domingo, 30 de outubro de 2011

A professora maluquinha nos dias de hoje


Acabei de chegar do cinema e fui assistir uma professora maluquinha e sempre me encanto muito que essa história do Ziraldo. Isso me faz refletir sobre o lugar da professora nos dias de hoje, não pretendo aqui reescrever Ziraldo, nem poderia, a professora maluquinha do olhar do autor está imortalizada e nada pode tirar-lhe o seu lugar. Mas para longe da imortalidade quero descrever a mortalidade dessa figura que teve um lugar especial no imaginário desse grande e criativo senhor por algum motivo. Qual seria esse? O papel de professora de uma época que não mais existe, uma época ingênua. É, a figura da professora que pretendo falar aqui se perdeu, pois o local da escola nos dias de hoje já se fala muito e sabe-se qual é: o de falida! De qualquer forma o filme também não retrata isso. Infelizmente até no imaginário popular sabe-se que a escola se encontra muito aquém do que deveria ser e, por esse motivo, podemos dizer que muitas vezes estaria falida mesmo.

Não deixo de me debulhar em lágrimas ao ler e agora ao ver a professora maluquinha e porque isso acontece? Porque especialmente para mim ser professora, ou educadora conforme prefiro chamar na reta final da minha graduação, para mim é a profissão mais linda. E a educadora de Ziraldo faz jus à profissão, demonstrando todo o afinco, amor e dedicação. Como dizia Vinícius de Moraes “onde anda você?” Onde anda essa professora que só por ter prazer em conhecimer não priva seus alunos das melhores roupas e do melhor sapato. Isso porque compreendeu que ser professora é estar linda para que seus alunos possam se espelhar e para sua própria autoestima. Sim faz parte de ser uma professora gostar de ser e estar bonita. Professor é referencial, ele é olhado e, como tal, precisa estar bem vestido.

A visão austera tanto na roupa quanto nas metodologias não tornam professores mais espertos ou mais proficientes na profissão. A liberdade, o se ter certeza que a aprendizagem acontecerá. Para uns mais cedo, para outros mais tarde. Que professora era essa do passado que tinha o respeito e a admiração de seus alunos? E o principal, a professora maluquinha era uma professora que lia e mais do que isso... Incentivava fortemente a que todos lessem, demonstrando a importância e o prazer da leitura.

Sim eu ouço de professores contra o lúdico no espaço educativo, é preciso entender duas coisas: professor que explora a ludicidade não é sinônimo de aula excelente e nem professor bom, mas a segunda coisa é: como um professor consegue repetir a mesma coisa quase 365 dias em um ano? O espaço lúdico não seria, exatamente, esse espaço para fugir da mesmice, do lugar comum? Claro, há personalidades que não suportam as mudanças, mas também por esse viés deveria haver uma revisão pessoal, pois as mudanças virão.

Não eram aquelas aulas esquematizadas em 25 anos de Magistério, não eram aulas que seguiam uma cartilha, mas eram aulas sobre o todo. Aulas sobre a realidade, sobre o que ocorria em suas próprias vidas, aulas que eram inventadas e reinventadas porque não havia o risco de perder o fio da meada, mas o conhecimento era o carro chefe, a base da aula, e qualquer coisa cheirava a conhecimento.

Há um mau entendido também com relação a função de ser professora, alguns ainda entendem que quanto mais séria, quanto mais mãe a professora é melhor. Muitas vezes, uma professora como a de Ziraldo seria tachada de adolescente, pelo frescor, pela curiosidade, pela esperança e confiança no conhecimento. Mas não só isso, hoje o professor ainda é visto como O professor quando diz desconhecer tudo que se refere a tecnologia. Como assim? Jogos, computador, tablets, smartphone, internet são ferramentas para a aprendizagem.

A minha conclusão do filme, de ser professora, do Ziraldo é que ele tal como eu teve uma ótima professora (eu tive várias ótimas). Então no mês do professor, no meu mês, quero dedicar esse texto a essa linda profissão que não é mais tão bem valorizada como antes, mas que não deixa de ser o que é. Porque somos aquilo que somos, mesmo que a alteridade não reconheça em nós isso.
Margareth Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário