sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aula Prática


Once upon a time ou Era uma vez, eu, que fui professora do estado entre 1994 e 1995, concursada e pedi exoneração. Vixi! Fiz uma coisa muito “errada”?!?! Nada!!! Foi uma das decisões mais sábias da minha vida, não sou vocacionada para Educação Infantil e Séries Iniciais. Minha vocação é EJA ou 2o grau, então não me arrependo, mas sempre soube que era uma educadora, em fuga desesperada!

Crazy eu! Sabia que se fizesse Pedagógico poderia sofrer uma crise desesperada de amor para com a profissão! E aqui estou eu, apaixonadérrima, pelas adolescentes que faço Estágio e pela educação, e como Abril começou resaltando escola em um nível trágico, eu fecho o mês falando de paixão e amor pela educação. Para isso, fui até o túnel do tempo e retirei de lá, uma das muitas aulas que para mim faziam com que a dor de não está no lugar certo fosse amenizada (o lugar certo é com jovens, adolescentes e adultos). Segue a aula na íntegra, podem se aproveitar da deixa, futuros educadores e copiar a minha aula, eu deixo!

13/06/1994 - Especial dos namorados

8:45 Café

9:05 Poema: Soneto de 4a feira de cinzas.

9:50 Interpretação, dar ênfase a nossa literatura.

10:35 Recreio.

10:55 Nós somos a editora de uma revista. Dividir funções: redator, diagramador, arte final, revisor, desenhista, modista etc.

11:40 Livre.

12:25 à 14:10 Educação Física.

14:55 Recreio

15:15 Assunto da revista: namoro; moda casais; comportamento - assunto de interesse deles: beijo, o tipo de garota (o) que você gosta; carta para a psicóloga - conselho, como ele (a) mostra que gosta de você, como ser um bom amigo, como terminar sem magoar o outro, as 10 coisas que você não gostaria que seu namorado dissesse, como arrumar um namorado; se fazer notar; pergunta: Príncipe existe? Entre outros...

16:00 Continua a oficina de montagem da revista.

16:45 Jantar.

Bem, vocês já viram que meu blog é um “samba de criolo doido” ou afrodescendente doido? Mas tenho em minha defesa que o blog é sobre conhecimento científico e outras crônicas. Na realidade, é tudo o que faz sentido, tanto artística, espiritualmente quanto cientificamente. E Maio tem mais... That’s all folks!
Margareth Sales

Falando um pouco sobre conceito global na educação


O texto a seguir foi feito para a participação em um Seminário da minha Universidade, editei e resolvi reproduzí-lo aqui.

Dentro de mim se encontra um dualismo, não deixo de ficar impactada com a “fúria” dos que acham que a educação está falida, não há mais jeito. Por vezes chego até me apropriar desse discurso como se fosse meu. Mas sou levada a refletir e a adotar outra postura e acreditando que a escola é um local onde pessoas são impactadas.

Vou adotar minha posição crítica-construtiva aqui (beirando um pouco o mordaz). Sério que os moldes da educação atualmente causa angústia? Estranheza com o que não é estranho? Segundo alguns a escola virou ambiente de paquera sem limites e como não segue os moldes da época da ditadura fere os princípios da educação de qualidade? Sinceramente... Não vejo isso! Eu adoro a escola, inclusive a pública, vejo um local de vidas que querem ser tocadas, mexidas, mudadas, pessoas que querem ser sinceras, profundas e mudar a realidade. Por que se privilegiar a rigidez, a rigidez advinda da ditadura? A escola não deve ser rígida, o conhecimento não é rígido... Mesmo que uns não queiram Piaget e Vigotski sabiam o que falavam quando diziam que o conhecimento aconteceria no momento do aluno. Exemplo? Depois de 3 anos dentro de pré-vestibular, só agora em CN2 que pude apreender como a fotossíntese ocorria, incluindo componentes químicos. Acho que a escola é o espaço da maquiagem, dos fones de ouvido e dos celulares e olha quem tentou impedir que a escola fosse esse espaço bonito como meninas vivas, com vontade de serem: o Wellington Menezes de Oliveira. Essa criança desviada, estava morta, observe, era “certinha”, disseram na reportagem: “bom aluno”. Qual o espelho disso? Qual o diagnóstico? Se Wellington namorasse mais... Usasse fone de ouvido, mas respeitasse a aula, a professora, creio que esse seria não bom aluno, mas aluno!

Recortando... Porque o autor da chacina era bom aluno? Por causa do modelo de aprovação do conceito global, ele era bom aluno porque estava dentro da escola pública, numa particular que privilegia o modelo fordista não alcançaria bons resultados. Lembrando dos pessimistas e sendo bem contumaz: o ensino da escola pública é definitivamente de PÉSSIMA qualidade, como diz nas redes sociais: #prontofalei.

Não é avaliação global forçada por quem não é educador para subir notas escolares que colocará a educação no nível que ela merece: qualidade. O problema da escola como um todo, não é os tons destoantes da pintura, não é a turma do fundo, não é o acesso a tecnologia que deixa o aluno dentro da escola e fora dela. Quanto ao aluno referencial de Foucault domesticado por meio do próprio corpo, esse aluno estava em marte, muito mais longe do que olhar o celular e conferir a nova twittada.

Para mim, a educação só não ocorre, por um simples viés, os professores não são leitores... E claro, não posso esquecer e tenho que acrescentar, professor é profissional, profissão requer remuneração, se não ganhar bem, não há como se fazer educação de qualidade. Leitura e valorização profissional, simples assim.

A educação espelha as políticas públicas nacionais, o descaso para com os oprimidos. Todos eles, onde quer que se encontrem. Quem são os profissionais engajados? Os que lêem, sejam ditadores: obriguem a ler!

De qualquer forma, não me sinto mais uma voz solitária na multidão, mas ainda que fosse, permaneceria em minha crença. Então, ampliando e jogando a pitadinha de sal para modificar as muitas vozes que dizem o mesmo, tenho a acrescentar alguns pontos.

Um dos pontos de confronto daqueles que acham que as mudanças escolares são diabolicamente malévolas, diz respeito a informalidade. E é essa “informalidade” que é tão criticada digo: sou contra a imposição de uniforme, acho que estilo, moda é vital e não é porque estamos em formação (crianças e adolescentes) que não temos visão estética da moda. Então, o problema da escola não se encontra na informalidade e no uniforme para resolvê-lo, mas 41 alunos? Isso só tende a gerar outros assassinos, não há professor que consiga enxergar 41 pessoas ao mesmo tempo. Então, minha crítica não é para a escola, é para o governo que em função da obrigatoriedade do Ensino Fundamental sobrecarrega uma turma. Solução? Mais professores. Como se consegue? Valorização de cargos e carreiras.

Outro ponto positivo, alunos precisam ler quadrinhos, sempre, se possível levar mesmo para a escola. Alunos tem orkut e podemos descobrir quem eles são, para além da escolas ao ler sua páginas nas redes sociais, aqueles que fazem uma reflexão bastante madura de si mesma no perfil da rede social, o que significa? Produtores de texto, lê o mundo, a realidade, infere e não é isso que queremos de um aluno? Aluno tem que ser fã de mangá, ler imagens também é leitura e também é conhecimento, pessoalmente, nunca vi um leitor do Maurício de Souza ser mal sucedido dentro da escola.

Com relação ao conceito global, tema do tópico: não sou contra o conceito global, acredito que ele possa avaliar de verdade, mas é o conselho de classe que precisa mudar. Como? Se meu aluno tirou 1 em Física preciso junto ao professor de Física conversar se isso é porque o aluno realmente não está aprendendo, vem para a escola “comer merenda” ou se é uma deficiência passível de superação e que não trará nada de positivo retendo esse determinado aluno. O que eu quero dizer é que confio na psicologia, se Vigotski e Piaget dizem que o conhecimento vem no momento do aluno e se minhas hipóteses empíricas comprovam isso, não posso fazer frente ao que acredito. Como Pedagoga (100% em 2012, primeiro semestre) tenho que me apropriar daquilo que apreendi, se fizer sentido, claro. Então, faz sentido para mim que inteligência está além de conhecimentos sistemáticos, que aprendizagem está ligada a leitura de mundo e também a proficiência na leitura. O conceito global não me faz aprovar um aluno que não saiba ler sua língua materna, faz? Porque se faz, e não faz, não tenho como defender, mas se conceito global é isso que o nome explica, saber se o aluno aprendeu, saber fazer, saber ser, saber buscar conhecimento, então sou a favor do conceito global.
 Margareth Sales

terça-feira, 26 de abril de 2011

O preço do trabalho


Atribuir tempo e dedicação a um propósito é trabalho e esse pressupõe remuneração. Qual é, então, o verdadeiro preço do trabalho? Primeiro, devo dizer que o trabalho precisa ocupar um determinado número de horas em sua vida, não todas as horas! Aquele que ocupa todas as horas de sua vida dedidando-se ao trabalho é workaholic e para esses há tratamento específico.

Então, o trabalho deve ocorrer o tempo necessário para que nos sintamos produtivos e fornecer recursos suficientes para desenvolver qualquer outra área em nossas vidas. Isso quer dizer, que o preço que eu cobro pelo meu trabalho não é só o equivalente aos custo do material, despesas para fazer o trabalho e meu lucro. Mas trabalho é isso tudo mais a margem de lucro suficiente para que eu possa, ter um ambiente saudável dentro de casa, os bens humanos construídos socialmente, equilibrando capitalismo, necessidade real de determinado bem e dinheiro para diversão além do espaço de minha casa e do meu espaço laboral.

Utópico? Parece, mas sei que a partir do momento que você valoriza o seu trabalho suficientemente, ele vai ser procurado de forma que precisem te pagar como você sabe que merece receber.  O tempo que você ocupa dedicando-se a um projeto pedido por outra pessoa em troca de dinheiro deve ser pago.

Trabalho também pressupõe ambiente saudável e equilibrado, tanto emocionalmente quanto fisicamente. Isto quer dizer que seu corpo deve estar suficiente confortável no ambiente de trabalho. Um ponto a ser ressaltado, aqueles que de uma forma ou de outra não pagam pelo seu trabalho é porque não acreditam nele, mesmo que digam o contrário e usem toda a manipulação “puxa-saco” tão presente em nossa sociedade. 

Por isso, não importa se em determinado momento você não conseguiu dar conta de um trabalho ou este não saiu perfeito como deveria. Sabemos que como seres humanos somos passíveis de erros, descontar de seus ganhos por um erro é o mesmo que dizer que seu trabalho nunca foi de confiança. Isso pressupõe que todo trabalho deve ser pago, obviamente, se determinado trabalhador comete erros consecutivos é claro que este é o profissional que não se deseja. Mas se o profissional demonstra excelência e por algum motivo cometeu o erro citado, deverá continuar sendo pago da mesma forma que seria pago por ter acertado o trabalho.

Um outro problema muito sério na relação trabalhador e aquele que paga pelo fruto de seu trabalho é falsear a importância que você como trabalhador possui. Muitas vezes, para aquele que paga você não tem valor nenhum e ele só finge lhe atribuir esse, bem para perceber isso é só observar como ele se comporta ao contratar o seu trabalho: caça você nos finais de semana? Nos feriados? Telefone em horário fora do comercial? Se você errou o trabalho ele quer o acerto em tempo inviável? E fechando... Não paga pelo trabalho depois de entregue? Então, não trabalhe nunca mais, para esse cliente... Bom trabalho!
Margareth Sales

Um lugar melhor





É da natureza humana buscar-se um lugar melhor, um convivívio com a natureza, com algum lugar antigo significativo dentro de nossa memória. Não importa, a questão aqui é a busca por algo que não se tem para algo que se deseja. Há um princípio psicológico envolvido, ou vivemos sempre desejando algo que passou ou suspirando por algo que não foi vivido ainda. Uma coisa ou outra por vezes é um eterno viver sem saber o porquê ou procurando sentido em algo que não se possui para justificar a vontade de não amadurecer.

Não viemos para passar pela vida simplesmente sem saber para quê, acredito que se estamos aqui há uma missão implícita nesse viver. E sei que uns vão abraçar essa missão e outros vão culpar, apontar, se ressentir e não tomar atitudes, o que pressupõe uma vida medíocre e sem sentido. 

Aquele que passa pela vida sem saber o porquê deveria ser o verdadeiro “loser”, de acordo com a semântica dos seriados e filmes americanos. O que eu quero dizer é que não se é perdedor porque não se tem a família perfeita, porque alguns “resolveram” colocar na Páscoa o seu nome no Judas. O conceito de perdedor se encontra mais no fato, de viver sem saber porquê e, em consequência, cobrar do outro que faça a sua vida ter sentido para você mesmo.
 
Essas pessoas que buscam sentido na vida dos outros, podem ser chamados de parasitas e possuem comportamentos identificáveis, são crianças crescidas, lembrando que como não são mais crianças, não são bonitinhas também como elas. São pessoas que arrumam confusão e esperam que você a tire dela, riem quando são confrontadas, no fundo, achando muito bonitinho o comportamento. Não se importam, se magoam, se fazem sofrer, se aumentam a pressão arterial da família o importante é botar o circo na estrada e dar o seu show. Outras dessas pessoas são aquelas que tiveram filhos somente porque acharam que o filho iria suprir o amor que nunca lhe dedicaram e passam a vida assim, manipulando, cobrando, exigindo daqueles à quem nunca ofereceram amor de verdade. Como se amor fosse comprado com manipulações, pena sim, pode-se ter isso com a manipulação, amor é gratuito, sempre. 

Um lugar melhor é se você se encontra no exemplo citado anteriormente, dê a volta por cima, se recicle e tome atitudes. Se for vítima dos tais, construa o mais rápido possível um caminho longe desses, mesmo que talvez eles sejam da família, tanto faz, quem não faz bem ao outro, precisa ter seu próprio tempo no lugar que escolheu: sozinho!
 
Pode acreditar o lugar melhor é longe, bem longe de qualquer sanguessuga emocional. É reconhecer onde você está e saber para onde você caminha, é ter liberdade para amar, deixar-se ser amado e escolher não ficar perto de quem não possui amor para oferecer
Margareth Sales

segunda-feira, 28 de março de 2011

A admiração e aversão sobre o conceito de inteligência

Semana passada tivemos um evento com uma figura proeminente, um evento bobo, diga-se de passagem. Mas que rende manchetes sensacionalistas na mídia: “A queda de fulano”. O que me levou a escrever esse artigo não foi a queda, no caso de uma cadeira com pé solto, mas a fúria contra a inteligência humana.

Como classificar inteligência e o que é? Pelo dicionário Aurélio (2004, p.1116) a inteligência é: “1.Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade”. E sua classificação, até hoje é feita por meio de testes de inteligência.

É preciso ressaltar que a inteligência não cabe na forma como é classificada, atualmente. E também a definição do Aurélio é apenas uma forma de ver, a inteligência é muito mais do que isso. A inteligência é muito mais a capacidade de adaptação e solução de questões cotidiana do que qualquer outra coisa. Hoje, a ciência acredita na inteligência de golfinhos e macacos, a questão levantada é se animais são considerados inteligentes porque um ser humano, com uma capacidade superior de aquisição cognitiva pode ser considerado burro? Há um erro conceitual nessa premissa, com certeza, ficando claro que o ser humano comporta em seu desenvolvimento mental, a inteligência.

Mas porque então, o senso comum acusa pessoas de burra? É natural do senso comum dividir para conquistar; não usando o conceito estrategicamente e o resultado deles é a inveja e o preconceito. Assim, admira-se a inteligência, mas tenta destituir quem a possui, sendo-lhe aversa, excluindo do convívio. Em contrapartida, também se exclui os que são taxados de burros. É fácil observar a guerra velada contra a inteligência, geralmente, com acusações de que os supostos inteligentes são soberbos e excludentes. Mas foram aqueles que se vêem numa posição inferior que excluiu os que primam pelo conhecimento. As situações sociais são: escárnios quando alguém com conhecimento fala, o dizer-se cansado porque a pessoa falou demais e dizer que a pessoa é chata.

Vou ser bem assertiva aqui e me apropriar do livro de Reich, essas pessoas que tem aversão ao conhecimento, acham a leitura cansativa e pessoas inteligentes chatas, são o Zé-Ninguém com comportamentos bem identificáveis (2001, p.1,2,10 e 11 ): “valoriza seus inimigos e mata seus amigos”, “transformam crianças vivas e saudáveis em inválidos, em aleijados e idiotas morais”, “Você tem medo de olhar para si mesmo, zé-ninguém, tem medo das críticas [...]”, “Esconde sua insignificância e estreiteza por trás de ilusões de força e grandeza, da força e da grandeza de alguma outra pessoa”, “Quanto menos entender alguma coisa, mais firme é sua crença nela. E, quanto melhor entende uma idéia, menos acreditara nela”.

Então, o Zé-Ninguém vê uma figura global cair de uma cadeira e associa com a queda de uma carreira inteira. Isso é querer, realmente, derrubar o outro para se sentir melhor. Tanto faz se a figura eminente é notoriamente soberba, você não será amigo dela! Deixe que os outros sejam o que são e aproprie-se do melhor... O melhor dessa pessoa é a inteligência, o confronto que faz em seu programa, com defeitos ou qualidades, mas que pressupõe atitude crítica. O que não se pode é como seres sociais privilegiarmos a mediocridade, não é formar blocos: os inteligentes e os burrinhos, mas buscar conhecimento, onde esse esteja para lutar por uma sociedade mais justa. Deixarmos de ser Zé-Ninguém e adotar o que somos: inteligentes, que conseguimos ao juntar várias varas alcançar um alimento, os gorilas são inteligentes, mas não conseguem fazer isso.

Inteligência sim é o meu apelo, chega de aversão a ela. Admire-a, namore-a, se canse lendo, se canse discutindo, sem brigar, só trocando ideias. Para Gardner (1995, p.21) a inteligência é: “capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”. Então, use a inteligência para criar, chega de se sentir “burrinho”, chega de achar que os inteligentes são soberbos! Busque conhecimento, divirta-se nessa busca, estude, leia, páre de ser um Zé-Ninguém e sufocar ideias grandes e generosas. Principalmente, aprenda sempre, o conhecimento é gratuito, se encontra ao nosso redor, aproprie-se dele, seja inteligente!

REFERÊNCIA

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3 ed. Curitiba: Positivo, 2004.

GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.

REICH, Wilhem. Escute, Zé-Ninguém. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Margareth Sales

terça-feira, 22 de março de 2011

O Porquinho Inteligente


Seguindo a linha de Produção Textual e que não há idade para tal. Apresento meu primeiro texto publicado, em 1983, quando eu tinha 13 anos. Ganhei um concurso no Instituto de Educação Clélia Nanci.

Era uma vez um porquinho, sim um porquinho, muito inteligente que sabia fazer tudo, e todos gostavam muito dele.

Quando necessitavam de fazer alguma conta, escrever alguma coisa, sempre o chamavam, porque era o único que sabia escrever, contar e fazer tudo. Mas lá mesmo, no reino da Bicholândia existia um homem muito ruim que era burro e queria roubar a memória do porquinho, mas nunca tinha tentado. Ele precisava de um plano muito bom para roubar a memória do porquinho. Então ele pensou, pensou e pensou. Ele sabia que o porquinho era muito bom e era só raptar uma pessoa para pedir como resgate a memória dele. E foi assim que ele fez. Raptou a bela princesa Gatolina e pediu como resgate a memória do porquinho. 

Ele, no mesmo momento, foi falar com o bruxo e perguntou: 

- Por que você quer minha memória? 

E ele respondeu:
 
- Para fazer muitas maldades. Com sua memória, num instante eu penso em um plano e faço muitas maldades. Ah! ah! ah! ah! ah!
 
O porquinho, pensando num plano disse:
 
- Eu te darei a minha memória amanhã às 10 horas no Castelo e você terá que levar a princesa Gatolina.
 
- Sim, eu concordo - disse ele.
 
E no dia seginte, às 10 horas lá estava ele com a princesa, e o porquinho havia chegado naquele exato momento e disse:
 
- Solte a princesa que eu lhe darei a minha memória.
 
Ele imediatamente soltou-a e, naquela mesma hora, o porquinho gritou:
 
- Guardas prendam esse homem!
 
E o bandido foi preso. A princesa como gratidão por aquele ato heróico, casou-se com o porquinho inteligente e viveram felizes para sempre.
Fim
Margareth Sales

sábado, 12 de março de 2011

Tornar-se responsável

Tal qual o autor do pequeno príncipe: “Tu te tornas, eternamente, responsável por aquilo que cativas”. Essa responsabilidade é ser adulto com seus desejos e escolhas. Se o meu desejo causa confronto e estranhamento sobre o desejo do outro, preciso repensar porque responsável e gostando ou amando essa outra pessoa, você não gostaria de vê-la subjugada, não é? Um exemplo: sou casado e minha melhor amiga passou a me encantar, motivos? O cansaço da rotina sobrepondo alguém novo, bonito e interessante... Não são motivos válidos para investir nessa pessoa, porque por mais moderna que talvez ela seja, ela procura sobriedade, um relacionamento maduro no qual ela possa construir. Mas você tem uma carta extra na manga: o mar não está para peixe, nesse sentido, as oportunidades de construção de relacionamentos estão meio escassas para sua amiga e... só sobra VOCÊ! Cuidado, se você é responsável pelo afeto-amizade dedicado a você não venha mexer nesse terreno arenoso.
 
É preciso ter cuidado para não se matar destinos, como no exemplo citado acima, a amiga está solteira, sem possibilidades imediatas de um relacionamento sério. Essa pessoa pode ser presa nas mãos de um homem casado, mesmo que não seja por maldade nem por canalice, você tem um casamento sólido e misturar uma terceira pessoa nessa química, para matar o tédio da rotina, necessariamente pode ser a morte emocional de sua amiga que poderá a contra-gosto e por achar-se sem opção, se envolver. Não mate futuros promissores por um simples capricho de quem escolheu estar casado.

Ser responsável é, então, não roubar a paz da pessoa que você cativou. E não roubar a paz é não usar de artifícios para não deixá-la ir quando ela quer ir. Porém, pessoas só tornam-se responsáveis quando já amadureceram, falta de amadurecimento emocional sempre foi premissa para irresponsabilidade. A comprovação disso são os estudos de Piaget, ao associar o senso de justiça e a criança. O que ele diz? Bem, para o autor para se fazer justiça é necessário avaliar, pesar e interpretar a situação. A criança então não amadureceu no sentido da justiça, confundindo-a com a lei e a autoridade, isso só significa uma coisa: qualquer pessoa munida de lei ou autoridade é cegamente obedecida pela criança.

Não somos mais crianças, sabemos que qualquer circunstância   por mais inusitada que pareça precisa passar pelo crivo do adulto responsável. Ou seja, eu preciso avaliar se meus intentos poderiam matar o futuro de alguém, suas perspectivas ou meu próprio futuro. Pesar na balança se o que desejo roubará minha paz ou a da outra pessoa, porque não de todo uma comunidade?
 
Por último, tenho que interpretar se minhas intenções mais profundas irão em último caso destruir ou construir. Mas quando se trata de destruição ou construção necessito interpretar para além do senso comum. Nesse caso, entender que muitas vezes a construção só acontece depois de uma destruição em massa. Exemplo? O universo formou-se do caos, assim, privilegia-se uma desconstrução que assemelha-se a destruição, qual seria a diferença? A minha integridade, essa não poderá ser tocada.
 
Nesse sentido, se opto por fazer algo mais profundo, mas forte do que a sociedade consegue suportar, o crivo então seria a responsabilidade comigo mesmo. Enfrentarei oposições? Sim, mas me sinto coerente e madura com a escolha tomada, me sinto bem, apesar do caos, do torvelinho que me sobrevêm.
 
Concluindo, tornar-se responsável é então a diferenciação entre fazer o que uma suposta lei dada, imposta quer e seu desejo. Sim, posso como adulto escolher levar minha vida para onde quero a contramão das imposições sociais. Mas se sou adulto mesmo, meu diferencial é que sou responsável por mim, pelo outro que poderei estar envolvendo. Nisso, fica uma lei maior, a de que não poderei só porque desejo passar por cima dos desejos do outro. Preciso concatenar desejos, descobrir se estão na mesma sintonia que eu, se o meu desejo vai de encontro ao desejo do outro e se, maduramente, posso trabalhar com a oposição da maioria. O quanto me sinto em paz com isso, relaxado. 

Então, se descubro que entre duas situações a melhor para mim e para o outro também, é o confronto com o que é imposto, preciso ser honesta comigo mesma e enfrentar. Nesse caso, torno-me responsável pelas minhas escolhas e aceito os desafios resultantes.
Margareth Sales