segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Fugindo dos ogros (para encontrar o homem ideal)



Capítulo 1: O Término!

        Ia dar 16 horas e Amanda precisava terminar com aquele projeto, pois era sexta-feira e tinha marcado com Paulo um happy hour às 18 horas. A jovem estava nessa Agência Publicitária havia dois anos. Mal terminara a faculdade e sua carreira acadêmica já a impulsionou a sair empregada. Morava com Paulo há 4 anos e se surpreendeu quando, no meio da faculdade, aquele homem lindo, desejado por todas, veio e começou a dar em cima dela. Não resistiu. Em pouco tempo já moravam juntos.
        A protagonista tinha aquele dom inerente para publicidade, lia as imagens do mundo para criar uma chamada perfeita. Porém, naquela sexta-feira, estava travada não conseguia ter ideia nenhuma. Na realidade, os finais de semana a deixavam assim, doida para meter o pé.
        Quando deu 17h30min a ideia surgiu e ela ficou muito ansiosa, pois tinha poucos minutos para criar. Mesmo assim, fez com maestria, era excelente profissional, não seguia aquele lugar comum de que as coisas fluíram quando estava sobre pressão. Na realidade, trabalhava bem melhor com folga do que com prazo esgotado. A sexta-feira era a sua exceção e nunca levava trabalho para casa, tinha como lema, quase religioso, que final de semana era diversão, sem trabalho. Portanto, sabia equilibrar vida pessoal e trabalho.
        Chegou às 18h30min no bar e foi conferir se a reserva foi feita e o marido já tinha chegado. A reserva tinha sido feita, o marido não estava! Tinha o hábito de não deixar que as intempéries a abalasse. Então, sentou-se à mesa e começou a ler as notícias do dia no seu tablet e adiantou a leitura de suas revistas femininas: moda, casa e comportamento, matérias que a atraíam mais. Pediu a entrada para esperar o marido e ia se comunicando com amigos via WhatsApp e, às 20 horas, Paulo chegou:
        - Desculpa, fiquei com um cliente até tarde e, como você sabe que não gosto de ser incomodado, desliguei o celular. Esse caso é muito sério, merece toda a minha atenção.
        Amanda fez sua cara de paisagem mais complacente do mundo e não deixou que as vozes interiores viessem a fazê-la duvidar do amado. Afinal, o mercado não estava para peixe, para deixar algo tão bonito de ser ver, solto!
        Paulo com aquela impaciência e ignorância, de sempre, começou a estalar os dedos chamando o garçom:
        - Que droga, Amanda, já falei que o atendimento dessa joça é uma bosta e você insiste em marcar nossas sextas aqui. Dá para ter mais bom gosto e requinte e escolher algo melhor? Caramba, só podia ser essa sua mentalidade de baixada, não adianta, quem é Baixada nunca será Zona Sul!
        - Mas... - gaguejou - dessa vez foi você que marcou, queria economizar dinheiro.
        - Claro, né? Esse seu empreguinho medíocre que nem chega junto com as contas da casa, tudo nas minhas costas! Tenho que economizar, né? Você reclama muito. Um dia, ah! Um dia... Ainda me emputeço com isso e, aí, não tem mais volta!
        Agora seu marido gritou grosso e o garçom ouviu, enquanto ele vinha, uma bela mulher atravessou a mesa dos dois e ele quase caiu ao se contorcer para olhá-la! Dessa vez, Amanda incomodou-se e deu um tapão no ombro do marido:
        - Já tinha dito para você parar com isso e me respeitar!
        Paulo assustado, nunca viu a esposa agredí-lo fisicamente, nem mesmo de brincadeira e, profundamente, irado, respondeu:
        - Agora, sou eu que digo, se fizer isso de novo, viro a mão na cara e não tem Maria da Penha que me faça parar!
        Amanda chegou ao seu limite, foi ameaçada fisicamente, nada poderia a assustar mais e nem perdoar uma pessoa que a colocasse em risco físico. Havia traumas em sua vida... E, calmamente, ela pegou sua bolsa e saiu, para não voltar mais!
        Diante dessa decisão inesperada e da perplexidade sobre quais as atitudes tomar, em seguida, Amanda escreveu, chorando, no táxi, uma mensagem no WhatsApp e enviou aos seus amigos. Os cinco, foram buscá-la no apartamento do marido, cada um com seu próprio carro para levar tudo o que pertencia a ela. Não havia, realmente, muito o que levar, basicamente, as coisas pessoais. Paulo nunca deixou aquele espaço ser dela e comprava todos os objetos e mobílias para a casa, a decoração era dele e não da esposa como, geralmente, é de costume ocorrer.
        Podemos dizer que a jovem, definitivamente, possuía um dedo podre no que tange aos relacionamentos, de resto era uma pessoa equilibrada e ativa. Então, ela não seria burra de se desfazer do primeiro apartamento que comprou no seu primeiro ano na Agência. Aliás, comprou o apartamento em secreto, porque em secreto também sabia que aquele relacionamento já tinha durado demais. Cansava de ouvir dos amigos que merecia “coisa” melhor que aquele homem era um ogro disfarçado de gente, mas a questão é que ela não sabia ficar sozinha e, também, não sabia escolher os relacionamentos.
        No entanto, tudo isso iria mudar, os seus cinco maiores amigos colocaram as coisas no apartamento, foram ao hipermercado e trouxeram um colchão de ar e passaram a noite com ela, assistindo clássicos em sua TV, porque a TV do quarto do casal era dela, fez questão de comprar e o aparelho de DVD, mais uma vez, ela previa o futuro. Paulo reclamava o tempo todo que não tinha blu ray no quarto, mas ela não se incomodava, fincou pé e a TV e o DVD lhe pertenciam. E agora estavam em seu apartamento nunca usado e minimizando um pouco as lágrimas por alguém que não merecia o chão que ela pisava.
        Sorvete, amigos e um bom filme, essa era a receita de cura de alguém que ia a caça do seu verdadeiro amor, porque sempre acreditou em amor verdadeiro e, agora, faria acontecer! No próximo capítulo.
Margareth Sales
           

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