domingo, 14 de abril de 2013

Identidade


O que te define? O que você é no meio de tantas vozes que tem por hábito te nomear com adjetivos que nem você mesmo sabe se é real ou fruto de algum mecanismo de transferência?

Há fases que são especificamente momento de auto-definição. Momentos de reconhecimento. Identidade é o que nos norteia, aqueles que não reconhecem sua identidade ainda vagueiam vazios pela vida. É natural que na mais tenra idade a identidade ainda esteja sendo construída através do contato com o outro, por meio dos embates que nos forjam. Mas um adulto sem identidade? Isso não é muito saudável, pois a falta dessa pressupõe ser levado atrás da multidão, tendo como fim último a supressão completa ou parcial dos próprios desejos e decisões.

A identidade nos liberta, aos nossos anseios e aos caminhos que queremos trilhar, assim não somos mais levados pela vontade de outros que muitas vezes não se coaduna com nossas verdades mais internas.

Em um sentido mais amplo a sociedade tenta impor à todos um único tipo de identidade, aquela chamada “normal”. Antes de tudo é necessário esclarecer o já incessantemente dito: NÃO EXISTE NORMALIDADE! Por outro lado, nem essa personalidade “normal” imposta é de verdade “normal”...

Haja vista que para tal “normalidade” pressupõe a ausência de angústia, um bom exemplo desse modelo de identidade pode ser resumido em uma frase que ouvi muito no carnaval: “nada me incomoda”! Como assim? Se nada incomoda essa pessoa já está há muito distante de qualquer forma de contato com o real, ou seja, essa pessoa surtou há muito tempo e vive no mundo do Faz de Conta e não percebeu ainda.

A pressão da sociedade é em não querer enxergar e te impedir de manifestar personalidade conflitante, pois isso é um reflexo bem ampliado na cara de uma sociedade que usa o slogan do “nada me incomoda” só para fugir de si mesmos. Fugindo de si mesmo voltamos ao velho círculo vicioso: a falta de identidade que só provoca vazios.

Identidade é então, saber-se portador de angústias, de altos e baixos. Saber com certeza absoluta que, sim, muitas coisas te aborrecem, mas que também você sabe enumerar e não são poucas, todas aquelas que agradam.

Concluindo, com um exemplo: ter identidade é saber que não te incomoda comer arroz requentado de uma semana, mesmo que seu amigo também reconheça em sua própria identidade que arroz requentado é intragável, cada um na sua, respeitando a escolha do outro. Identidade é ciência profunda e real de quem se é com todas as sua nuances, tanto as boas quanto as socialmente desagradáveis, mas todas são você!
Margareth Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário