadamente sem me preocupar com toda sua lógica interna, só diversão, sem compromisso e sem seriedade. 

É muito bom quando somos adultos o suficiente para encarar as próprias questões: eu precisava ouvir o verbo, entender o seu objeto, mesmo que fosse direta ou indiretamente. Não podia mais deixar que o verbo fosse como o Latim, indecifrável para mim, precisava entender esse latim e passar a amar o verbo. Não poderia mais deixar o verbo ser um objeto zero na minha vida, tinha que deixar ele me mostrar sua inferência, tudo o que estava implicado em seu objeto. 

Mesmo que em determinados momentos o que ele queria falar era tão complicado que, às vezes, poderia chamar de teoria X-Barra. Mas era mister deixá-lo apresentar seus argumentos internos. 

Esse foi meu grande insight; o que me tirou do meu mundinho abusador de verbos indefesos. Como sujeito eu precisava estabelecer uma relação de concordância com o verbo. Apostei nesse desafio mental, a partir do momento que percebi que o verbo tinha muita ação e reflexão para me oferecer. Alguns abrem o verbo, eu decidi desvendar o verbo para meu crescimento pessoal! 
 Margareth Sales