terça-feira, 28 de junho de 2011

Ele está namorando

Então, pelo título você imagina que estou falando sobre um relacionamento que você perdeu e agora ele está namorando. Na verdade não é isso, o título foi sugestivamente colocado para dar essa impressão, porém como é notório, não escrevo senso comum, procuro sempre situações fora do padrão da normalidade para escrever. Isso porque é muito redutor fechar todo um universo em alguns grupos sociais que primam por se comportarem da forma como parece coincidir com que a norma social determina. É nesse sentido que falar sobre o que ocorre quando o seu ex consegue uma namorada e você continua sozinha, é no mínimo a situação mais analisada, banalisada e cheia de fórmulas prontas que alguém poderia escrever.

Portanto... o texto não trata do assunto discorrido acima, mas de uma situação inusitada e que não consta nos manuais “normais” de comportamento. Essa situação posso descrever como dois indivíduos que se relacionam e um só namora, o outro se encontra em um relacionamento, mas não está namorando. Para aqueles mais enquadrados na tal curva de normalidade, eles costumam rotular a pessoa de “estar ficando”, mas ficar é uma situação social muito bem delimitada e não é o assunto que estou tratando.

Vamos então levantar a diferença? Ficar não está atrelado a relacionamento, está ligado a uma situação parecida com a anterior onde dois indivíduos se encontram, conhecidos ou não e trocam beijos, abraços, carícias desdobrando ou não no ato sexual. Agora, a diferença de ficar para um relacionamento é que o relacionamento como o termo já disse, envolve: relacionar-se! Para ficar ninguém precisa relacionar-se para ter um relacionamento sim.

Para melhor entendimento voltemos a situação que deu origem ao título da crônica. Dois indivíduos se relacionam e um namora! Mas como é isso? Na realidade não é difícil entender, primeiro se nesse relacionamento um namora, o outro não, então ninguém está ficando, estão relacionando-se. Só que um lado do casal está comprometido, o outro não, e como isso ocorre na prática? Por exemplo: um dos dois chama o companheiro (a) de amor, querida, avisa tudo o que faz, não olha e não se envolve com outras pessoas. Obviamente, vemos um comportamento compromissado o que pressupõe relacionamento, claro, e também um namoro! Em contrapartida a outra parte está se relacionando e demonstra isso, por reservar momentos na sua agenda para o outro, por atuar junto ao outro de forma a dirimir problemas através do ouvir, aconselhar ou ombro. Porém, essa segunda parte do casal não usa adjetivos românticos, não dá satisfação nenhuma de seus caminhos e avisa que está aberta para novos relacionamentos.

Mas o que isso tudo quer dizer? Que aquele que namora é um “doido varrido” esperando a próxima leva para ser internado? Acredito que não, primeiro, se o que namora está ciente que faz isso sozinho (a) e que acha viável tal situação, porque enquadrar todo mundo em uma fôrma? É preciso só discernir se é de verdade uma escolha ou se um dos lados está sendo iludido ou iludindo o outro.

Nesse sentido, a maturidade pressupõe uma série de acordos vantajosos para dois adultos, independente se encontram-se dentro daquilo que se taxa como normal ou não. O crivo é pessoal, é descobrir como viver sua vida da melhor forma possível com as opções que encontram-se ao seu alcance. O que não vale é quando esse mesmo casal em foco aqui decide não namorar mais porque seu companheiro (a) também não se encontra no mesmo momento, apesar de ser quem a pessoa que namora quer namorar no momento. Do outro lado também não vale a pessoa que não está namorando abandonar seu parceiro (a) só porque esse está muito mais envolvido e, apesar de toda a diferença de sentimentos o relacionamento vai bem e tem sido bom, mesmo que não esteja selado na rocha que seja até que a morte os separe.

Relacionamentos são bons não importa se seguindo a norma social ou não. Ficar é momentâneo, faz até parte, mas relacionar-se é melhor, dá gostinho na vida, alegra. Há, mais não vale se os dois não estão comprometidos... Quem disse que não? Se os dois se relacionam com ou sem compromisso é mais um alento para a vida que é tão difícil, é uma troca que ocorre, sem data marcada: sexta, sábado e domingo, talvez quarta? Então, mesmo sem data marcada, o relacionamento ocorre, um ajuda no crescimento do outro e vão vivendo... Quem sabe um dia, os dois não estejam no mesmo momento? É só esperar para ver...
Margareth Sales

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