quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pedagogia Social


Estive pensando, talvez a primeira forma de Pedagogia Social tenha acontecido com Jesus. Em Mateus 5:1-11, diz:

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

Ao escrever sobre a Educação de Jovens e Adultos, logo de cara me veio a pessoa de Jesus. Acredito que ele como grande mestre (então posso chamá-lo de pedagogo, educador), preocupou-se em educar, guiar a população, pois os via com sem rumo, precisando de orientação.

Mas a Pedagogia Social, usando a analogia da área de vendas é a cereja pobre do bolo da Pedagogia. Faz-se toda uma educação voltada para os anos iniciais, desprivilegiando assustadoramente a educação de jovens e adultos. São inúmeros textos, materiais didáticos voltados para a educação de crianças, não há essa abundância de material para práticas educativas em EJA. Então, não é importante a educação do jovem e do adulto, e se não remeto-me a Darcy Ribeiro que em 1977 escreveu, segundo Gadotti & Romão (2010, p.42):

Quem pensar um minuto que seja sobre o tema, verá que é óbvio que quem acaba com o analfabetismo adulto é a morte. Esta é a solução natural. Não se precisa matar ninguém, não se assustem! Quem mata é a própria vida, que traz em si o germe da morte. Todos sabem que a maior parte dos analfabetos está concentrada nas camadas mais velhas e mais pobres da população. Sabe-se, também que esse pessoal vive pouco, porque come pouco. Sendo assim, basta esperar alguns anos e se acaba com o analfabetismo. Mas só se acaba com a condição de que não se produzam novos analfabetos. Para tanto, tem-se que dar prioridade total, federal, à não-produção de analfabetos. Pegar, caçar (com c cedilha) todos os meninos de sete anos para matricular na escola primária, aos cuidados de professores capazes e devotados, a fim de não mais produzir analfabetos. Porém, se se escolarizasse a criançada toda, e se o sistema continuasse matando os velhinhos analfabetos com que contamos [sic], aí pelo ano 2000 não teríamos mais um só analfabeto. Percebem agora onde está o nó da questão?

A EJA compõe-se de uma classe de pessoas onde tirou-se tudo e quando algo é dado, é dado como se fosse um grande favor e não direito da pessoa humana. Assim, não é um favor escolarizar jovens e adultos é um impositivo social, a educação deve ser para todos, usar a assertiva de que se não aprenderam na idade certa, não aprendem mais, é preconceito! Não há idade certa para aprender, aprendemos a qualquer momento e em todos os momentos.

Além disso, Darcy Ribeiro, estava errado, completamente errado, estamos em 2011, quase 2012 e o analfabetismo continua assustadoramente grande. E nem todas as crianças conseguem ser alfabetizadas aos 7 anos, ainda que todas precisem estar matriculadas em uma escola. E o que acontece? Passam anos e essa criança não lê e não escreve, quando fica velha demais é jogada para o turno noturno, ainda precisando ser alfabetizada.

Isso, só significa uma única coisa: não há como correr, o ser humano, tanto faz criança, adolescente ou adulto precisa de escolarização. Para aqueles que tem vocação para as crianças, que se ensine as tais e para os que amam os jovens e adultos que tenhamos o direito de trabalhar com esses. Porque do jeito que a EJA é desprivilegiada corre-se o risco de tentarem extinguir todas as escolas para adultos. Claro, que sei que isso não irá ocorrer, pois o mercado precisa desses adultos como mão de obra e como não se aprende a ler e escrever dentro do ambiente profissional, cabe a escola essa função.

Na realidade, uma função mais do que nobre e bonita, para quem ama a EJA, para quem ama ensinar. Pois ao educador não cabe preconceitos, é preciso receber qualquer aluno como ele vier e trabalhar, amar a profissão, fazer o melhor possível para escolarizar, letrar, esse jovem e adulto. Com boa vontade e amor pela profissão, tudo se resolve, garanto!
Margareth Sales

BIBLIOGRAFIA

A Bíblia

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. (Orgs.). Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. 11 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2010.

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