segunda-feira, 22 de novembro de 2010

11 de Setembro


Desde novinha, Kate sonhava em ser escritora. Fazia vários livros e desenhava... E escrevia e desenhava. Sua mãe sempre lhe opôs o sonho: “Escritor morre de fome, menina, mesmo aqui na América, o país da liberdade!”.

A menina continuava sonhando... Porque é isso o que as crianças fazem: sonham! Cresceu assim na felicidade de tentar seu dom e na negação das palavras de sua família que incessantemente deixava claro que era uma fantasia que não levaria a lugar nenhum.

No período escolar ganhava inúmeros prêmios e a atenção total dos professores que sempre a incentivaram. Muito determinada, sonhava com seu sucesso como escritora, sabia que o que escrevia modificava vidas, fazia repensar. Mesmo novinha, suas estorinhas infantis já possuíam essa característica.


Chegou a adolescência e já tinha uma coleção interminável de escritos, romances, contos, histórias infantis. Passava o tempo entre os poucos amigos que tinha e sua paixão pela leitura e escrita. Enquanto crescia sua forma de escrita também crescia porque treinava, porque praticava, porque lia para o seu aperfeiçoamento.

Não se importava muito com as coisas que os outros se importavam, então se tornou adulta, culivando sua grande paixão: a palavra escrita. No dia do seu aniversário de 25 anos terminou um grande romance, lindo! Seu professor da faculdade leu e disse que aquele romance revolucionaria a arte, a pós-modernidade. Saiu da faculdade feliz, chegou em casa sorridente. Mostrou o livro a mãe, disse tudo o que o professor lhe informou, sua mãe deu-lhe um basta! Falou que ela já estava velha para sustentar uma vagabunda de 25 anos e a filha já estava velha para ficar vivendo de fantasias.


Foi no quarto da filha, pegou todo o seu acervo, inclusive os livros da faculdade. Tudo! Tudo que era leitura, tudo que ela podia destruir, destruiu. Pegou o futuro famoso romance das mãos de Kate, a jovem não fez nada, não sabia lutar no mundo “real”, apenas no mundo da escrita. Então, atônita viu todas as suas obras no fogo, sua vida não havia terminado, porque tinha certeza que conseguiria refazer tudo, batalharia cada dia de sua vida para isso. Mas aquele dia foi o dia mais triste de sua existência, sentiu morrer o seu grande amor, só não desistiu de reconstruí-lo e recomeçaria no dia seguinte.

Só que no dia seguinte a mãe estava feliz, como nunca estivera. Kate espantou-se, depois descobriu porque. Iria começar naquele dia, 11 de Setembro de 2001, seu primeiro emprego, no World Trade Center. Seria secretária de um escritório de advocacia. Sua mãe estava feliz, via na filha a realização do seu sonho, sabia que tudo agora daria certo!


O final dessa história, não preciso contar, nós já sabemos. Mas acho que a mãe de Kate enterrou feliz a filha. Porque com seu grande amor queria o melhor e o melhor para a jovem não era ser escritora, então estava feliz porque o último dia da vida de Kate ela foi o melhor que poderia ser: secretária! E aquela tralha toda de escrita, estava destruída, nunca iria influenciar mentes inocentes a viver aquela fantasia! Ser escritora, ora, onde já se viu!
Margareth Sales

6 comentários:

  1. Hehehe... pois é, esse caso(historia) poderia ver veridico, pois muitos sonhos e crenças são destruidos por pais que só querem o melhor p/ eles em seus filhos...
    Mas cada um tem que batalhar por seus objetivos e sonhos, mesmo contrariando seus pais...

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  2. Conheci muitas pessoas como a mãe da protagonista do texto (felizmente minha mãe não é assim). Mas conheço muitas pessoas que vão contra sonhos alheios dizendo que aquilo não é o melhor pra quem sonha. Essas pessoas deviam tomar consciência de que "somente cada pessoa sabe o que é melhor para si mesmo" e deviam, no caso de não acreditar no sonho alheio, deviam pelo menos se calar e não atrapalhar aqueles que lutam para alcançar seus objetivos. Esse texto é muito bom e faz as pessoas refletirem.

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  3. Que inteligência, que criatividade essa! Maravilhoso!
    Gostei da história pelo sonho de escritor e fiquei triste de ver que uma mãe seria capaz de fazer isso! Eu me senti triste, lembrando das vítimas, da situação do 11 de Setembro, parece que é a história foi real.
    Parabéns a escritora.
    Flávia Poubel

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  4. Maga, ficou muito legal, ainda mais culminando com um fato destrutivo e verídico. Graças a Deus, minha família não fez, nem faz, isso comigo. Os sonhos são para serem sonhados individualmente e construídos mutuamente. Minha felicidade não pode ser a tristeza do outro. bjs.

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  5. Sempre existirão pessoas para te desencorajar; assim como sempre existiram pessoas que irão com você até lá! Faz parte da vida... não adianta sonhar com o mundo dos Ursinhos Carinhosos. As pessoas não são boazinhas... O interessante é evitar pessoas tóxicas e valorizar as que estão ao seu lado, mesmo com seus defeitos. E lembrar sempre: a decisão é sua!

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  6. Bem um dia ouvi uma pessoa falar que era melhor um emprego público ganhando menos do que um emprego por conta própria ganhando mais... quer saber o porquê? Pq emprego público dificilmente é despedido logo não terá preocupação em relação ao dinheiro,porém essas pessoas esquecem do que a pessoa realmente quer,o que realiza a pessoa e o que a deixa mais feliz. As pessoas devem querer e ser o que elas quiserem ....

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