quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre ouvir o outro

Para que um relacionamento seja saudável pressupõe um ouvir o outro. Mas o que seria de verdade ouvir o outro? Ouvir o outro não é só repetir as palavras ditas a si mesmo, sem formar um encadeamento lógico e consistente com a realidade que se diz. Então para ouvir é preciso estar atento a quem diz, quando diz e porque diz.

Nessa troca comunicativa alguém diz alguma coisa, esse alguém será que fala de si mesmo, ou seja, daquilo que acredita. Fala reportando-se a uma outra voz, por vezes acreditando ou por vezes colocando em questionamento o que reproduz para assimilar de forma que aquela fala passa a ser pessoal, não mais a fala do outro.

Quando diz pressupõe saber se o que foi dito aconteceu em um momento de calma, troca de ideias ou em um momento de conflito onde se deseja colocar para fora tudo o que se encontra sufocado. Ou mesmo no conflito não há uma intenção em desabafar, mas impor opiniões, subjugar a opinião do outro.

Mas o principal para tornar-se um bom ouvinte é descobrir porque se diz o que se diz. E isso é um exercício de maturidade, isso porque talvez nem mesmo a pessoa que diz, entende porque falou. O crivo então seria a intencionalidade, qual a intenção por trás do que está sendo dito? Reconhecendo a intenção ou perguntando porque em um primeiro momento não se percebe a intenção real é o diferencial entre ouvir o outro e apenas repetir mentalmente palavras que formam frases sem sentido. Para ouvir com produção de sentidos é necessário predisposição para se importar com aquele que enuncia a mensagem e esse é a diferença. Então, que possamos mais e mais ser ouvintes intencionalmente atentos porque nos importamos com aquele que comunica a mensagem.
Margareth Sales

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