segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Profissão Escritora


Muita coisa antiga tem voltado a minha memória! Acredito que por ser um momento, no qual a terapia de presencial passou a ser por telefone, acabando por se tornar uma espécie de divã mais efetivo e rápido! Diante disso, uma memória que me veio agora foi a de que desde 1983, com apenas 13 anos de idade, a Secretaria de Estado de Educação validou o meu perfil como escritora. Estava juntando esses dados na memória, pois estou imersa na escrita sobre a escrita.

Portanto, para mim que estou há muito tempo perseguindo essa carreira fica muito real todas as fraturas, os maus entendidos que um profissional da área de escrita atravessa. Já vi muita inveja e mesquinharia. Praticamente, não vi o que muitas escritoras viram: o domínio do masculino sobre a área, mas sei que é real, nunca foi uma questão para mim! O que mais me angustiava, no início, era reconhecer que a profissão precisa de validação de fora para ser exercida! Só que os tempos mudaram...

Entretanto, por mais que seja arcaico o pensamento, ainda vemos gente que se vale dele para destituir, assim surgem frases como: "Mas você não é escritora, você não foi publicada!". Já ouvi muito isso, mesmo sendo publicada pela primeira vez aos 13 anos de idade e aos 18 trabalhar dois anos como colunista de um jornal, sendo paga para tal! Contudo, isso está longe de ser um gatilho para mim, é muita terapia, para realmente não esperar validação do outro. Sou perfeitamente capaz de me validar, pois já é tempo de entender o que a constituição de 1988 já tinha previsto, ou seja, é no fazer que a pessoa se torna profissional, salvo algumas raras exceções que precisam oficialmente de diploma como a medicina, por exemplo.

Mas o que, realmente, me dói? São pessoas que postam em seu facebook que se você está passando fome, por favor, peça ajuda, pois eles podem dividir o pouco que tem?! Whattt??? Levar a questão da falta de emprego formal para o domínio da doação, que pressupõe esmola, só contribui com a atual gestão presidencial. Isso porque, a arte como qualquer forma de trabalho precisa ser valorizada, mas não com a falsa premissa de empreendedorismo, não é empreendedor a partir do momento que se vende o almoço para pagar a janta! Haja vista, que para a real acepção de empreendedorismo é preciso capital de giro. E individar-se no cartão para comprar uma moto para tornar-se entregador para as grandes empresas de consumo digital não é capital de giro é individamento, sem retornos!

Assim, não ofereça dividir o seu prato de comida: compre daquela pessoa, compre o que ela vende. Sem julgamentos... Retornando, a questão autoria escritural, o mercado literário é tão competitivo que pessoas te destratam porque você escolheu essa profissão, através da frase já dita anteriormente ou mesmo revirando os olhos para a sua obra. Uma fábula antiga já contou que as uvas do vizinho estão verdes, portanto, não serve para você, não é, coleguinha?!
😛
Há que se entender que invalidar o perfil profissional do outro, principalmente, no que tange a escrita é uma prática que tem funcionado até os dias de hoje, mas que expõe aquele que usa de tal artifício. Pessoas que costumam colaborar com a arte, são sempre mais bem vistas no meio social do que aqueles que reviram os olhos e diz que o fruto está verde, ainda!

Ou mesmo, aqueles que tendo optado pela escrita como uma atividade secundária com a qual não buscam retorno financeiro e julgam quem têm a ousadia de confrontar as normas pré-estabelecidas, ou seja, aqueles que pensam fora da caixinha! Isso também fica feio, pois também já é do domínio popular saber que todo aquele que aponta o dedo à alteridade, recebe como retorno quatro dedos apontando de volta. Não seria mais plausível assumir que se jogar na vida não é o seu perfil, pois o medo é maior?! Porque por outro lado, aquele que se joga também tem seu próprio revés, por vezes, não conseguindo nem se alimentar direito. Não foi isso que a leitura do Quarto de Despejo nos ensinou? Que uma profissional gabaritada como Carolina Maria de Jesus passava fome em função da inveja e mesquinharia do vizinho! É mister construir uma nova sociedade, mais empática, mais inteira, com mais possibilidades de curtir um ócio criativo por meio da arte, sendo menos workaholic.

Margareth Sales

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Setembro Amarelo

 

Vamos falar dessa máxima, antiga, redutora e arcaica de que alguns não trabalham... Passei minha maturidade, criando um perfil trabalhista para mim, a primeira razão: meu primeiro emprego fixo foi no CIEP, com crianças, no meio de uma depressão intensa, sem medicação, sem saber que, aliado a depressão, eu tinha Transtorno de Ansiedade Generalizada. Eu acordava 6 horas da manhã para estar no CIEP às 8 e eu sou noturna (isso é um perfil biológico - já tive médico me empurrando remédio goela à baixo para eu conseguir acordar cedo, não adiantou só piorou meu quadro clínico). Eu chegava no Ciep, antes de pegar os alunos na fila, e ia para o banheiro chorar. Eu chorava em sala de aula, eu não sabia fazer os alunos me respeitarem, como? Desiquilibrada do jeito que estava. Eu vivia angustiada, com dor emocional e não conseguia nem ficar acordada para ter lazer com o dinheiro fixo que ganhava. Esse dinheiro não dava para nada, obviamente que com salário fixo, eu poderia ter saído de casa, mas não havia como eu entender que essa possibilidade existia, pois a dor era maior do que o raciocínio lógico. Tentei através de psiquiatra, fornecido pelo estado, me encostar, claro que eu era muito nova (23 anos), mas qualquer profissional competente saberia que não tinha condições laborais, mas não, o idiota disse que eu estava bem! Eu era suicida (bem, pelo que sei para quem tem esse perfil não existe cura, nunca li, nunca aprendi com os profissionais da área de saúde mental que há cura!) como eu estava bem? Eu chorava com meus amigos da vizinhança, eu chorava 24 horas, eu sentia dor emocional, eu sentia medo da vida, eu já tive ocasiões de pedir as pessoas que me levassem até o ponto do ônibus, pois tinha medo de ir até lá, sentindo que um buraco se abria à minha frente e me devorava! Eu passei quase 50 anos com medo da minha mãe, do meu irmão, do meu pai, de alguns primos evangélicos...

Eu estou falando sobre trabalho ou sobre Setembro Amarelo? Os dois? O pior do sentimento de depressão aliado à ansiedade é não conseguir deter o corpo! Sabe aquelas cenas brutais de corpo caindo no chão depois de uma experiência de trauma? Sim, é assim que pessoas com dores emocionais se sentem. O corpo não contém, o corpo parece querer explodir, alguns depressivos conseguem ficar na cama e não sair dela mais... Não era o meu caso, meu corpo se agitava. Eu precisava andar. Disse para um amigo, uma vez: eu quero andar sem parar e não voltar mais, meio Forrest Gump. Eu não conseguia ficar em casa, me tornei evangélica para fugir de casa, para estar na igreja, para que Cristo matasse meus demônios emocionais (não adiantou, diziam que era falta de fé! Remeto a assertiva à cena da Carrie Bradshow defendendo a Charlote numa palestra motivacional dizendo que sim ela tinha fé), assim afirmo que sou uma pessoa de fé e que se fosse por fé, eu tinha me curado, com certeza!

A fé não me curou, a arte não me curou, tanto como não curou a Clarice, não posso defender isso na minha dissertação, mas no meu facebook posso falar achismos. Portanto, a arte nunca curou o artista: VanGogh, Kafka, Virgínia Woolf e tantos outros, Vivienne Haigh-Wood, primeira esposa de T.S.Eliot foi tratada como louca porque possuía um distúrbio menstrual intenso, ou seja, a ciência tem avançado no conhecimento das doenças psíquicas e deixando para trás o estigma de loucura. Com a arte fui, aos poucos, aprendendo a trabalhar meu humor e criar para me sentir melhor, emocionalmente. Nesse sentido, foi só durante a década de 90, depois de largar o estado, passar pelo shopping, como vendedora, comprar meu primeiro computador em 1995, sem emprego fixo, que passei a trabalhar em casa das mais variadas formas possíveis como autônoma. No passado, algumas vezes ajudando meu irmão na gráfica, no qual ele recebia, era independente e eu só a mulher que tem que ajudar a família, mas sem ganhos! Meu pai me ensinou a imprimir na máquina manual e na gigantona, aquela anterior a offset, mas possivelmente porque não iriam me pagar para eu trabalhar eu não fui à frente, nunca aprendi a montar os tipos para fazer a chapa, me sentia burra, achava que não conseguiria. A gráfica passou do meu pai para meu irmão, ele ficou com o dinheiro e eu era estigmatizada de vagabunda, pois só estudava!

Havia uma possibilidade, eu ir à rua pegar clientes, como fez meu irmão a partir dos 9 anos de idade. Nesse sentido, o irmão mal, também precisa ser exaltado, pois tem suas qualidades, enfrentou a vida a partir dos 9 e sempre foi vitorioso, até mesmo no casamento que muitos fracassam, ele têm uma família linda! Porque não ia a rua procurar clientes? Simples (sarcasmo)! Fui ensinada que era burra em matemática e tinha medo de fazer os cálculos de cobrança! Porque então aos 48 anos de idade eu aprendi a fazer tais cálculos e se você me pedir um banner de 1m por 22cm eu sei fazer o cálculo? Porque mesmo sendo de letras, nunca fui burra em matemática, somente aceitava o que diziam que eu era, identidades roubadas! E o resultado foi pela primeira vez entender que estava começando a fazer dinheiro em gráfica, como minha família de muitos gráficos e por isso voltei a ter crédito na praça e comecei a reformar, comprar e veio a pandemia... Começo, primeiros passos, primeiros clientes, Bankruptcy!!!

Nesse sentido, meu trabalho sempre foi criação, sempre foi arte e não tem como dizer que porque não vou a rua procurar clientes em um momento pandêmico não trabalho. Se não trabalhasse, voltaria para o quadro clínico que me remete a depressão. Insisto que em 98% da minha vida diária não sinto depressão, me sinto perfeitamente adaptada ao isolamento social, não surtei, entendo que a maioria surtou. Não é meu caso, mas sim continuo sentindo ansiedade intensa, mas sei trabalhar com ela e Pânico, brutal, desconcertante e me acorda em darkness profunda que se dissipa em função do trabalho diário, ao sentar no computador volto a me sentir bem. Não me sinto sozinha, mas quando converso com amigo, vejo a necessidade de gente e desato a falar feito papagaio.

Concluindo... o que levou para longe a angustia depressiva? O tratamento no Centro de Orientação a Mulher (CEOM) aqui da cidade e fui encaminhada em uma entrevista de emprego (2015) para pedagoga, pois quando ela perguntou para mim quais as minhas qualidades, desabei a chorar! NUMA ENTREVISTA DE EMPREGO?! Alôooo!!! E a Marisa disse: "você é vítima de violência familiar" vou te encaminhar para o CEOM e eu respondi que tinha aula na UERJ, não podia faltar (não falto aula), ela não "deixou", disse que eu não poderia ir estudar sem conversar no CEOM, ligou, a prefeitura daqui mandou um carro me buscar e me levar ao CEOM. Entrei em um tratamento com assistente social, advogado, psicólogo, além da sexta básica para quem está em vulnerabilidade financeira. Já no começo do trabalho, a depressão foi a primeira a dar tchau... Ao longo do tempo e por uma leitura de mundo atenta (Ah! Paulo Freire, te amo), coloquei para o meu psicólogo que achava que tinha TAG e procurei um psiquiátrica. Não deu outra, entrei na medicação e descobri no Ambulatório Nize da Silveira um grupo chamado loucos pela vida. O que seria isso? Um grupo de apoio para suicidas e aí eu finalizo com Setembro Amarelo: "Não me perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti!" - John Donne. Cada vida é especial, os suicidas não estão com fogo no rabo, muitas vezes não entendem quando você fala que passou pelo mesmo e deu conta, pois possivelmente eles só darão conta com terapia + medicação. Suicidas não ficam bem quando são ameaçados de mármore do inferno, mas o inferno não é quente? O inferno não está destinado aos suicidas e que me desculpem os amigos evangélicos se vierem postar assertivas de fé tresloucada, pois serão apagados! A fé não salva suicidas, a força de vontade não salva suicidas, como não salva alcoólicos, quem trata alcoolismo só o AA e suas divisões. Empatia ajuda, mas não trata. Nos meus 49 anos só conheci duas músicas que esclareciam perfeitamente o suicídio e quem fica e as duas são de Pitty: Pulsos e Lado de lá e elas não deprimem! Me ajudam no momento que me sinto suicida e só me sinto suicida, atualmente, quando a má política tira direitos essenciais! A música pulsos fala para guardar as linhas horizontais e tentar achar que é todo mal, exercitando a paciência, mas ao dizer que os pulsos são a saída de emergência, a música livra do peso de achar que é um erro o suicídio! Para o suicida o suicídio não é um erro, mas uma saída! E não sei dos outros, sei de mim que quando a dor era atroz, lá atrás, eu imaginava um outro mundo em que não doesse tanto! Mas quem vai dar o salto? Quem vai descobrir se é ou não? Kurt Cobain não voltou para contar, nem Virginía Woolf, muito menos Walter Benjamin! E a música Lado de lá, confirma a assertiva de que há dúvidas sobre o lado de lá, ao mesmo tempo em que "e levou de mim aquele talvez rir de tudo no fim", ou seja, foi brutal ao tirar da pessoa do lado de cá o convívio, o amor, mas quem está do lado da vida tem a esperança em rir de tudo no fim... Nesse Setembro Amarelo para ajudar o suicida deixe o telefone/messenger/whastsapp aberto para ele, ouça sem julgar, não minimize a dor do outro, não se compare, pois somos infinitamente diferente de outros. Não dê conselhos, só quem está habilitado a dar feedback são os profissionais de saúde mental, até os profissionais de saúde física precisam encaminhar se sentirem que o paciente pretende adiantar a viagem para o lado de lá!

Margareth Sales

sábado, 25 de abril de 2020

25 de Abril de 2020



O meu desejo que tudo isso acabe logo é o mais bizarro possível: me irrita todo esse ritual de TOC que temos que nos submeter ao evitar o vírus! Quantas vezes, a gente já não comeu naquilo que alguns chamam de podrão? Ou seja, um X-Tudo no trailler da esquina com todo poeira da rua invadindo o seu lanche? Sim, sou daquelas que sabe que, realmente, criamos anticorpos para muita coisa, porém é mais do que óbvio que o maior problema do COVID-19 não é a doença em sim, mas a velocidade exponencial com que se contrai a doença. 
Vírus e bactéria da rua ou mesmo do contato com dinheiro, que sempre foi considerado muito sujo, é mais fácil de trabalhar do que a forma exponencial com que esse vírus age.
Mudando de assunto, estou assistindo pela primeira vez House of Cards, nos primeiros quinze minutos, duvidei que o seriado ia me pegar. Entretanto, com o avançar dos episódios e vendo a maneira como o universo psicológico das pessoas é muito bem trabalhado no seriado, acabou por me interessar! A primeira cena do Frank/Francis na birosquinha de esquina que ele, sempre, frequenta, foi semioticamente, perfeita: mostra o quanto aquele homem tem espírito predador! Ou seja, estamos falando de um sociopata de carteirinha. Por desdobramento, fica a pergunta, isso em 2013 quando o seriado começou: o quanto temos de socio/psicopatia arraigado no meio político? De fato, não é nenhuma constatação surpresa, a surpresa é ver algum sem verniz ocupar o cargo! 
Dado que sendo ou não sendo um sociopata, porque são classes distintas de pessoas, não há como fugir do animal que somos e do egoísmo que nos portamos no trato, real, com o próximo. O verniz serve, exatamente, como o freio entre a barbárie e a civilização. Porque um grupo de pessoas, cansadas com o que chamam de politicamente correto resolveu deixar cair as máscaras do social? Por outro lado, acredito que na prática, só jogaram o bode expiatório ao escrutínio publico, e estão escondido atrás dos votos e quando não, escondidos por detrás da tela do computador. 
Como dito, o verniz faz toda a diferença, pois permite que o egoísmo seja contornado pela ética e a sociedade avance em projetos sociais. A exemplo, do seriado, talvez os sociopatas na política não sejam o pior dos mundos. Vivemos com eles até aqui, né? Ao mesmo tempo, que contraditoriamente, desde 2018 tenho visto apontar uma classe mais humano de políticos que estão sendo rechaçados por anos de mutreta! A ética política é a da máfia, se deu a palavra, cumpra! Quando alguém acha que a palavra não importa mais, que posso falar e desmentir mais a frente, que posso fazer o que quiser, pois não há filtros! Essa pessoa, para mim, é o psicopata mais perigoso que existe, pois não se esconde. Valida assim, não o oba-oba que estamos tão acostumados, mas a perversidade que sem freios, tão qual o vírus consegue ser exponencial e aí é apocalipse...


terça-feira, 21 de abril de 2020

21 de Abril de 2020

#emcasa #fiqueemcasa


Acredito que já tenha um mês de isolamento social, sei que para alguns já completou! Uso o termo isolamento social, pois aprendi via postagem de um conhecido, que não é quarentena, pois você não está doente! Obviamente, quem busca as informações corretas, sabe que não sabemos se estamos com vírus, pois muitos são assintomáticos. 

Anyway, como hoje é feriado, assisti um filme inédito para mim "Swallow", me atraiu pela sinopse (e não é a sinopse que nos atraí?), mas fiquei com medo: tenho predileção por doenças emocionais, sempre foi foco dos meus estudos, por isso, minha primeira graduação foi psicologia, sou empática, consigo VER as pessoas e ótima ouvinte no que diz respeito a dor do outro. Por esse motivo, para mim, ser psicóloga era um desdobramento natural. Isso começou na infância e culminou em 2003 quando iniciei a graduação, não conclui, era particular a faculdade e uma das mais caras. Em 2013 ao iniciar a Letras, percebo que percorri um caminho tão grande quando a psicanálise seria só ferramenta da escrita. De qualquer forma, não é preciso muita explicação para entender que os grandes caminhos e bifurcados compreendem uma gama de conhecimento muito maior do que a linha reta até o alvo! Como fã do conhecimento...

Voltando e tentando não divagar muito (impossível!), o filme/a sinopse: uma mulher bonita (ou seja, beleza chama a atenção junto com a sinopse - divagando... de novo) engole objetos e a família do marido surge com a ajuda para desvendar os mistérios escondidos... Me comprou, mas o tópico era medo... Porquê medo? Estamos isolados socialmente das pessoas, com ininterruptas informações diárias sobre mortes ou apontando para estas, não estou muito afim de coisas dolorosas quero filmes de sessão da tarde com crianças unindo pais ou possíveis casais! Então, o medo é de assistir algo deprimente, não foi o caso, o filme mostra a angústia da protagonista e fala sobre doença emocional de uma forma bem didática e, apresenta, um dos muitos universos de todo um globo que possivelmente vive as mesmas situações, sem contudo, manifestar os mesmos sintomas. Ou seja, abre um leque já falado no seriado Sharp Objects (gostei!).

Fazendo dobradinha de conhecimento, partir do filme para a leitura de Clarice, pois hoje tem vídeo-orientação de Mestrado, mesmo sendo feriado, foi uma escolha minha, pois odeio "tirar o pai da forca", deixar a dissertação para quando o calendário UFF voltar. Não, vamos adiantar nossa vida e aí curtir a UFF presencialmente em 2021 (na realidade, sou das que acreditam que 2020 foi finalizada com insucesso!). Divagando, novamente... Volta, Margareth: estou lendo então "Perto do coração Selvagem", as primeiras linhas já são impactantes, o que me faz pensar, novamente, caramba, essa é a minha escrita, é assim que gosto de escrever! Cheguei na Letras (2013), meio saturada dos romances, li muito mais século XIX do que qualquer outro período, naturalista ou não, aquilo tudo para mim cheira a romance, estava cansada menino encontra menina, pelo menos na literatura, a fórmula em filmes me atrai, principalmente, agora, que quero consumir relaxantes mentais. 

... Cheguei na Letras... já em 2016 em Brasileira V, tivemos que ler "A hora da Estrela", me fisgou, não a mesma sensação, mas a percepção de que aquela era minha praia, para entender que eu escrevia assim foi muita terapia, mais escrita de um diário depois de ter lido Carolina Maria de Jesus, pronto! Inaugurado estava a verdadeira forma com que escrevo!

Assim, meu terapeuta em minha telefone-sessão, me instigou a usar minhas percepções do momento isolamento social como matéria-prima para fazer algo, o quê? A função dele não é me dizer, é fomentar o movimento! Parece que assistir algo entre semana passada e essa (não lembro o quê?), a quantidade de filmes e seriados que assisto não está no gibi!!! Só tem me ficado na memória os mais impactantes! Então, algum seriado ou filme me fez lembrar que blog, originalmente, era um diário e que muitas vezes trouxe engajamento de público. Na atual conjuntura lives diárias, engajamento de público é o que as pessoas procuram. Sim, busco isso, por ser escritora, para cada escritor supõe-se um provável público leitor.

Entretanto, dado que tive a ideia na configuração de informações surgidas diariamente em minha vida, porém tenho tempo para isso? Um redondo nnnãããããoooo, como homeoffice continuo com o mesmo volume de trabalho de antes, haja vista, orientação no feriado?! Exceto a parte de ir a rua, fazer contato com cliente e remuneração zerada! Sem tempo, é quase inviável pensar em me dedicar a esse diário de isolamento social, mas ao mesmo tempo, urge a palavra! Tem sido dias de insight, de ir lá dentro daquele suposto iceberg do inconsciente freudiano. É quase uma obrigação vomitar, deglutir, publicar esses relatos, já fiz isso, duas vezes, é a minha terceira, nem imagino o que escrevi, nesses dois dias anteriores, sei que escrevi!

Sei também que, no momento, não ficarei muito preocupada com gramática, pois a perfeição do texto, pressupõe a não ser ao vivo, ou na linguagem de hoje, uma live!!! Pretendo, escrever quando a necessidade ditar, como ditou agora e vamos ver o que acontece....

terça-feira, 14 de abril de 2020

14 de abril de 2020


14 de abril de 2020

É difícil quando você começa a ter sentimentos há muito tempo extinguidos de sua vida. Não posso dizer que acordei hoje triste! O sentimento é de depressão e quanto tempo faz que esse sentimento não me assombra mais? Vinte anos? Talvez menos! De qualquer forma, um cansaço imenso e uma vontade de só dormir.

É muito difícil optar por só dormir, quase nunca deixo isso acontecer. Começo a trabalhar e o sentimento desaparece! Hoje não foi assim, e por incrível que parece veio serviço de fora. Serviço intelectual que me exaure, mas tive que abrir uma exceção. O pior é não poder cobrar 300 reais pela minha tarde toda ocupada, a exceção pressupõe saber que a pessoa não tem condições de pagar tal preço. Foram 100 páginas lidas, um resumo mental do assunto e nada disso fez correr o desgaste emocional. Ao contrário, piorou! Isso tudo não me assusta, pois em pouco tempo me recupero e me sinto feliz novamente, só por estar dentro da minha pele, dentro do meu espaço. Me sinto o Sheldon Cooper em romance Ad Eternum com o conhecimento, acrescento, no meu caso: romance eterno com a criatividade! Na leitura das 100 páginas dei uma cochilada, me sinto cansada, quero dormir, principalmente, quero me dar o direito de dormir cedo em uma terça-feira, pois é sempre tanto trabalho, afazeres, uma vida que não existe mais e imagino esse momento de isolamento social como um momento de: “Pare” Agora”! Bem música de Roberto Carlos.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

13 de abril de 2020


Diário de Isolamento social

Chamo sempre de futuro o que estamos vivendo. Na virada do milênio, já havia os celulares, torpedos, chats, nada como a grande profusão de tecnologia vivida nos dias de hoje. E ela veio em um bom momento, momento este que as pessoas se isolam para evitar uma pandemia mortalmente mundial.
Tudo isso tem gerado estresses, angústias e medos, O maior medo das pessoas se encontra em torno do vil metal. Existe, uma pressão social de um lado para que todos retornem ao trabalho (o que gerará um caos social de dimensões épicas) e a outra metade que com todas as dificuldades (hormônios, professores chatos) fizeram bem suas etapas escolares e até galgando graduações e continuando no meio acadêmico. Essas últimas pessoas por meio de dados percebem que o contágio é sério e entendem, matematicamente o que é exponencial e, por isso decidiram ficar em casa!
Entretanto, não tem sido fácil para ninguém: privar o ser humano de liberdade deixa a todos muito suscetíveis e com vários gatilhos emocionais negados por uma constante saída para trabalhar. Ao mesmo tempo, que, também não é terrivelmente assustador, pois para a maior parte das famílias há o contato com aquele núcleo familiar e, outros, burlando a determinação aumentam o número de pessoas dentro de uma casa para além do núcleo familiar e nesse sentido não só o cachorro do primo participa, mas até a galinha da tia passa a morar junto formando uma verdadeira aglomeração familiar, caso proibidíssimo pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Esta mesmo, comunista que trancou as pessoas em casas, que levam outras com uma pretensa desobediência civil declarar que por não ser obrigado a nada e como a Constituição garante o direito de ir e vir. Então, esse cidadão pode, tranquilamente, zanzar pela cidade com sua skol. O que nenhuma guarda municipal soube explicar é que o direito, ainda, existe, é inviolável, porém em estado de exceção guardas e fiscais de posturas tem si autoridade, acima da lei máxima para mandar para casa... Naninha, Netflix e, talvez a Skol, mas em casa!
Vive-se então uma situação aterradora e atroz no confortinho da maioria das casas bem equipadas com diversão. Nossos avós almejariam muito passar por uma segundo guerra mundial maratonando Netflix.

Margareth Sales

quinta-feira, 19 de março de 2020

O planeta Gagu

Durante muito tempo existiu um planeta chamado Gagu. Era habitado por vários tipos de flores: violetas, jasmins, petúnias, rosas...
Certo dia, os temíveis Gagurinhos tomaram conta de todo o planeta, promovendo o abandonado e... a sujeira. As flores muito tristes, deixaram seu planeta à procura de uma vida melhor.
Porém havia uma linda florzinha que não pôde deixar o planeta: Vivi, uma violeta muito meiga. Nossa amiguinha não pode deixar o planeta porque só tinha uma folha! A folha no planeta Gagu representa o meio de transporte que só funciona com duas folhas.
Vocês estão curiosos para saber porquê Vivi só tinha uma folha? Pois bem, vou contar-lhes o que aconteceu: quando todas as flores foram embora, um gagurinho ficou vigiando, pois o temível gagurão, rei dos gagurinhos, disse que elas poderiam deixar o planeta, mas não era permitido levar nada, nem um alfinite!
O vigia cumpriu as ordens ao pé da letra, revistava  todas as flores. Porém na hora de revistar Vivi, a achou tão linda que, sem ela perceber, tirou-lhe uma folha, assim não poderia sair e ele a veria todos os dias.
Portanto, nossa querida flor não pôde deixar o planeta, ficando muito triste e resoluta não saiu mais de casa, Desse modo, o vigia não viu mais a linda flor. Em consequênica, ele resolveu visitá-la para saber o que havia acontecido?
Vivi contou-lhe que estava triste porque todos os seus amigos partiram e o planeta que amava tanto, estava, completamente, sujo!
- Se você quiser, posso ser o seu amigo! - Falou o vigia.
- Não posso ser sua amiga, você que colaborou para que o meu planeta ficasse sujo!
O gagurinho viu que ela estava com a razão e tomou a atitude de mudar a situação: reuniu amigos, aqueles não gostavam tanto de sujeira. Também, chamou as flores de volta, para que em conjunto, limpassem o planeta.
Resultado? O vigia conquistou a amizade da flor,  também, devolvendo-lhe sua folha. E o planeta voltou a ser como antes: limpo e feliz!

Margareth Sales