Devo admitir que
nunca me preocupei muito com o verbo. Essa história de fazer perguntas para ele
me parece muito íntimo, sempre quis é usar o verbo com tudo o que ele poderia
me oferecer. Sem me preocupar com as ações que pratica, ele tinha, somente, que
me servir.
Nunca pedi o telefone do verbo, depois
que o usava. Sempre usava o verbo sem nenhum respeito, nenhuma emoção. Para mim
o que estava contando era a diversão: EU ME DIVERTIA! Nem passava pela minha
cabeça que o verbo queria estabelecer uma comunicação comigo, que ele queria
que eu soubesse quem era o seu sujeito, qual a ação que praticava e para quem
praticava essa ação ou o que essa ação interna desdobrava.
Nunca imaginei que o verbo tinha
argumentos internos que o acompanhavam e dependendo do verbo eram um ou mais
argumentos. Quer dizer que o verbo queria se comunicar comigo e eu só queria
uma boa noite de prazer? Usar o verbo indiscriminadamente sem me preocupar com
toda sua lógica interna, só diversão, sem compromisso e sem seriedade?
É muito bom quando somos adultos o
suficiente para encarar as próprias questões: eu precisava ouvir o verbo,
entender o seu objeto, mesmo que fosse direta ou indiretamente. Não podia mais
deixar que o verbo fosse como o Latim, indecifrável para mim. Precisava
entender esse latim e passar a amar o verbo. Não poderia mais deixar o verbo
ser um objeto zero na minha vida, tinha que deixar ele me mostrar sua
inferência, tudo o que estava implicado em seu objeto.
Mesmo que em determinados momentos o
que queria falar era tão complicado que, às vezes, poderia chamar de teoria
X-Barra. Mas era mister deixá-lo apresentar seus argumentos internos.
Esse foi meu grande insight: o que me tirou do meu mundinho
abusador de verbos indefesos. Como sujeito eu precisava estabelecer uma relação
de concordância com o verbo. Apostei nesse desafio mental, a partir do momento
que perceber que o verbo tinha muita ação e reflexão para me oferecer. Alguns
abrem o verbo, eu decidi desvendar o verbo para meu crescimento pessoal!
Margareth Sales