sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro, de novo


Fomos assaltados novamente por acontecimentos que mudam o cenário do Rio de Janeiro e a história do mesmo. Historicamente, o Estado é palco de grandes eventos, isso quer dizer que até então não se perdeu essa característica. Hoje, especificamente, o RJ é um barril de pólvora.

De uma forma geral, na pós-modernidade de muitas vozes, vemos “pipocando” em cada canto, opiniões pessoais, baseadas no senso comum e, também, reflexões sociológicas baseadas em proposições científicas.

Nesse viés, coloca-se quem é o verdadeiro inimigo? Então, faço a minha voz juntar-se a voz de outros e perguntar? Quem é o inimigo? Talvez não exista, se baseado na definição que devemos privilegiar uma atuação histórica multiculturalista, então, todos deverão conviver harmoniosamente, será isso possível?


Se a luta no Rio é pelo domínio hegemônico da milícia, o inimigo, é então, a polícia militar. Não é uma novidade, o poder das forças armadas é antigo em nosso país e continua existindo! E, se existe uma troca de poder, das mãos do tráfico para as mãos da milícia, isso não exclui o fato de que o movimento, mesmo que desarticulado do tráfico cerceia o direito de ir e vir.


Explicando: o movimento que o tráfico faz, em pontos diversos do Rio de Janeiro, com pouquíssimas vítimas atua direto no inconsciente coletivo, ou seja, no medo que a maioria dominada tem da própria vida que sempre foi massacrada pelas elites.


Isso significa, que como maioria, é a massa que determina se irá haver ônibus ou se as pessoas irão trabalhar ou não! Como? Essa mesma massa é a que espalha o medo. Espalhando o medo a cidade pára, quando a cidade pára, quem deseja se locomover é cerceado por um grupo, grande, que não permite isso.


Então, impede-se o direito de ir e vir porque a população sente-se ameaçada pelo inimigo oculto. Além do fato de que mesmo com pouquíssimas vitimas, um só ônibus queimado faz com que os empresários do transporte segurem os ônibus. Não pelas vítimas, mas pelos ônibus. Mais uma vez, o direito de ir e vir é impedido!


Isto é: o que adianta dizer a verdade se eles (a massa) não ouvem. A mudança não é dizer, hoje, pela mídias sociais a verdade, ainda, claro que se deva dizer. Mas a mudança só vai ocorrer, quando a escola tiver acesso as verdades. Sonho, então, com o dia em que esta verdade seja dita nas escolas, para que a população saiba escolher, por enquanto, como sempre, o real está invertido!


Então, se é uma escolha de mentiras, exemplificando, se fosse isso, quem você prefere que seja o poder dominante: a ditadura ou o Collor de Mello? Peguei com o pior que tivemos para exemplicar, mas se tivesse que optar, porque não haveria outra escolha, ficaria na opção dois! Ou quem sabe um movimento para uma opção três? Mas a opção três é utopia, só virá com profundas mudanças sociais.


Então, essa falsa segurança que a polícia exibe, acaba por ser segurança verdadeira, porque não impulsiona a maioria (massa) a impedir o nosso ir e vir! Se a hegemonia vier dos militares, obviamente, eles não farão pressão queimando ônibus, não pedirão a fechada do comércio, porque dependem desses para sua própria sobrevivência.


Explicando, melhor, quando o poder dominante vem da polícia, mesmo que a contragosto, eles precisam cumprir alguns parâmetros éticos para a própria sobrevivência. Do contrário, são substituídos. Em contrapartida, quando a segurança vem do poder paralelo, não há seguranças! Nunca. Porque o poder paralelo é psicologicamente condicionado a ver o outro como nada. A partir do momento que não vejo a alteridade em sua subjetividade. No momento, em que não o sinto como parte daquilo que sou, não há limites para o que eu posso fazer com ele.


Se com a polícia dominando, vemos ônibus queimados em diversos pontos, com o tráfico dominando veríamos corpos estendidos no chão, a qualquer momento. Dependendo apenas da virada do vento, ou seja, do humor daquele que está armado até os dentes. A ação de bandidos não possui ética, talvez a ética interna. Eles sempre virão com força, só poderão ser impedidos pela mesma força com que atuam. A força deles é arma? Sim, só! O poder deles não baseia-se no discurso, não saberiam nem entender o seu próprio discurso interno. São condicionados pelo meio onde vivem e atuam, tornam-se animais, não são, que o digam os direitos humanos, mas atuam como tais e, condicionamento psicológico, dizimou milhares de judeus.


Condicionamento psicológico é perigoso, os bandidos são perigosos. Meu único grito: eles precisam ser detidos, são humanos, como disse: são! Mas estão dominados, se tornam os inimigos porque foram condicionados pelo nosso maior inimigo. Que sendo minoria só se tornam maioria pelo poder do discurso. Se tornam inimigos porque foram condicionados a não ver o outro porque são massacrados pelo poder dominante que os condicionando, os despersonificando, transforma-os em animais. Conversamos com animais, não! O diálogo perdeu-se porque não ouvem mais. Só quem pode pará-los, infelizmente, é a polícia, para retomar o poder da sociedade constituída, INFELIZMENTE!

Margareth Sales

2 comentários:

  1. Maga, o texto está bom, mas deu muitas voltas. Entendi a idéia geral, creio eu. Pela revolta com a classe dominante, os criminosos se tornaram animais que não medem esforços para se manter no controle e impor o terror. E que como animais que são, não têm a capacidade do diálogo para resolver as questões, sendo necessário a força para derrubá-los. Desta forma, passaria a polícia a assumir o controle. Mas a polícia assumir o controle não implica em uma milícia atuar na área. Uma vez que a milícia é formada por policiais corruptos e eu espero que isso não ocorra. Está difícil agora pq os bandidos tentam impor o terror para fazer a população se virar contra a polícia, mas eles conseguiram fazer o oposto. A população está tão indignada que está querendo que a polícia tome uma postura rígida e acabe logo com o problema. O cerco está se fechando contra os bandidos...
    bjs

    ResponderExcluir
  2. O inimigo agora é outro! Os bandidos que moram nos morros, em sua grande maioria, são fichinhas, que reagem sem nenhum pensamento crítico a situações diversas.Tem gente do alto escalão envolvida, esses são os verdadeiros articuladores. Um exemplo foi a invasão do complexo de favelas do Alemão: Um verdadeiro circo criado pelo governo para mostrar que estão no controle. Ocuparam o espaço, mais os traficantes não estavam mais lá, já tinham partido para algum outro lugar, parte de um possível acordo feito entre eles! Vergonhoso!

    ResponderExcluir