domingo, 20 de junho de 2010

Fúria de Titãs
Homenagem a Saramago, um Titã na língua falada e escrita. O texto abaixo não é uma crônica, mas sim um conto, sabendo-se que não segue a risca a mitologia, mas que é formada pela mitologia do próprio escritor, no caso EU!


Conta-se a lenda que os deuses viviam na mais harmoniosa paz, momentos de ataraxia (N.A: Ataraxia para a filosofia é imperturbabilidade, tipo uma ausência de desejo). Mas havia um motivo para se manter esse ambiente: o medo, era ele que estava por trás de tal atitude, mas na realidade, o medo se encontra por trás das mais diversas atitudes do ser humano, mesmo que supostamente esses pareçam “deuses”.

E o maior medo desses deuses era o poder sensual de criatura tão linda, tão macia, tão menina e tão mulher: as deusas, essas o assustavam demais, então como uma cúpula, eles decidiram, pelo poder da língua oral afastar-se do poder dessa espécie tão adorável. E como as deusas se encontravam criando, se doando em favor da natureza, cuidando, elas nem perceberam quando os homens se uniram e criaram essa nova lei, quando eles saíram por ai dizendo como eles achavam que deveria ser e tornando real a palavra falada.

Assim, por muito tempo, tempo não contado, porque os deuses se encontram fora do tempo, até o momento que uma das irmãs de Diana, uma deusa, extremamente, formosa e questionadora começou a se insurgir em seus pensamentos contra todas as leis criadas pelo universo masculino. Questionando e pesquisando, Ana acabou por descobrir uma nova raça que não tinha consciência existir: a raça humana, a partir de então, a deusa começa a ausentar-se da morada dos deuses e passa a visitar incessantemente a raça humana, isso a faz angustiar-se, um sentimento novo, que lhe causava dor, mas que depois de ter passado por ele não havia mais como recuar. E esse sentimento que, por um lado, tinha essa característica angustiante, por outro lhe despertou uma força interior, um poder, que até o maior deus que ela conhecera nunca pareceu possuir.

Levou muito tempo para que ela conseguisse concatenar suas idéias, suas emoções e equilibrá-las, diante dos deuses continuava, aparentemente, sustentando a ataraxia. Mas por dentro tudo lhe dóia, tudo lhe angustiava e ela desejava algo que não saberia dizer o que era. E sem parar, pesquisava, no livro dos deuses, pesquisava na vida dos humanos, buscando algo que lhe trouxesse paz.

Aprendeu com os homens o sentido de tempo, e amaldiçôou-se por viver na eternidade, queria aquela sensação de morte, descobriu que essa sim, teria chances de ser ausência de desejos e não a supressão forçada desses. Pesquisou, então, nesse sentido: como morrer, pois não suportava mais viver desejando algo que não tinha, muito menos que não conhecia. Até que um dia, no conceito terreno, conheceu um agricultor, um homem, literalmente, da terra, nada conhecia dos deuses, conhecia da vida e não sabia ao ser apresentada a Ana que ela era uma deusa, mas intuía, como tudo em sua vida, sem ter conhecimento o suficiente para encadear idéias, vivia muito do instinto, mas do que de seu raciocínio.

Mas a deusa ao conhecer aquele ser humano acabou por o desprezar, porque dentro de seu coração, aquele ser era mais do que todos que conheceu na vida, fraco! Uma pessoa que se dizia ser o que não era, uma pessoa por demais inconsciente de si mesmo. Mas como que por um milagre, aquele ser inconsciente de si, tomou conhecimento de Ana, penetrou onde nenhum deus jamais estivera e percebeu o que a deusa desejava e sua angústia, pois como homem sabia que tinha o que ela queria e queria dar-lhe e também ter aquela mulher fabulosa e se fundir, ser parte dela e fazê-la parte dele.

Começa assim, uma perseguição implacável, onde Zumbi, o homem, decidiu tomar a deusa para si. Quando Ana percebeu o que ocorria, num surto de consciência percebeu também que, aquele homem fraco, era mais forte do que ela e tinha algo que ela não possuía e isso iria destruí-la, era o que achava, mas não o que era. O que ele possuía só iria mudá-la para sempre!

Cansada do tédio que vivia e com um montão de deuses que ela classificou como semi-deuses, ou na linguagem humana, bobos da corte, percebeu que queria ser surpreendida por algo novo e conquistada. Só que imaginava que tal como os semi-deuses, bobos da corte que conhecia, qualquer um só poderia ser alvo de pseudo-animações, nunca algo que a fizesse gozar de verdade. Foi diante dessa condição que percebeu que dentro de si havia mais que uma deusa, mas uma mulher humana, que ansiava por um homem humano, não um deus-bobo-da-corte!

Foi num surto, num pulo, numa decisão, sem decisão, que resolveu ir até Zumbi e deixá-lo chegar até ela, mesmo sem acreditar no poder do fraco humano, que nada sabia de si. Ela foi até ele e em sua frente, deixou-o aproximar-se... Ele veio sensual demais, ele estava no banho e veio enrolado em uma toalha vermelha e pela primeira vez ela despertou a consciência e viu que queria aquele homem. Mesmo com toda a falta de leitura de substância, de não possuir os livros dos deuses e desconhecido de si mesmo, ele a conhecia e ele a via! E era isso que ela queria, ser vista, era esse o seu desejo, ser vista no profundo, ele veio devagar até ela e a abraçou profundamente e ela caiu... Estrondou a casa do agricultor, os deuses se abalaram e perceberam que algo ocorreu, perceberam que alguém não estava mais entre eles, mas não sabia quem era, qual era o sexo, se era um homem ou uma mulher, mas apostaram na inquisição e sairam buscando quem ousaria tão alto. Porém, o que eles não sabiam é que o amor tem a característica de se esconder para o mundo, ninguém nunca iria saber, só os dois, o que estava acontecendo ou o que aconteceria, naquela casa!

Ela se ligou a ele, se tornando sua mulher e ele seu homem, a criação foi recriada naquele momento mágico. Novamente, uma conexão eterna tinha sido feita e isso era mais forte do que a morte e levantaria guerras, pela simples inveja de deuses em relação aos homens, buscando um desejo que está no profundo da alma de qualquer um, um desejo que todos têm, mas que nem todos conseguem satisfazê-lo.

Agora Ana era parte dos segredos de Zumbi e ele dela e assim, de olhos abertos, ela viu coisas novas e inexplicáveis e foi transportada para um novo nível de conhecimento e nessa mistura deusa-mulher estava mais forte do que nunca. Não sabia que tinha ficado mais forte para enfrentar o que vinha não só contra ela, mas contra os dois, porque os dois agora eram um só!

Foi numa tarde de verão, porque agora passava todas as suas tardes, junto ao seu amor, que viu algo que não imaginava, algo que a deixou perplexa e atônita, um outro deus havia descido e estava “ensinando” Zumbi. Seus olhos se iluminaram mais ainda... Quer dizer, então, que a falta de conhecimento que seu amor tinha era porque ele estava sendo manipulado por um discurso retrógrado e maniqueísta para não conseguir pensar por si só? Mas porque um deus iria desejar tal situação? Não entendia... Assim, escondida se pôs a averigar a realidade dos fatos.

Mas não foi dessa forma que acabou por descobrir o que estava ocorrendo de verdade. Foi um outro dia, onde o deus numa conversa com Zumbi, intuitivamente, percebeu que era ele quem estava com uma deusa e dominado pelo ciúme, pela inveja daquele ser humano que nada era, mas que foi capaz de conquistar os desejos de uma deusa, decidiu descobrir quem ela era e tomá-la para si.

Em sua investigação acabou chegando em Ana e, resolveu, tomá-la a força, porque ele podia, Zumbi, não! Ele era deus, Zumbi uma criatura insignificante que ele sempre tratava pelo diminutivo: zumbizinho para mostrar a diferença que havia entre um e outro e fingia que iria ajudá-lo a chegar ao nível de deus, mas era mentira, uma mentira dominante que só reforçava o poder que já possuiam os deuses.

Foi tentando tomá-la a força que acabou havendo uma grande batalha, uma verdadeira fúria de Titãs, dois grandes deuses lutando através do poder que só a palavra tem, para sobrejugar o outro. O que o deus-bobo-da-corte não percebia era os grandes medos que ele tinha e, escondedo-os tentava subjugar os outros pelo seu poder discursivo, o que muita das vezes conseguia, mas não ao dar de frente com uma verdadeira Titã, alguém que além do domínio da palavra, era real, não estava se falsificando, nem debaixo de falsas premissas de si mesma.

Sim, o deus tinha muito medo dessa mulher que se conhecia e que por isso, conseguia trabalhar com a palavra verdadeira e ao trabalhar com a verdade, tinha em si condições de fazer aliados. A briga foi tão voraz e por não conseguir submetê-la, intentou, então, manipular a cabeça de Zumbi, usando preceito de deuses para tornar verdadeiras suas assertivas, lêdo engano... O homem estava dominado pela formosura da mulher, por suas curvas e em suas curvas, até mesmo dos pés dela num lindo sapato, ele era mais homem e se tornava também deus.

A conclusão disso tudo, é que o deus teve que se deixar vencer, pois não poderia vencer a união da deusa com o homem. E mais do que isso, através do poder da palavra, poderia vir a tona quem esse deus era de verdade, em seu íntimo, e temendo pelo seu futuro como deus, ele teve que calar-se e deixar o casal em paz, vivendo humanamente o que estava reservado a eles viver ou o que eles poderiam viver de acordo com suas próprias escolhas, baseadas no livre arbitrio. Mas tanto faz, se uma ou outra conclusão, o que estava acontecendo ia continuar acontecendo, muito mais em função da expressão soberana da vida do que de maniqueísmos pré-existentes!

Margareth Sales

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O que você não sabe sobre os grandes desabamentos que ocorreram no Rio de Janeiro

Todo mundo já esqueceu da grande tragédia que aconteceu no Rio de Janeiro a pouco tempo atrás? Bem, a maioria esqueceu mesmo, mas nem todos, aqueles que ainda sofrem as consequências do que ocorreu não esqueceram e não esquecerão tão cedo!

Falar sobre as condições atuais da sociedade brasileira, não é novidade nenhuma para quem conhece os meus textos. Porém, novas formas de vivência, de comportamentos se apresentam ante ao meu olhar crítico. Assim, desde essa grande chuva venho observando alguns movimentos sociais diferenciados e, com isso, o desejo de compartilhar a minha visão com o meu público leitor, para tal é preciso levar em conta algumas pressuposições.

Vamos a elas: as chuvas foram de verdade um momento intensamente trágico vivido em nosso Estado, pude perceber que abalou os corações mais frios, dessa vez as pessoas puderam, realmente, se colocar no lugar do outro e isso foi feito porque não foi só o morro do Bumba que foi atingido. Isso se verifica porque a natureza não é feita da mesma substância que fomos feitos, tanto eu quanto a natureza temos por semelhança o fato de que somos seres vivos e como tal a terra é chamada de Gaia, mas mesmo assim ela não faz nenhuma distinção entre sexo, poder aquisitivo, cor ou idéia, ela é implacável e leva a todos, sem distinção.

O segundo pressuposto é o fato de que vivemos numa sociedade brasileira onde se impõe a característica de pobreza a um contigente muito grande de pessoas. E quando não se têm acesso aos bens de consumo produzido em sociedade tudo fica mais difícil, não quer dizer que é necessário agregar capitalismo selvagem em nossas vidas, mas que se saiba que é preciso adquirir sim bens de consumo que a vida fica mais difícil quando não se tem acesso a eles...

Ampliando o pressuposto anterior essas mesmas pessoas são a parte mais sofredora da sociedade, ainda que haja muito dinheiro com algumas pessoas e essas também nem sempre se encontram saltitante de alegria, com certeza é mais fácil sofrer em Paris com a enorme bagagem cultural que essa apresenta do que na Rocinha... Então, numa correlação com o todo, entre ricos e pobres, quem mais sofreu com as grandes chuvas ocorridas no estado a poucos meses atrás? É retórica, não precisamos responder...

A partir desse ponto eu começo a discorrer, em função de uma sociedade oprimida, massacrada, destituída de seus direitos mais básicos e no momento em que o ocorreu com o meu irmão do outro lado da pirâmide sócio-econômica a mesma coisa que ocorreu conosco, nesse lado (observação, não me encontro tão nesse lado assim... mas minha casa nada sofreu). O homem sentiu na pele o amor ao próximo como a si mesmo, assim ele pode se compadecer do outro de forma a se voluntariar a correr atrás de recursos para devolver um pouco de dignidade ao outro, porque a sua própria foi abalada.

Esse tipo de movimento gerou em contrapartida um outro movimento, um que não poderíamos supor, mas que na realidade faz parte de nosso referencial preconceituoso em nossa relação com alteridade. E que tipo de situação seria essa? O fato de que o preconceito que temos com o pobre, o excluído e o sem cultura veio a baila e porque será que isso ocorreu? Porque a premissa da seleção natural se fez tão forte no acontecimento dessas chuvas? Diversos ângulos podem ser analisados: o antropológico, o social, o psicológico, o espiritual, mas como só tenho espaço para uma crônica, não um livro, me deterei em alguns pontos.

Como dito anteriormente, vivemos em uma sociedade onde se o bêbado nos pára e começa a falar aquele monte de coisas sem sentido, e isso ocorre! Gela até a alma, mas é necessário observar que esses mesmos bêbados que ficamos com medo de sermos assaltados por eles, nada fazem, exceto serem muito chatos, quer dizer não são perigosos, mas a sociedade tem medo deles. Na realidade, temos medo de qualquer estranho que se nos aproxime e aí ocorre uma fato inaudito, um montão de estranhos perdem tudo o que têm, suas casas caem e eles vão para perto de nós, para nossas escolas e, num momento de grande enlevo e compaixão humana optamos por sermos voluntários para ajudar aqueles que tanto sofreram.

E aí que ocorre o embate e é desse que venho falar nessa crônica, porque apesar de não ter sido diretamente comigo, pude estar no mesmo ambiente que os desabrigados e receber todas as informações do que estava ocorrendo. Bem, me coloquei então no papel de repórter investigativa e o que eu descobri? Coisas que me gelaram os ossos muito mais do que os bêbados transeuntes que tenho encontrado ao longo de minha vida.

Colocação intensa a minha acima, né? Ai você caro leitor poderia pensar: “que exagero”, “nem se compadece dos que sofrem”. Por me compadecer é que levei muito tempo para tentar entender o que ocorreu de verdade e colocá-lo aqui, então as informações são as seguintes... Um dos grupos de desabrigados de Niterói foi para o colégio Municipal Paulo Freire, no Fonseca, nesse colégio funciona o pólo regional do CEDERJ, que é o local onde as universidades federais disponibilizaram o espaço para que estudantes da modalidade a distância realizem sua graduação.

Nesse pólo, ao ir assistir aula depois que as chuvas pararam, entrei em contato com o contigente de desabrigados por todo o prédio. Em minha visão romântica, mas bem romântica mesmo, achei legal eles reunidos a noite no pátio tocando violão, tive vontade de estar ali com eles, me mandaram ceder minha casa e trocar de lugar, como eu disse, estava numa visão muito romântica mesmo!

Ao longo do tempo que eles estiveram ali e que tivemos que ocupar o espaço fui sabendo de outras situações: ameaças para com a diretora da escola, casais sendo pégos transando no elevador, gente largando o emprego porque no abrigo tinham “tudo”, no caso, roupa, comida em horários pré-estabelecidos, casa e etc. Como havia um controle da comida, a direção da escola foi ameaçada e junto a isso a ameaça de arrombamento da cozinha onde estavam a comida para fornecer aos desabrigados. Os voluntários eram achincalhados sobre a premissa de que estavam sendo pagos para fazerem tudo pelos desabrigados... Pagos? Quem pagou, só se for o pato?!

Por isso, a escola Paulo Freire destituída de sua principal função, fornecer educação de qualidade para as séries iniciais fez um abaixo assinado onde pudessem ser removidos os desabrigados para que as aulas voltassem.

A minha pergunta: com todo esse sofrimento, toda a dor que o Rio de Janeiro passou, qual foi a lição aprendida? Para mim mais uma vez ficou nítido que é a educação que sempre leva a pior, primeiro no sentido de que tirou-se as crianças do seu lócus, depois porque colocou no lugar gente que se aculturou, que diante do imenso descaso social, o meu também, diga-se de passagem, não fornece cultura, ou seja, não modificam em nada o ambiente natural no qual se encontra, a não ser que seja para pior.

Palavras duras? Com certeza, mas com a mesma implacabilidade que a própria natureza reclamou o seu legado. Frio o texto, sim também. Mas se encontra frio para chocar, para dar o seu grito de alerta: não adianta nascer, tem que participar! Então, eu preciso me assumir como cidadão consciente e reivindicar sim a escola e não o frango da despensa que se “roubado” hoje amanhã não mais terá. Sei, obviamente, que todo esse descaso dos desabrigados com quem lhes ajudou é apenas um mecanismo de defesa, contra esses mesmos que lhe estendem a mão e lhe tiram quando podem. Mas mesmo assim não é desculpa para não desculpar, num sentido mais amplo não perdoar, a si mesmo por ter tanta raiva de um mundo opressor e injusto, ao outro por contribuir para que esse status quo continue e ao todo que parece fazer seleção natural mesmo, só os mais fortes ficam... Há que se perguntar quem de verdade são esses mais fortes?!



Margareth Sales

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sobre o dia dos namorados

Bem, tentarei escrever de uma forma diferente, sobre algo já escrito, a sedução do capitalimo, dos modismos, do siga a multidão e não seja diferente, podem te taxá-lo de maluco! O que de verdade ocorre é que sempre tem alguém dizendo o que você deve fazer, quando não, o que deve ser. Não há espaços para a reflexão pessoal, escolha pessoal. Isso está tão arraigado em nossa sociedade que criou-se uma cultura do conselho, ninguém nunca entendeu o velho ditado, que se conselho fosse bom, não se dava, vendia. E saem tascando conselhos como uma metralhadora-matraqueira e não tão bem intencionada quando poderia parecer a primeira vista. São conselhos do tipo: porque você não tem namorado ou, talvez, se já chegou a essa idade toda... Putz, não tem mais jeito para você, a velhice e a solidão te esperam na virada da esquina.

A minha primeira reflexão disso tudo se encontra relacionada a um dos mecanismos de defesas humanos mais usados em nossa sociedade, ou seja: a transferência que se encontra mascarado também pela metralhadora-matraqueira do conselho. A Transferência é então colocar na conta dos outros o que diz respeito a nós mesmos ou seja, acusamos os outros de defeitos ou mesmo comportamentos que não fazem parte do referencial dos outros, mas dos nossos. Então, o problema que impomos, que “diagnosticamos” no outro é um problema que se encontra arraigado em nosso cerne, ou em nosso inconsciente e atribuimos como advindos da alteridade, o que não se constitui em uma verdade.
Então cumpre ressaltar que os que estão tão preocupados que o seu dia dos namorados você passará na mais isolado dia de sua vida, solitário, empoeirado e com teias de aranha. Talvez quem te diga isso, na realidade, é o que se enxerga em seu interior nessa condição! Falei! Caros leitores, não se preocupem com a condição pessoal do outro, pois essa é determinante de uma escolha pessoal, isso significa que quem não comemora o dia dos namorados, na maior parte das vezes, não se importa com tal e porque, então, você se importaria? Posso responder, você se importa porque é muito mais fácil esperar que todos se enquandrem em sua condição do que supor que o que você mais desejou durante toda sua vida: ter alguém acabou se tornando um preço caro demais e, de verdade, você inveja aquele que está sozinho e sem preocupações.
Bem, a assertiva acima é apenas uma pequena visão do todo, da realidade, nem todos estão com tanta inveja assim dos solteiros, mas todos sabem de verdade que optar compartilhar a vida com o outro é complicado mesmo. Porém, faz parte do amadurecimento dividir a vida com o outro, se entregar e é isso que se configura um verdadeiro dia dos namorados, um espaço onde duas pessoas querem de verdade curtir juntas, não onde essas mesmas duas pessoas se seguram uma na outra para suprimir a falta que sentem em seu coração de si mesmos. Curtir a si mesma, seu espaço, sua casa, suas coisas quando alguns curtem um relacionamento é saudável, com certeza, tudo, realmente, tem seu tempo.
Então o que eu penso do dia dos namorados? Maravilllhhhooosssoo!!! Tanto como o Natal, Ano-Novo, Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, etc. Isso significa, se você tem amigos, família para comemorar o Natal e o Ano-Novo, amém! Se está a milhas de distância de todos, por diversas situações, porque se angustiar? Se existe um namorado para presentear com um ovão, lindo! Se não... A vida continua e muito bem! Seria lindo fazer um jantar de dia dos namorados no sábado? Claro, mas esse ano para mim não dá, primeiro porque não há namorado, depois porque tenho 4 provas para fazer, por isso, a minha preocupação não é o namorado, mas Matemática em Educação, EJA, Língua Portuguesa na Educação 2 e Teatro e Educação, o resto é fichinha...
Quando chamo algo de fichinha é porque quero esclarecer que os que não comemorarão o dia dos namorados é porque estarão comemorando diversas outras situações tão importantes ou mais importantes que. Então nada é obrigatório, ninguém é obrigado a seguir a multidão, e tem toda liberdade em se colocar em posição contrária ao caminho que todos vão.
A única coisa que é de verdade obrigatária para quem se gosta é ser feliz e isso significa escolher as próprias escolhas, decidir os próprios caminhos e não se abalar porque todos estão fazendo e eu sou o único ser miserável nesse mundo doido, que não. Isso, obviamente, é falacioso, dia dos namorados não tem fórmulas mágicas para felicidade, essa se encontra em você, quando você se encontra com você e se ama, se paquera e não admite que nada menor do que tudo o que você merece lhe tire o chão. Diante dessa convicção ganhou-se o amor, ele é meu, eu o conheço e posso mostrar a quem eu desejar!
Margareth Sales