domingo, 29 de novembro de 2015

Fugindo dos ogros




Capítulo 11: O afastamento

        Amanda não sabia o que estava acontecendo, não havia um término oficial, mas um afastamento. Ele avisou por whatsApp que não estaria com ela final de semana, tinha que ver Pedro. E quem era Pedro? Ele respondeu que era o orientador dele. Nesse primeiro momento, porque ele avisou e explicou, mesmo que por mensagem, ela compreendeu e ficou tranquila.
        No entanto, como em três meses eles estavam muito grudados e ao cair da tarde do Domingo que ela se deu conta que ficou os três dias do fim de semana sozinha: o desespero bateu. Mobilizou todos os amigos, novamente, e eles, sempre, solícitos vieram para uma sessão de filme no domingo à noite para o famoso “concílio”. Amanda pontuou os acontecimentos para saber de seus amigos se eles achavam que Rodrigo estava terminando o namoro? Em uníssono, responderam que não, que o que estava acontecendo era perfeitamente natural para alguém que estava tentando o doutorado. Pediram para ela lembrar o quanto foi cansativa a Especialização que ela fez, imagine um doutorado que exige muito mais leitura?
        A protagonista acalmou-se novamente e mandou uma mensagem carinhosa apoiando o namorado em sua incursão exploratória no conhecimento acadêmico. Ele respondeu com um emoticon piscando, ela gelou! Esperava que ele respondesse que estava com saudade, que pararia tudo para vê-la e que eles nunca mais se desgrudariam. Os amigos pressentiram a neura e disseram para ela acalmar, as coisas iriam se resolver.
        Terminou o Domingo sozinha, dormiu, rapidamente, depois que seus amigos foram embora. Teve vontade de ligar para Rodrigo, mas estava tentando ser menos chorona e alertada pelos amigos para segurar a onda. Começava a pressentir que, talvez, fosse as suas neuras que a fizeram nunca ter alguém real ao seu lado ao mesmo tempo que dizia para si mesmo: “Nada! Eles não gostam de você mesmo e vai perder mais este!” Se sentia como nos desenhos, de um lado o anjinho como uma voz sensata falando para se segurar e, do outro, o diabinho dizendo para bater, nesse momento, na porta de Rodrigo e pedir satistações se ele tinha terminado com ela ou não?!” Mas dormiu, era melhor assim.
        Foi trabalhar e como sempre fazia quando estava mal: usava-o para espairecer, tinha sorte em fazer algo que gostava e que ao mesmo tempo mexia com sua criatividade. Ajudava, assim, a não encanar mais do que já estava com algumas situações que vivia. Portanto, durante a semana era fácil suportar a, suposta, solidão, sua vida de trabalho era agitada e recompensadora, deixando-a a se desligar, por um tempo, de suas faltas.
        O final de semana a apavorava, mas isso já foi dito, só que agora era pior porque ela, finalmente, estava feliz e confiante e, de repente, se sente perdendo tudo, novamente.  Tentou não deixar seus pensamentos a levarem a este local, pensaria o que fazer quando chegasse o fim de semana. No momento, estava no meio da semana, olhava o celular e nenhuma mensagem do amado, nenhum oi, nada! Desviava os pensamentos, tinha mais o que fazer, não podia se prender a isso e, apesar do medo, conseguiu chegou até a sexta-feira, supostamente, sóbria.
        Entretanto, na sexta todos os seus temores vieram a tona em um medo brutal: tentava se controlar, não ia ligar, esperava pela decisão de Rodrigo, não queria cair. Mas não conseguiu resistir e ligou impositiva quando já eram umas 17 horas e perguntou se ele não iria vê-la. Ele pediu mil desculpas, mas precisava ver o Pedro urgente:
        - Pedro para lá, Pedro para cá, agora é só Pedro! Ele é sua namorada por acaso? É ele que você vai beijá-lo fim de semana?
        - Claro, o Pedro é o amor da minha vida e não posso fazer nada sem ele. Todo o meu futuro depende dele - respondeu Rodrigo secamente - Desculpa não tenho tempo para isso agora, tenho mais o que fazer, depois falo com você! - E bateu o telefone.
        Amanda ficou desnorteada pegou a bolsa e saiu sem saber para onde ia. Estava segurando o choro, pegou um táxi, não sabia o endereço que daria para o taxista e decidiu ir para a casa do ogro-mor, Paulo. Bateu desesperadamente a porta dele e ele veio atendê-la de roupão. Ela já começava a romper em choro quando percebeu que ele estava com alguém e decidiu recuar. Ele a impediu, segurando pelo braço e a abraçando. A levou para dentro e disse para ficar a vontade que a casa, continuava, sendo dela. Foi ao quarto, ela ouviu gritos e, em seguida, a desconhecida saiu bufando e sem terminar de se arrumar direito. Ele disse:
        - Pronto! Agora sou só seu! Me conte tudo?
        Amanda desabou no choro, soluçava e dizia:
        - Me apaixonei por um gay, meu namorado gosta do professor dele e, nesse momento, passa o fim de semana com o Pedro, gostosão.
        - Como assim, Amanda? Você estava namorando um gay? Já não consegue identificar macho de verdade?
        Ela chorou, ainda, mais, como não tinha percebido? Macho mesmo não fica trancado em casa estudando e, além disso, é igual ao Paulo cheio de mulher. Por isso, que Rodrigo estava sempre sozinho, era gay!
        O ogro-mor percebeu que não devia mais deixar claro a patetice da ex, precisava ir com calma, porque quem imaginaria que ela, depois de tudo, ainda bateria em sua porta em um final de semana à noite. Era muita sorte dele, precisava ir devagar porque não queria perder Amanda pela terceira vez, tinha que ter aquela mulher de volta de um jeito ou outro. E aproximou-se carinhoso dela, ela estava muito mal, chorava muito, tinha crises de falta de ar de tanto que o choro congestionava suas fossas nasais. E ele delicadamente lhe fazia carinho, estava bem próximo de dar o bote quando... o celular toca fazendo escândalo e o faz pular.
        Era o primo, queria saber onde ela estava porque tinha ido a sua casa, buscar os ingressos que ela tinha comprado para ele, na quarta-feira. Ela tinha esquecido totalmente. Ele não a achou e na hora de ir embora deu de cara com o Rodrigo descendo também, perguntou por ela, mas o jovem não sabia de seu paradeiro. Achou estranho o comportamento do namorado e resolveu ligar. Amanda responde chorando:
        - Rodrigo é gay!
        - O quê? - Espanta-se o primo - Onde você está?
        Ela conta e ele ordena-a que desça, imediatamente, iria passar lá para buscá-la.
        No entanto, antes de descer, o Ogro-mor é mais radical na investida, não iria a deixar sair dali tão fácil...
        E a finalização de toda essa história, em dezembro.
Margareth Sales

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