quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os modos da produção rocambolesca


Ai que vontade que dá


Continuando a escrever sobre a minha atual inserção na graduação de Letras, gostaria de falar sobre o que tenho estudado em Teoria Literária II e o que tenho aprendido nessas aula. A produção rocambulesca se refere a um tipo de folhetim, cujo personagem principal dá nome a esse tipo de narração, o Rocambole. O nome se refere, especificamente, ao rocambole que tal como o doce, é enrolado, portanto enrola o texto com peripécias e turbilhões emocionais.

E é o folhetim que estamos estudando nesse semestre. Tal gênero tem como característica marcante o melodrama e, por isso, foi considerado um gênero popular e pejorativo, subgênero. E, portanto, é do folhetim que surgem as novelas, chamadas hoje de folhetim eletrônico, o início do folhetim se deu através de fascículos escritos para o jornal, a história sempre era terminada com um suspense e retomada em seguida nos próximos fascículos. Essa característica prendia o leitor a compra dos jornais, procurando pelas respostas as brechas deixadas (as novelas não são assim?).

O exagero amplificador é uma das fórmulas do folhetim. No que se refere a amplificar o exagero, os temas precisam ser grandes e angustiantes: vidas em perigo; raptos; um grande e misterioso protetor desconhecido; perigos exagerados e os maldosos vilões. O texto, por vezes, acaba tornando-se confuso, pois deixa a desejar as possibilidades de desvendar os vários processos narrativos. Porém, isso também é parte da narrativa. E outro recurso nesse gênero é a pilhagem narrativa, ou seja, faz-se um recorta e cola de vários textos de renomados autores. Aumenta-se, desse modo, o delírio imaginativo da narração.

Particularmente, esse não é meu tipo de literatura, não o folhetim em si, muito menos o folhetim eletrônico. Mas seria exagero (e nesse caso, eu estaria sendo folhetinesca) chamar de subgênero. É verdade que o folhetim tem seu lugar. É verdade, que todo tipo de literatura é bem-vinda, porque cada uma delas vai se coadunar com um tipo de pessoa e se não somos iguais, subjetivamente, também não precisamos gostar das mesmas coisas ou, no caso aqui, leituras.

É a diversidade que melhora a vida, são essas diferenças que se acrescentam ao nosso modo de viver que faz da vida um lugar plural, portanto, mais gostoso. Além disso, como tudo tem o seu espaço e sua razão de ser, acaba que os modos de produção rocambolesca se desdobram e trazem um tipo de literatura que sempre achei excelente: a crônica! E ainda tenho que acrescentar, a escrita louca me chama atenção, ou seja, a escrita que brinca com a escrita, que vem, desfaz e refaz, como um rocambole, não especificamente o folhetim com o melodrama, mas a paródia, encharcada de humor!
Margareth Sales

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