terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A verdadeira face por trás da máscara da bondade


Não é novidade saber que os abusos velados são muitas vezes mais nocivos do que os que se mostram. Mas por quê? Vamos partir para o imaginário popular, o conto de fadas, para demonstrar essa verdade. Então, em nosso conto de fadas temos duas bruxas, uma delas tem cara e jeito de bruxa, amaldiçoa tudo, é má notoriamente. A outra é uma bruxa bonita, fingi-se de fada e parece tratar muito bem a princesa sob seus cuidados.

Bom, obviamente, o castigo recairá muito mais rápido sobre a primeira bruxa, porque qualquer um que ver-lhe as maldades vai tentar deter-lhe. Mas a segunda ficará impune até que a verdade velada venha à tona. E qual a probabilidade disso acontecer? Já que a verdade está velada e pretende continuar assim? Muito improvável.

Bem, é sobre essa verdade velada que quero falar, sobre a falsa bondade, acobertando um comportamento destoante e desagregador. Os que se escondem sob a máscara de bonzinhos apresentam algumas características gerais.

Como exemplo, temos o suposto bom samaritano que sabendo onde a ferida se encontra mais aberta vai lá e mete o dedo, arregaçando-a mais. Ou seja, se o seu problema é ficar gorda tal pessoa dirá: “Mas você é linda!” Não adiantou... O mal já estava feito, a palavra jogada para te derrubar já tinha balançado, destruído qualquer estrutura psíquica de auto-estima. O dano foi feito, reagrupar-se, então, consome mais energias emocionais e como se foi atingido certeiro, as energias saudáveis não foram usadas para acreditar na pressuposição de que você seja bonita, apesar de gordinha. As energias saudáveis foram todas para um mesmo foco: lhe dar forças para que você, fisicamente, não caísse ali mesmo, em frente ao seu algoz.

Na rotina básica do dia-a-dia como essa pessoa se comporta e quais poderiam ser os sinais de que toda a bondade é só uma máscara social. Então, vamos a mais exemplos: a pessoa é baixinha e com aquela linda carinha da Madre Tereza de Calcutá, diz: “Não queria te incomodar, não sou de incomodar os outros, por isso não te chamei para pegar as louças no armário alto”. Olha! Que santa bondade, né? Não incomodar o outro, claro! Exceto o fato de que para pegar a mesma louça você realmente não foi incomodado... Mas em compensação... A louça foi tirada do local mais alto da casa com a cadeira mais PERIGOSA! Claro quebrar a bacia, o fêmur, morrer não é incômodo algum comparado a grande chateação de tirar umas louças do local... Raciocínio esplendidamente, fechado na lógica... DO ABSURDO, claro!

Um outro exemplo é sempre que você faz algo bom, isso é imediatamente transformado em ruim. Na realidade, sempre, pode-se distorcer situações e transformá-las em experiências ruins. Vamos supor que essa pessoa chore e corra. O que fazer? Se resolve ir atrás dela para consolá-la você está errado porque não deu-lhe espaço. Se não foi atrás dela também estará errado porque não se importou com seus sentimentos e isso é feio, né?
O que fica notório não é o que se faz. Não há posições socialmente “aceitas” que são as que devem ser usadas para lidar com essa pessoa. Não há o que fazer... Como dito anteriormente: se você fez, está errado, se não fez também está! 

Nada que venha de você será bem aceito por aquela pessoa ou nada que venha de qualquer um, será bem aceito. Afinal de contas, ela é uma pessoa boa, o resto da humanidade, claro, não presta! E ai daqueles que tentam responder satisfatoriamente ao que essa pessoa deseja...

Isso porque toda vez que você se aprimora e tenta dar o melhor de si o referencial dela já mudou e sobe uns dois degraus quando não, mais! Entenda: não há como se agradar alguém que não quer ser agradada e não é difícil perceber quem são essas pessoas, mas reconheço para os que foram criados sob essa áurea de “eu sou o modelo de perfeição e você um reles coitado” é realmente muito difícil... A condição de indignidade que a pessoa foi moldada pelo abuso velado deixa qualquer um desprotegido dos maus que se disfarçam em bons!

Fechando o raciocínio... Não creio que se consiga viver com pessoas desse gabarito, mas elas estão aí, são nossas vizinhas, mãe de nossos amigos, talvez nossos professores e tantas outras pessoas. Se for uma pessoa distante: melhor! Tente conviver o mínimo possível e siga em frente. E para aquelas que não podemos nos afastar... Bem, vou afirmar uma coisa, podemos sempre nos colocar distante dos que nos fazem mal, esse é um dos primórdios da maturidade, se ainda não estamos afastados é porque ainda há não foi solidificado nosso amadurecimento.
Margareth Sales

3 comentários:

  1. Acho fantástico o quanto você mexe com o inconsciente coletivo... E eu mais que ninguém sei que é uma pesquisa antropológica. Afinal, quem consegue escrever com humor sarcástico e depois postar um texto altamente introspectivo como esse? Só alguém com bagagem teórica suficiente para aprofundar em temas polêmicos.
    Bom saber que você se diverte enquanto os outros sofrem! Que o seu barato é escrever e mostrar quem é quem...
    Mas eu acho que felicidade é isso mesmo, saber falar verdades e sair ilesa, porque se é feliz e inteira! Você brilhará escritora!
    Parabéns sempre!

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  2. achei um texto sofrido, de quem ja passou por situações bem desagradáveis... sabe o que eu acho? São muito produtivas essas situações!O assunto delicado, vivemos em uma sociedade com uma máscara enorme de bondade, ninguém quer ser mal. Me vi no texto, manipulando... Me fez crescer.... amei! Parabéns, vc sempre nos faz olhar as nossas relações sociais de uma forma profunda.

    Raquel

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  3. Realmente é difícil identificar quem é tão ruinzinho e tão malzinho. Eu parto do princípio de que ninguém é tão bonzinho e tão malzinho.

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