sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre ser romântica


Como representante da raça humana sou cobrada como qualquer um, às vezes, essa cobrança vem do trabalho, outras vezes há cobranças sociais e a pior delas é a cobrança do gênero. E essa cobrança é pior porque claro, existe uma diferenciação entre os gêneros, com certeza, mas essa não está bem delimitada ainda. Resultando, então, em pré-conceitos que definem o ser feminino e o ser masculino e é nesse sentido que entre tantas outras cobranças sou cobrada a ser romântica.

Isso pressupõe que ao gênero feminino atribui-se a obrigatoriedade do romantismo. Nada mais falacioso, ser mulher não é sinônimo de romantismo, mas para diferenciar os dois é preciso que se entenda o que seria ser romântico. Para o dicionário Aurélio uma das definições de romantismo é, “sonhador, devaneador, fantasioso e romanesco”, acredito que essa definição é a que mais se assemelha a definição estabelecida pelo senso comum.

Diante da definição posso esclarecer com certeza que o romantismo não é característica do gênero, isso porque depois de tanta cobrança posso afirmar, não sou romântica como uma das características de minha personalidade. Digo isso porque não sou sonhadora no sentido de me perder em imaginação fantasiosa, mas sou prática, meu interesse é conhecimento, ciência e não mitos.

Na realidade atitudes românticas seria uma péssima estratégia para me conquistar, pois tais atitudes causam em mim desconfiança. Por outro lado, atitudes carinhosas, essas sim, derretem facilmente meu coração. Porém, não sendo sonhadora não significa que não se sonha, claro que tanto homens quanto mulheres sonham e é preciso sonhar cada vez mais para conquistar objetivos, sonhar como forma de visualizar onde se deseja chegar, pautado na realidade, nunca na fantasia.

Por tudo isso que não adiantaria tentar ser Don Juan comigo mandando flores, muitas vezes até digo que não gosto de receber flores. É uma atitude radical reconheço, mas tenho algumas posturas radicais, de verdade, se me mandassem flores e já me mandaram, acho carinhoso e legal, mas não faz parte dos meus sonhos, não é uma coisa que deseje. Se no lugar das flores eu receber chocolate, com certeza, ficaria muito mais emocionada, feliz, sim, sou desejante de chocolate.

Não ser romântica também não pressupõe que não goste de escrever coisas bonitas, sou escritora, sou amante da apreciação do belo, onde se encontre. Por isso, para mim relacionamentos não precisam ser românticos, podem ser práticos, mas precisam estar incutidos na apreciação do belo. Para mim um excelente relacionamento deve estar envolvido em lirismo, como uma forma apaixonada, poética de se viver, onde essa poética esteja ancorada não em fantasias, mas em desejos que se realizam. Onde haja entusiasmo de se viver ao lado de alguém que é considerado especial em que haja expressão e troca de sentimentos. O que posso dizer é que ser extremamente apaixonada pela vida, pelas pessoas não é romantismo, ao romântico necessariamente pressupõe essa condição de estar um pouco fora do chão, não muito ancorado na realidade.

Concluindo, que me desculpem os românticos que não querem ser tachados de pessoas que vivem no mundo da fantasia. Mas não sou eu de verdade que estou dizendo, é a conceituação do termo e, assim, não se pode associar mulher ao romantismo, algumas são românticas, outras não. Claro, por tudo que foi escrito há que se concluir que temos atitudes românticas, mas atitudes não pressupõem toda uma personalidade, então atitudes podem ser românticas sem contudo procurar nas nuvens as respostas para as questões femininas e humanas.
Margareth Sales

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